Depressão aumenta entre adolescentes

A depressão, uma das doenças principais do século XXI, está atingindo cada vez mais crianças e adolescentes, preocupando pais, familiares e também a classe médica. Um estudo feito pelo médico psiquiatra Saint Clair Bahls, autor do livro A Depressão em Crianças e Adolescentes e o seu Tratamento (lançado em março pela Lemos Editorial), com estudantes de Curitiba entre 12 e 15 anos, mostra que 20% deles têm algum tipo de sintoma depressivo.

Segundo dados do Instituto Nacional de Saúde Ambiental dos Estados Unidos, apresentados pelo médico, estima-se que 2,5% das crianças até 11 anos possuem depressão. “A distribuição entre meninos e meninas até essa idade é bem equilibrada”, conta. O mesmo órgão fez a pesquisa com adolescentes e identificou que 8,5% deles possuem a doença. Neste caso, o sexo feminino é mais afetado: a cada duas mulheres depressivas, há um homem na mesma situação. “Os índices de depressão em crianças e adolescentes são muito preocupantes”, avalia Bahls.

Ele explica que não existe uma causa específica para a depressão, em qualquer faixa etária. “É uma reunião de diversos fatores. Apenas um elemento faz com que a predisposição seja maior: a hereditariedade. O fato de ter pais com depressão é um alto fator de risco pela condição genética”, justifica o autor. “Normalmente, a depressão se desenvolve por causa de perdas, privações, experiências de abuso e conflitos familiares”, afirma.

Os principais sintomas da pessoa com depressão são tristeza e irritabilidade que não se justificam ou persistentes, mau humor e deixar de fazer coisas boas, que trazem felicidade. As crianças apresentam ainda angústia, fobias, isolamento e sempre queixam-se de dores, mesmo quando a família as leva ao pediatra e ele não consegue achar o motivo. “Eles se sentem incapazes, diferentes e inferiores em relação às outras crianças”, aponta Bahls.

Já nos adolescentes, especificamente, aparecem também os excessos de sono e cansaço, além de ser uma fase de transição na vida do jovem, com muitas turbulências. “Somente em casos muito graves eles deixam de fazer tudo. Eles não fazem algumas atividades, normalmente aquelas que vão trazer prejuízos, como deixar de estudar”, comenta Bahls.

Na juventude, há ainda um outro motivo que está assustando os psicólogos e psiquiatras: o suicídio. Uma pesquisa realizada por Bahls, com 400 estudantes de Curitiba entre 12 e 17 anos, mostra que 30% deles pensam em se matar. Praticamente o mesmo parâmetro da Europa e Estados Unidos, que gira em torno de 25 a 30%. “Um adulto deprimido pensa muito em morte, mas não necessariamente comete suicídio. Essa questão na adolescência é muito pesada, porque estão mais vulneráveis pela situação sociocultural de que precisa ser interessante, atraente, usar roupas da moda, participar de um grupo. Sempre se coloca um alto nível de exigência para eles”, explica o autor. Ele conta que o adolescente se expressa sobre a morte nas conversas.

Orientação

A orientação do médico é procurar ajuda especializada quando detectar os sintomas. “A grande maioria dos casos não foi tratado ou sequer identificado por se confundir com sintomas de doenças físicas. Isso acontece também porque o adolescente passa muito tempo desmotivado e a família acha que ele ainda não se encontrou”, afirma Bahls. “Os pais devem sanar todas as possibilidades com os médicos sobre a parte física. Se não houver explicação ou não conseguir achar a causa, pode ser depressão. Quem vai avaliar isso é o psicólogo”, indica Bahls. Somente em alguns casos a medicação é aplicada, pois ainda não se sabe quais são os efeitos em crianças e adolescentes. O mais importante, de acordo com o psiquiatra, é abrir um canal de comunicação entre o filho e os pais para tentar acabar com a depressão.

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