Por isso, no entender do pediatra Gilberto Pascolat, desde que a mãe tenha condições de cuidar, quanto mais tarde ela deixar seu filho na creche, melhor. ?Principalmente em ambientes fechados, as crianças ficam mais suscetíveis às doenças devido a sua baixa imunidade?, comenta. Para aumentar essa imunidade, o especialista observa que a mãe deve amamentar pelo menos até os seis meses de idade, já que o único alimento que o bebê precisa receber nesse período é o leite materno. Conforme Pascolat, a introdução precoce de outros alimentos aumenta a chance de a criança ter diarréia, infecções respiratórias, em especial a pneumonia, otite média e outros tipos de alergias.
Ansiedade da separação
Segundo a pediatra Maria Clara Barbosa, com a licença-maternidade de apenas quatro meses e das pressões para que a mulher contribua com o orçamento doméstico, os aspectos psicológicos acabam influenciando a parte orgânica. Dos seis meses aos dois anos de idade, aproximadamente, a criança passa por uma fase conhecida por ?ansiedade da separação?. ?É o processo de individuação, em que ela começa a se reconhecer como pessoa e a identificar os outros?, explica a médica, salientando que, nessa fase, a criança deve ser afastada gradativamente e por pouco tempo da mãe. Segundo ela, quando entra na creche muito cedo, a criança pode ter uma ansiedade da separação mais prolongada e difícil.
Os pais, até hoje, ainda sofrem com o mito da socialização precoce, ou seja, a crença de que a criança que entra na creche cedo tenderia a ser menos mimada e mais social. Para Maria Clara, isso é uma grande bobagem. ?Mesmo uma criança maior, de um ano, um ano e meio, ainda interage pouco com os outros?, ressalta. Conforme a especialista, depois dos dois anos, a creche realmente é interessante pelos estímulos que propicia à socialização. Antes disso, enfatiza a especialista, a criança não precisa de creche, e sim da atenção de uma pessoa que cuide dela e lhe dê carinho.
Pediatras querem ampliação da licença-maternidade
Geradora de polêmicas, a extensão da licença-maternidade é defendida pela Sociedade Brasileira de Pediatria. Para alguns profissionais, o ideal é que ela fosse de dois anos, como em alguns países desenvolvidos. Excetuando-se as características e singularidades de cada uma, nessa idade, a criança está pronta para iniciar o ciclo escolar. Uma alternativa poderia ser a licença-maternidade integral até os seis meses e parcial (meio-período de trabalho) dos seis meses aos dois anos. ?Essa questão é complicada e passa por decisões políticas. Seja como for, a sociedade deve dar mais atenção ao tempo em que a mãe ou responsável fica com o bebê?, finaliza.
Escolhendo a creche ideal
– Verifique o número de pessoas que trabalham como babás (atendentes) em relação ao número de bebês.
– O bebê precisa de uma pessoa lhe dando atenção quase exclusiva.
– Procure conhecer o perfil das pessoas que vão lidar com seu bebê: veja se elas se mostram pacientes, atenciosas e se gostam de crianças.
– Examine as condições de higiene e instalações da creche.
– Lembre-se que as crianças não podem passar o dia inteiro em um ambiente fechado.
– Escolha uma creche próxima de sua casa.