Coração: Com as viroses não se brinca

O susto passado com a morte do jogador de futebol Serginho, do São Caetano, parece ter acordado as equipes médicas dos clubes de futebol sobre a importância de exames médicos freqüentes nos seus atletas. Com efeito, praticamente todas as equipes de futebol profissional priorizaram esses exames no começo da temporada deste ano. Na mesma equipe de Serginho, o atacante Fabrício Carvalho, 26 anos, teve detectado pelos médicos um problema cardíaco e foi afastado dos treinamentos.

O diagnóstico causou espanto. Os médicos que o examinaram concluíram que ele sofria de uma ?gripe? do coração. Foi o especialista Nabil Ghorayeb quem conduziu os exames do jogador. O médico explicou assim o diagnóstico: trata-se de uma gripe como outra qualquer. A literatura médica sobre o tema atesta que 7% dos problemas cardíacos em atletas de alta performance são causados por um vírus de nome coxsakie tipo B. ?O vírus agride o coração das pessoas, sobretudo daquelas que estão debilitadas fisicamente”, confirmou Ghorayeb.

Apesar de não utilizar esse termo ?gripe?, o cardiologista da Clinicor, Pedro Michellotto, defende que todo atleta com algum tipo de virose não deve participar, em hipótese alguma, de atividades físicas. ?Com a virose, a imunidade fica prejudicada e a ocorrência de complicações no organismo tem suas chances aumentadas?, assegura. Os riscos passam por dores musculares, distensões, anemias e, até mesmo, arritmias cardíacas.

Viroses devem ser levadas a sério

Com a resistência geral debilitada, esses atletas ficam expostos, no aspecto das doenças cardíacas, à miocardite, uma inflamação do miocárdio ? o músculo cardíaco, tornando-se o principal gatilho para o surgimento das arritmias. Michellotto adverte que não se deve menosprezar uma virose. Para ele, os atletas precisam ter cuidado com o excesso de treinamento. Os principais sinais são a insônia, irritabilidade, perda de peso e o comprometimento do sistema imunológico. ?A recomendação de acompanhamento médico para evitar esses quadros de debilidade com os exageros de treinamento são essenciais?, diz.

É muito comum atletas terem infecções ou outras lesões, justo antes das competições. A melhor forma de preveni-las é por meio de repouso apropriado, alimentação balanceada e um ritmo de treinamento orientado por especialistas (em geral professores de educação física ou técnicos diplomados) com uma supervisão médica. O medo de ser cortado da equipe ou mesmo a frustração de estar de fora de uma competição, leva algumas vezes os atletas a esconder essas manifestações, se arriscando a desenvolver problemas muito mais sérios no futuro.

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