Conviver com a dor não é normal

A dor é um acontecimento “normal”, mas o normal é não sentir dor. A afirmação revela um dos maiores problemas da sociedade com relação à dor. Apesar de ser comum, não é normal ter dor prolongada ou repetidamente.

Esta deve ser tratada como alerta e não apenas como um incômodo habitual. É preciso estar atento. A dor frequente, forte e sem causa lógica deve ser avaliada por médico especialista e tratada corretamente.

Com o objetivo principal de proteção, a dor atua como mecanismo de defesa do organismo. Ocorre quando as terminações nervosas existentes no local afetado conduzem o estímulo doloroso por nervos até a medula espinhal.

Depois desse caminho, o estímulo é conduzido para diversas regiões do cérebro, onde é percebido como dor e origina respostas a esse estímulo inicial. As dores musculares e de cabeça (cefaléias tensionais) são as que mais acometem os brasileiros.

Afetam 92% e 64% das pessoas, respectivamente, pelo menos alguma vez na vida, de acordo com o estudo “O mapa da dor no Brasil”. Apesar de serem mais constantes, as mudanças na rotina da sociedade fizeram surgir ou aumentar a frequência de ocorrência de novas dores como é o caso das existentes no aparelho locomotor, como a fibromialgia, além das dores de cabeça ocasionadas diretamente pelo estresse.

Analgésicos

Além disso, pesquisas mundiais revelam que a dor crônica, que pode durar meses e até anos, também têm aumentado como resultado dos novos hábitos de vida, maior longevidade, prolongamento da sobrevida de doentes com doenças fatais, mudanças no ambiente em que, descrição de novos quadros dolorosos e a aplicação de conceitos atualizados sobre a dor.

Os progressos científicos também proporcionaram benefícios para aliviar as dores que mais atrapalham a vida dos brasileiros. Os analgésicos estão cada vez mais eficazes e com ação a partir de 15 minutos.

Ainda no estudo Mapa da Dor foi apontada por 98% dos consultados, a rapidez na ação do princípio ativo é o principal motivador para a compra do medicamento. “O uso do analgésico é recomendado quando o paciente está em crise, principalmente quando ocorre traumatismo, dores de cabeça tensionais ou lombalgia”, afirma o neurocirurgião Patrick Stump, estudioso da Dor.

Dados da Associação Brasileira para Estudos da Dor (SBED) apontam que a dor afeta pelo menos 30% das pessoas em alguma etapa da sua vida.

Homens X Mulheres

Conforme o especialista, homens e mulheres sentem dor com a mesma intensidade. A diferença está no fato das mulheres expressarem mais o sofrimento.

O mito de que mulheres sentem mais dor que os homens deve acabar. Na verdade, pessoas de sexo feminino sofrem com dores mais frequentes, intensas e de duração mais longa.

Por exemplo, a dismenorreia (cólica menstrual). No entanto, essa condição não significa que os homens sintam menos dor, já que não há como medi-la por ser subjetiva e dependente de aspectos fisiológicos e emocionais.

Além disso, o estilo de vida influencia no surgimento de dores. As mulheres e seus saltos altos são responsáveis por número maior de relatos de dores nas costas e na coluna agravados devido a fatores como má postura, estresse, tensão, estilo de vida, prática inadequada de exercícios e sedentarismo. Outro problema é a artrite reumatóide que afeta três mulheres para cada homem.

Há ainda a discussão sobre o fato das mulheres responderem menos aos analgésicos. O fato é verídico, mas com ressalva, pois a informação se confirma, mas somente no c,aso dos analgésicos opióides, drogas semelhantes à morfina.

Os analgésicos, como o ibuprofeno e paracetamol, indicados para tratar dores fracas a moderadas, são recomendados para ambos os sexos e seu índice de eficácia é positivo.

Crianças

Durante muito tempo, se pensou que as queixas de dor de cabeça eram exclusivas dos adultos. No entanto, as crianças também sofrem deste mal, muitas vezes difíceis de se diagnosticar em menores de cinco anos mas, mesmo nessa idade, se a mãe for uma boa observadora, o diagnóstico pode ser feito normalmente.

Como os adultos, as crianças sofrem de todos os tipos de dores de cabeça, mas, as mais comuns, são aquelas associadas às doenças infecciosas, enxaqueca ou dor de cabeça tensional.

Há outros tipos menos comuns, que incluem dores de cabeça após o traumatismo craniano, associadas à tontura, vertigem e, raramente, tumores cerebrais. De acordo com o neurologista, João Pedro Vieira, a maior parte das cefaléias é primária, sendo a enxaqueca a mais frequente.

De acordo com alguns estudos epidemiológicos internacionais, estima-se que 5% das crianças sofram dessa patologia. “Trata-se de uma manifestação clínica que pode estar associada a várias doenças”, resume o médico. Já no período pré-escolar existe essa referência. É comum crianças em idade pré-escolar se queixarem frequentemente do distúrbio.

Combate à dor

As pessoas pensavam o seguinte quando se falava em dor: conviva com ela e talvez ela desapareça. O fato de sentir dor não significa que a pessoa tenha que sofrer o resto da vida.

Na verdade, é imperativo não sofrer – é essencial encontrar formas de remediar a dor. Ocorre que, quando se sente dor, os receptores do organismo ficam ligados – esperam a dor, por isso ela aumenta.

Quanto mais se convive com ela mais se sente. Ao contrário, se a pessoa disser ao corpo que não há nada de errado em sentir dor, não tomando nenhuma providência, reforçará a mensagem de que não há nada de errado mesmo em sentir dor.

Por isso é necessário reprogramar as fibras nervosas responsáveis pela dor e viver sem ela por algumas horas. Assim, a próxima dor que sentir não será tão forte quanto a anterior. Sem reprogramação, o risco de torná-las permanentes existe.   

As dores mais frequentes

* Dor de cabeça

* Dor nas costas e coluna

* Dor muscular

* Cólicas menstruais

* Dores em geral

* Enxaqueca

* Dores relacionadas a resfriados

* Dor/inflamação nas juntas

* Dor de dente

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