Os malefícios do tabagismo não têm fim. Isto serve não só para os fumantes, mas repercutem de forma importante em quem convive com eles.

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Dentre as doenças provocadas pelo uso do cigarro e que podem ser totalmente evitáveis estão o temido câncer de pulmão e a doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), uma sigla presente -apesar de pouco conhecida – na vida de 5,5 milhões de brasileiros, principalmente aqueles com mais de 40 anos de idade.

O pneumologista Roberto Pirajá Moritz de Araújo explica que a DPOC é uma doença progressiva e irreversível que acomete os pulmões, caracterizada pela manifestação conjunta da bronquite e do enfisema pulmonar, decorrente da inalação de substâncias tóxicas.

O cigarro é responsável direto por 90% dos casos da doença. De acordo com a psicóloga Tamara Carnevali Marussig, especialista em dependência química, na maioria dos casos, o início do consumo de cigarros ocorre na adolescência e, geralmente, os fatores que levam ao consumo são sociais.

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“Invariavelmente o uso do tabaco chega pelo exemplo dos pais ou colegas mais velhos, sofrendo, também, importante influência da mídia”, reconhece. Estima-se que 1/3 das pessoas que experimentam o fumo venham a se tornar dependentes e, desses, poucos conseguem largar o cigarro em definitivo. Conforme atesta a especialista, apenas entre 1% e 5% conseguem se manter abstinentes após uma tentativa sem um devido tratamento clínico.

Impacto matinal

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As pessoas que sofrem da doença obstrutiva têm prejudicadas as mais simples atividades diárias, entre elas, tomar banho, subir ou descer escadas e vestir-se. De acordo com um estudo feito em 2008, 82% dos pacientes com DPOC grave consideram o impacto matinal da doença como um problema, sendo que cerca de 60% deles apresentam falta de ar imediatamente após caminhar, todos os dias ou quase todos os dias.

“Esses dados indicam claramente que a DPOC tem um grande impacto na rotina matinal, tornando difíceis as atividades diárias”, confirma Tobias Welte, coordenador de um estudo internacional sobre o impacto da doença.

De acordo com os especialistas, a lesão pulmonar causada é irreversível, mas os sintomas podem ser tratados. Assim como o diabetes e a hipertensão, essa é uma doença que pode ser controlada e quanto mais cedo for feito o diagnóstico, melhor será a resposta ao tratamento.

“Estudos clínicos comprovam o benefício em longo prazo do brometo de tiotrópio -um broncodilatador de longa duração de inalação única diária”, afirma o coordenador.

O medicamento foi desenvolvido especificamente para o tratamento da DPOC, ajudando a melhorar a qualidade de vida do portador, pois aumenta a resistência aos exercícios e reduz as crises que o paciente frequentemente apresenta.

Qualidade de vida

Além de medicamentos, os especialistas também dão algumas dicas para melhorar a qualidade de vida do paciente. Os exercícios físicos melhoram a capacidade da pessoa para a realização de suas atividades.

O paciente deve passar por uma avaliação médica para conhecer o grau de capacidade respiratória. Após essa avaliação, o especialista pode determinar qual o tipo de exercício mais adequado a cada paciente.

Umas das consequências da DPOC são as internações frequentes causadas pela piora do quadro conhecida como exacerbação.

Por essa razão, a DPOC tem forte impacto econômico para o governo, uma vez que a necessidade de internações traz um altíssimo custo.

Segundo dados do Datasus, em 2008, foram realizadas mais de 128 mil internações a um custo aproximado de R$ 76 milhões. Sem contar que a doença leva a falta de resistência física, ausência no trabalho, morte prematura e custos adicionais para a família, paciente ou responsável.

Em casos mais graves, o paciente necessita receber oxigênio por meio de equipamentos. Depressão,ansiedade e falta, de esperança também são comuns em portadores da doença.

Para diagnosticar a DPOC, é necessário que o médico esteja atento aos sinais clínicos da doença, principalmente, a falta de ar progressiva que ocorre em fumantes crônicos.

A espirometria (um teste que avalia a função pulmonar) é um exame complementar para o diagnóstico. De modo geral, os pacientes procuram o médico quando a dificuldade para respirar já está interferindo em suas atividades diárias normais, mas quanto antes o diagnóstico for feito e o tratamento adequado iniciado, melhor a qualidade de vida do paciente.

Mais cuidados com os idosos

A hospitalização é um evento comum na vida dos idosos portadores de DPOC, que ficam com suas atividades limitadas e sofrem fisicamente. Isso faz com que a chegada à maturidade defina a adoção de uma série de medidas que visem manter a saúde do idoso.

Por ser progressiva, a doença pulmonar obstrutiva crônica, geralmente, se manifesta após os 40 anos e se não for diagnosticada e tratada em tempo, pode comprometer seriamente ao dia a dia do portador e até incapacitá-lo.

O pneumologista Fernando Lundgren, da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT) alerta que os pacientes acima de 60 anos que não foram diagnosticados precocemente tendem a apresentar quadros mais graves com crises e internações freqüentes.

“Em geral, os sintomas mais evidentes da DPOC na terceira idade são a tosse, o pigarro e a falta de ar”, observa. Seus sintomas são facilmente confundidos com os de outros problemas respiratórios ou com a falta de condicionamento físico devido ao avanço da idade, o que freqüentemente leva a um diagnóstico tardio.

Causas da obstrução crônica

* Tabagismo
* Exposição às substâncias químicas nocivas
* Poluição
* Produtos orgânicos no ar ou gases tóxicos
* Fumaça de lenha
* Infecções respiratórias graves na infância
* Problemas respiratórios freqüentes
* Fumo passivo