Cientista curitibano cria curativo revolucionário

Um curativo biocompatível, capaz de substituir temporariamente a pele humana e feito a partir de celulose bacteriana, deve começar a ser utilizado por médicos de todo País a partir dos próximos meses. Desenvolvido pela empresa Bionext Produtos Tecnológicos, localizada em São José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba, o produto aguarda autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para entrar definitivamente no mercado.

Segundo o pesquisador curitibano e cientista autodidata Luiz Fernando Farah, que trabalhava com plantas ornamentais e há cerca de vinte anos faz pesquisas e experimentos utilizando-se de celulose bacteriana, a espécie de bactéria utilizada na confecção do curativo é a Acetobacter xylinum, normalmente encontrada em frutas em decomposição.

“Quando encontrei referências literárias sobre bactérias produtoras de celulose, há cerca de vinte anos, não existia interesse econômico no material. Isso pela celulose ser um material encontrado em abundância no reino vegetal”, conta Luiz Fernando. “Entretanto, a vantagem da celulose bacteriana é que, após procedimentos industriais, ela adquire grande resistência mecânica, tornando-se impermeável a líquidos e permeável a gases.”

A celulose bacteriana é considerada a mais pura existente na natureza, o que abre portas para uma série de aplicações na área da Medicina, que não seriam possíveis com a utilização de celulose vegetal. O curativo desenvolvido com base no material é capaz de permanecer sobre a área lesada até que ela esteja completamente recuperada, quando acaba caindo sozinho. Assim, ao contrário dos curativos comuns, que geralmente devem ser substituídos a cada 24 horas, não precisa ser trocado.

“Como a troca não é necessária, o novo curativo gera redução de custos financeiros, mão-de-obra e tempo de trabalho. Ele pode ser utilizado em queimaduras, úlceras crônicas e feridas em pacientes diabéticos, formando uma barreira bacteriológica”, explica o pesquisador. O produto também pode ser utilizado em procedimentos das áreas de cardiologia, neurologia e odontologia.

De acordo com Luiz Fernando, o curativo foi desenvolvido dentro dos padrões para atender as exigências do mercado externo, futuramente podendo ser exportado. Entretanto, ainda não se sabe ao certo o preço pelo qual o produto vai ser comercializado dentro do País.

Outras aplicações

A Bionext também estuda a utilização da celulose bacteriana em coletes à prova de balas, espessante para iogurte, placas blindadas e papéis especiais, que podem contribuir com a preservação de documentos históricos. Para desenvolver novos produtos, a empresa mantém parcerias com pesquisadores do Instituto de Química da Universidade Estadual Paulista (Unesp), campus de Araraquara (SP), e do Instituto de Física São Carlos (IFSC), da Universidade de São Paulo (USP).

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