O sucesso do ?baixinho? Romário dentro e fora do campo é inquestionável. Fama, dinheiro e badalação marcam a trajetória do segundo jogador de futebol brasileiro a marcar mil gols. No entanto, ao ser flagrado pelo exame antidoping no jogo do Vasco da Gama contra o Palmeiras pelo campeonato brasileiro deste ano, veio à tona uma preocupação comum à maioria dos mortais: a queda de cabelo.
O travesseiro amanhecer com alguns fios de cabelo é normal, pois, dos cerca de 100 mil fios do couro cabeludo, diariamente perdemos um bom número deles. Mas, uma quantidade igual é reposta, impedindo que haja uma perda real. ?Quando há um desequilíbrio nesse sistema perfeito de revezamento, ou seja, os fios que caem não são repostos e, com um agravante, os que nascem apresentam-se mais frágeis e sujeitos a uma vida mais curta, o resultado final é a calvície?, comenta o dermatologista Jesus Rodriguez Santamaría, professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR).
Algumas mulheres podem argumentar que a calvície tem certo charme, mas poucos homens parecem se resignar, sem reclamações, à perda dos seus preciosos fios. No início, dá para disfarçar usando um boné ou mudando o penteado. Mas depois que os cabelos vão rareando nas entradas e no alto da cabeça, o homem tem duas saídas: se conformar com o novo visual ou procurar ajuda médica, afinal os tratamentos são muitos e o problema pode ter solução.
Herança genética
O exame antidoping acusou a presença de finasterida, uma substância que entra na composição de produtos que previnem a queda capilar. Geralmente, antes de procurar um transplante capilar, quem sofre de calvície e queda de cabelo procura esse tipo de tratamento. Todo esse imbróglio levanta a seguinte questão: qual o melhor tratamento indicado para calvície? Vale lembrar que a alopécia androgenética, o distúrbio que incomoda Romário e milhares de homens no Brasil, mais popularmente conhecida por calvície, pode necessitar apenas tratamento clínico, cirúrgico ou de ambos.
A calvície masculina é uma manifestação fisiológica que ocorre em indivíduos geneticamente predispostos, por isso, a herança genética é de importância vital nessa questão. ?Quando a testosterona sofre a ação de uma enzima, a 5-alfa-redutase, ela transforma-se em um hormônio responsável pelo afinamento dos cabelos e diminuição progressiva dos folículos (bulbo capilar que dá origem aos pêlos), encurtando seu ciclo de vida normal?, explica Jesus Rodriguez Santamaría.
De acordo com o médico, outras causas devem ser analisadas, entre elas, as doenças infecciosas, hormonais, dermatológicas ou decorrentes de outros tipos de tratamentos. ?Também temos que considerar a influência do estresse emocional que serve de gatilho para a alopécia?, completa.
Micro-cirurgias
O dermatologista Arthur Tykocinski, especialista em transplante capilar, explica que essas medicações têm por objetivo prevenir ou impedir a perda futura dos cabelos remanescentes, tentando evitar a necessidade de restaurações capilares mais a frente. ?A finasterida é o princípio ativo do tratamento e age bloqueando essa enzima?, esclarece, salientando que o medicamento deve ser usado nos estágios iniciais da calvície, ativando a circulação do folículo, retardando o processo de queda e estimulando o crescimento dos pêlos.
Os graus intermediários e avançados da calvície podem ser tratados cirurgicamente. Com os avanços obtidos com as novas técnicas, o velho dissabor conhecido como ?cabelo de boneca? ficou no passado. ?Hoje, as cirurgias conseguem um resultado cada vez mais natural, visivelmente imperceptível, e são feitas com muito mais com segurança?, garante Tykocinski. O dermatologista, que vai presidir o Congresso Internacional de Transplante Capilar, em Las Vegas, nos Estados Unidos, adverte que não se deve se iludir com operações rápidas, que não se preocupam com detalhes. ?É uma cirurgia demorada, mas, sem dúvida, muito rápida para resgatar a auto-estima ameaçada?, completa.
Sem comprovação
Ao lado das medicações de ação anti-hormonal existem outras de ação local e ainda não bem compreendidas. “Medicações de uso tópico são sempre mais trabalhosas e possivelmente têm mais chances de provocar irritação, mas a vantagem é que quase não há efeitos colaterais sistêmicos”, acredita o dermatologista Arthur Tykocinski. Além desses medicamentos, existem outros, cuja ação e eficácia ainda não são muito bem estabelecidas, como fitoterápicos, loções e xampus.
O uso da finasterida, eventualmente, pode diminuir o apetite sexual (libido), mas isso ocorre em menos de 2% dos casos e é totalmente reversível com a suspensão da medicação. Acredita-se que pacientes na faixa dos 40 em diante podem ter uma incidência maior. Existe ainda um fator psicológico importante e muitos pacientes podem ficar induzidos a pensar nisso. Em geral os sintomas desaparecem com o uso continuado.


