Uma pesquisa conduzida por uma biomédica brasileira de apenas 23 anos pode ajudar pessoas internadas com doenças pulmonares. Segundo a tese de mestrado de Juliana Monte Real, do Hospital A.C. Camargo, em São Paulo, a ventilação mecânica pode ser mais perigosa para esses pacientes do que se imagina. Ventilação mecânica é a técnica de respiração artificial que envia oxigênio para os pulmões por pressão.

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Juliana percebeu que um organismo já afetado por inflamação aguda no pulmão, causada por câncer, pneumonia ou dengue, por exemplo, é mais suscetível a lesões provocadas pelo procedimento. É como jogar gasolina em uma fagulha: uma etapa do processo de cura pode ser tão perigosa quanto a doença.

O motivo é a ação de uma proteína, a PTX3 (pentraxina 3), presente em níveis altos nos processos inflamatórios agudos. Ela é produzida por células do tecido pulmonar como uma reação à doença. E, segundo o estudo de Juliana, também aparece quando as mesmas células são expostas ao stress provocado pela ventilação mecânica. ?O simples fato de esticar as células já deflagra sua produção.? É justamente isso que faz o procedimento: esticar e encolher forçosamente o pulmão quando o ar é empurrado para dentro. Essa é a principal abordagem usada quando o paciente apresenta insuficiência respiratória, até que possa reassumir a função sozinho.

Só que, embora indispensável, o procedimento pode piorar a lesão que já existia no pulmão. Tanto que há protocolos de segurança que levam em conta a elastância – a capacidade de elasticidade do pulmão do paciente – para protegê-lo de lesões que podem surgir. Acontece que os protocolos são padronizados, enquanto as pessoas respondem de forma diferente a eles. A biomédica espera portanto que um exame de detecção da PTX3 ajude a nortear o trabalho dos médicos no futuro. Por enquanto, o trabalho foi feito apenas com modelos animais.

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