Não há medicamentos específicos para o tratamento de dependência química, como a do álcool ou da cocaína, por exemplo, mas existem remédios capazes de diminuir a compulsão pelo uso de determinadas drogas. O que atualmente existe são substâncias que ajudam no controle de manifestações secundárias apresentadas pelas drogas ou, mesmo, para o tratamento das chamadas comorbidades, patologias psiquiátricas que podem estar presentes no usuário, determinando, às vezes, o estabelecimento do abuso das drogas ou o desencadear de patologias.
Quanto ao tratamento, antes de tudo, deve-se fazer o diagnóstico do grau do envolvimento e sintomas. O tratamento do dependente químico não pode ser substituto da droga. O objetivo é uma intervenção rápida, precisa e eficiente, visando devolver a pessoa à sociedade no menor tempo possível com o máximo de eficácia, ou seja, torná-lo abstinente. Hoje, a psiquiatria e medicina entendem melhor os mecanismos de aparecimentos de sintomas. Dispõe-se de técnicas de prevenção da recaída, que pode ser feita pela própria pessoa. Em relação à recuperação, os alcoólicos anônimos dizem que ela não tem um tempo e, sim, um dia.
A recuperação é feita um dia de cada vez. A cada dia, o ser humano decide que não fará uso de álcool, vai manter abstinência. O índice de recuperação de dependentes químicos é de 33%, aproximadamente. No momento em que existe apoio da família e a pessoa aceita a ajuda, melhora a probabilidade de manter a abstinência.
Ao completar um ano de funcionamento, celebrado dia 6 de julho último, o Centro de Atenção às Drogas do Paraná, gerido pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná, está presenteando a sociedade com a primeira turma de especialistas na área das dependências. Isto significa que mais de cem profissionais, treinados e formados por renomados especialistas, se somarão àqueles que, de alguma maneira, já vêm trabalhando neste campo no Brasil. Da mesma forma, iniciam-se as ações que dotarão o Hospital Psiquiátrico Nossa Senhora da Luz, que integra a Aliança da PUC, de um moderno Centro de Assistência ao Dependente Químico. Em regime de internação de curta permanência, usa as mais modernas técnicas de intervenção, contribuindo para a recuperação de pessoas, devolvendo-lhes sua capacidade produtiva e o seu convívio sadio na comunidade.
A baixa de rendimento escolar, indisciplina, ausências na sala de aula e desrespeito às ordens são indicadores que merecem atenção especial. Podem, precocemente, acender o sinal de perigo e propiciar a abordagem com a conseqüente tomada de previdências para ajudar, efetivamente, o educando. Pânico, desespero, ameaças e, principalmente, pacto com os jovens destroem qualquer possibilidade de ação preventiva eficaz. Por outro lado, atitudes positivas, francas, posturas assertivas, claras, com ações decididas e coerentes restabelecem a confiança mútua e abrem o caminho para a superação de dificuldades.
Dagoberto Hungria Requião
é professor, médico, diretor do Centro de Atenção às Drogas do Paraná e diretor do Hospital Psiquiátrico Nossa Senhora da Luz-Pontificia Universidade Católica do Paraná.