Atenção com o “mal dos berçários”

O alerta veio de uma maternidade de Campinas (SP) onde uma criança morreu e 15 foram infectadas por um vírus que é conhecido como vírus sincicial respiratório (VSR) e provoca problemas respiratórios, que podem ser graves, principalmente em crianças recém-nascidas e fragilizadas.

Tosse seca, peito chiando e respiração acelerada: estes são os principais sintomas da bronquiolite, uma infecção respiratória aguda causada freqüentemente por este vírus.

A doença, também conhecida como “mal dos berçários”, se manifesta, com frequência, durante a temporada que vai do começo do outono até o final do inverno. Estima-se que o VSR seja responsável por cerca de 70% das internações de crianças menores de dois anos de idade, com sintomas de doenças respiratórias.

Segundo a pediatra Ana Paula Acciolly, a infecção por esse vírus causa problemas principalmente em crianças lactentes, de baixo peso ou institucionalizadas. Ela explica que o seu diagnóstico é restrito, podendo ser confundido com outros agentes causadores de doenças respiratórias.

Os quadros mais graves, conforme a pesquisadora, ocorrem principalmente em bebês prematuros, crianças com asma e portadores de doenças pulmonares e cardíacas.

“Por ser um vírus sazonal, terminada a temporada de inverno, o risco de adquirir a doença praticamente se finda, voltando a incomodar no outono seguinte”, garante.

Tratamento de suporte

De acordo com os médicos, inicialmente, a infecção é semelhante a uma gripe, com febre, coriza, tosse e espirros. Depois de alguns dias, a criança começa a apresentar tosse acentuada, cansativa, respiração acelerada e falta de ar.

Como afeta com mais intensidade crianças abaixo de um ano de idade, os médicos salientam que esses incômodos chegam a dificultar as mamadas. “É, principalmente, nessa situação que os pais devem se preocupar e buscar atendimento médico especializado”, enfatiza Ana Acciolly.

Não existe tratamento medicamentoso específico de uso rotineiro para infecção por VSR. Habitualmente é realizado o tratamento de suporte, como manter a criança hidratada, remover as secreções e ministrar oxigênio, para melhorar a respiração.

A doença acomete a população indistintamente, porém os mais atingidos são mesmo as crianças com menos de dois anos de idade (a maioria dos casos ocorre entre três e seis meses). Já em adultos e crianças maiores, conforme os especialistas, ela costuma ser mais leve, não passando de um quadro semelhante a uma gripe fraca.

Dados não oficiais apontam que cerca de 80% das crianças internadas nas pediatrias dos hospitais têm problemas respiratórios. Em Curitiba, a médica Heloisa Giamberardino, do Hospital Pequeno Príncipe, acredita que os números atinjam esse índice. “Muitas vezes, a criança chega com algum tipo de infecção no trato respiratório, é medicada e recebe alta sem entrar para as estatísticas da doença”, reconhece.

Evitando o risco

* Evitar aglomerações
* Lavar as mãos com freqüência e sempre antes de pegar o bebê (o vírus permanece vivo nas mãos por mais de uma hora)
* Cuidar ao manusear objetos do bebê
* Evitar contato de bebês com crianças mais velhas e adultos com sinais de resfriado ou gripe
* Evitar contato com fumantes e com ambientes poluídos
* Manter bem alimentada e oferecer bastante líquido à criança

Vacina

A transmissão do vírus se dá de pessoa para pessoa, por meio do contato das secreções contaminadas. O doente, ao levar sua mão à boca, nariz ou olhos, contamina suas mãos e, ao tocar em outras pessoas pode espalhar a doença. A pessoa sadia também pode se infectar ao respirar num ambiente onde um doente, ao tossir, falar ou espirrar deixe gotículas contaminadas (com o vírus) dispersas no ar.

A única medida profilática disponível é a apl,icação de uma vacina (só ministrada em hospitais ou em clínicas de imunização) que tem ação neutralizante e inibitória do VSR.

A primeira dose deve ser ministrada no início da estação do vírus e deve ser repetida nos meses seguintes até o final da estação. No ano seguinte, se ainda houver indicação, a profilaxia deve ser repetida.