Anticoncepcionais: como fazer a escolha certa?

Diante da grande variedade de contraceptivos disponíveis no mercado, usuárias devem evitar a indicação do balconista da farmácia, sob o risco de sofrer danos à saúde além de aumentar as chances de ter uma gravidez não planejada

É consenso entre médicos e farmacêuticos a recomendação sobre evitar a automedicação na hora da escolha de um contraceptivo. Na prática, porém, muitas mulheres recorrem à indicação da pílula anticoncepcional usada por suas amigas ou daquela que o balconista da farmácia diz ser "ótima", pensando que assim conseguirá os efeitos positivos propagados por eles, sem sofrer maiores conseqüências. Especialistas alertam que o uso de um contraceptivo não indicado pelo médico pode trazer prejuízos à saúde, ao bolso e pode não fazer efeito, o que pode dar origem a uma gravidez não planejada.

"Devido à grande variedade de tipos e dosagens de hormônios disponíveis no mercado, para cada mulher, deve-se indicar uma pílula específica", afirma o Dr. Rogério Bonassi Machado, médico ginecologista e chefe do Departamento de Tocoginecologia da Faculdade de Medicina de Jundiaí. Segundo ele, as adolescentes, por exemplo, se adaptam melhor aos contraceptivos de baixa dose, pois têm alta eficácia com poucos efeitos colaterais. Mas não se pode generalizar. "Se a menina é obesa, um contraceptivo de baixa dose pode não funcionar, pois a obesidade diminui a eficácia desses medicamentos", diz o médico.

O contraceptivo de emergência (conhecido popularmente como pílula do dia seguinte) é também alvo constante da indicação não especializada. "Para fazer efeito, o contraceptivo de emergência deve ser consumido em até 72 horas após a relação sexual. Por ter que tomar essa decisão em um curto espaço de tempo, a maioria das mulheres não consultam o médico, vão direto à farmácia e compram a marca indicada pelo balconista ou a mais barata", informa o Dr. Rogério Bonassi. Segundo ele, a consumidora precisa estar bem informada sobre esse método contraceptivo antes de comprá-lo, pois ele contém uma alta dose de hormônios, o que pode gerar alguns efeitos colaterais.

O presidente do Conselho Federal de Farmácia, que representa a classe dos farmacêuticos no País, Dr. Jaldo de Souza Santos, afirma que é radicalmente contra a automedicação irresponsável, sem orientação adequada. Anticoncepcionais (qualquer tipo) só devem ser receitados por médicos, pois é medicação hormonal. Segundo ele, o farmacêutico não indica a pílula. "Quem costuma indicar é o balconista, pois está mais interessado na venda do que na saúde da consumidora", afirma.

Alguns laboratórios farmacêuticos oferecem bonificações para os balconistas a cada produto vendido. Por esta razão, muitas vezes eles induzem a consumidora a trocar a medicação da receita, porém, nem sempre o medicamento por eles é necessariamente a melhor opção.

O Dr. Rogério Bonassi explica que é necessário observar vários aspectos da paciente para fazer a escolha ideal do contraceptivo, como coagulação sanguínea, padrão menstrual, peso, taxa de colesterol e oleosidade da pele. Ele lembra ainda que os contraceptivos orais são contra-indicados para fumantes com mais de 35 anos e pacientes com câncer. "É indispensável a consulta ao ginecologista, pois os hormônios podem interferir nos hábitos e condições de saúde das mulheres. A variedade pode conferir às mulheres benefícios sob medida que vão além da contracepção, como a diminuição da tensão pré-menstrual, das cólicas, e até o tratamento da endometriose, com a interrupção da menstruação," diz o médico.

Laboratórios sérios, no entanto, trabalham o outro lado do balcão, ou seja, se preocupam em orientar as consumidoras a procurar o médico para melhor escolher o método contraceptivo. A Libbs Farmacêutica mantém um site na internet (www.sabermulher.com.br) com informações sobre a saúde da mulher, onde as usuárias podem tirar dúvidas sobre os mais variados assuntos, entre eles a contracepção. Mas sempre alertando que as informações contidas no site têm caráter informativo e não devem ser utilizadas para realizar auto-diagnóstico, auto-tratamento ou auto-medicação. E lembra ainda que, em qualquer situação, somente um médico poderá prescrever medicamentos e orientar a consumidora sobre a melhor terapêutica.

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