Sua presença ocorre em geral de manhã, para homens e mulheres. Às vezes ela permanece silenciosa, até o aparecimento de complicações, e às vezes manifesta-se pela dor. A estimativa é que 75% das mulheres e 25% dos homens não têm sintoma algum até seu aparecimento (Lincx, 2001). Mesmo que seus sintomas não sejam perceptíveis, ela pode estar se transmitindo para os parceiros sexuais. Essa doença infecto-contagiosa é transmitida, através da relação sexual, por uma bactéria chamada Chlamidia trachomatis, que fica incubada de uma ou duas semanas a um mês (Deco, 2001). Nos dias atuais, a Clamydia é uma das doenças sexualmente transmissíveis mais comuns. Muitas pessoas que tenham tido alguma outra doença sexualmente transmissível podem estar hospedando a bactéria, e ela pode acelerar o aparecimento dos sintomas da aids em pessoas infectadas pelo HIV.

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Sintomas. Nos homens, queimação ou desconforto ao urinar, saída de secreção branca da ponta do pênis e dor no escroto. Nas mulheres, secreção vaginal levemente amarelo-esverdeada, irritação vaginal, necessidade de urinar com freqüência, dor ou ardor ao urinar, dor abdominal crônica e sangramento vaginal no período entre as menstruações (Lincx, 2001).

“Se não houver procura médica, se desenvolverá a cervicite, inflamação do colo do útero que é conhecida como ferida. Nessa cervicite, quando se realiza a colposcopia, pode-se observar edema, quando o epitélio do colo do útero fica edemaciado, hiperemeado e pode ser visto nitidamente aquele mucopus saindo. Às vezes na própria coleta da citologia do preventivo ocorre sangramento. Só o fato de sangrar é uma justificativa para pedir o exame para ver se a paciente tem Clamydia”, afirmou Mônica Valéria Vertuan, médica que atua na área de ginecologia, obstetrícia e colposcopia, no Cemec – Centro de Medicina Médica, em Curitiba. O não-tratamento do homem pode lhe trazer vários problemas como infecção e inflamação da próstata e das estruturas próximas (Deco, 2001).

Diagnóstico. O teste de diagnóstico pode ser realizado de várias formas. Coleta-se uma pequena quantidade de secreção da região infectada do homem ou da mulher com um coletor de algodão estéril para análise. Mas é importante saber que o teste diagnóstico de Clamydia mais confiável é a cultura dos tecidos, que é cara e ainda não se encontra totalmente disponível (Lincx, 2001). Dra. Mônica alerta para que, “se não houver condições de fazer o exame ou se o exame é demorado, o importante é tratar sempre. No consultório, deve-se sempre pedir esse tipo de exame, quando suspeita-se de Clamydia, aliás deveria ser pedido no pré-nupcial, junto com o exame de HIV, o que muitos médicos já fazem para evitar problemas futuros da mulher não conseguir engravidar”.

A médica explica que, “quando não tratada, pode desenvolver doença inflamatória pélvica que poderá impedir a gravidez no futuro. É importante fazer o exame preventivo uma vez por ano, mas se a paciente tiver uma ectopia (ferida) no colo do útero, uma cervicite ou algum outro problema, deve passar a se consultar de seis em seis meses para ver se não há nada alterado”.

Tratamento. A cura é simples. O tratamento é feito com antibióticos via oral como a tetracilina, eritromicina ou azitromicina. Segundo a dra. Mônica, “é preciso tratar o casal. O problema ocorre quando a doença é assintomática. A paciente não sabe que tem a doença infecciosa e vai descobrir que teve a infecção muito tempo depois, quando for tentar engravidar e não conseguir.” Alerta-se que os antibióticos não resolverão as complicações causadas pela infecção, como é a infertilidade, e que, durante o tratamento, a pessoa e seu parceiro sexual devem abster-se de sexo. Uma semana após completar o tratamento à base de antibióticos, deve ser feita nova análise para confirmar se a bactéria foi erradicada (Deco, 2001).

Riscos na gravidez e recém-nascidos. A grávida infectada com Clamydia pode transmitir a infecção durante o parto à criança que pode desenvolver pneumonia ou infecções graves nos olhos nos primeiros meses e ficar com danos para o resto da vida (Lincx, 2001). Por isso todas as mulheres devem fazer um teste antes da gravidez e informar o médico que faz acompanhamento, caso sofram dessa doença, para que sejam vigiadas de perto (Deco, 2001).

Prevenção. Antes do sexo, é importante pensar na Clamydia e usar camisinha. “Camisinha de látex pode diminuir a transmissão de doenças quando usada correta e cuidadosamente, uma para cada ato sexual. Elas não eliminam completamente o risco a não ser que ambos os parceiros tenham relacionamento monogâmico. Tanto homens quanto mulheres devem carregar consigo camisinha de látex e insistir que esta seja utilizada nas relações sexuais” (Lincx, 2001).

É recomendado que se limite a atividade sexual a um parceiro, desde que ele também seja monogâmico; evitar contato sexual com pessoas cujo estado de saúde e prática sexual sejam desconhecidos; não se relacionar sexualmente sob efeito de álcool e drogas. Antes de começar um relacionamento, deve-se discutir a história sexual anterior, lembrando que nem sempre as pessoas são honestas nesse assunto. Pensar nela… na Clamydia.

Zélia Maria Bonamigo é pesquisadora e especialista em Magistério Superior, membro do Instituto Histórico e Geográfico do Paraná E-mail: zeliabonamigo@uol.com.br

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