Aids avança entre homens heteros

Brasília – O perfil da epidemia de aids no Brasil está se alterando. Números divulgados ontem pelo Ministério da Saúde indicam tendência de crescimento da doença entre homens heterossexuais. Este grupo foi responsável por mais de 65% do total de novas notificações durante nove meses deste ano. A epidemia entre mulheres, que preocupou epidemiologistas nos últimos anos, agora apresenta tendência de queda. Isso, porém, não significa redução do problema: a transmissão sexual é responsável por 90% dos casos notificados de HIV entre mulheres.

O coordenador do Programa Nacional de DST-Aids, Alexandre Grangeiro, atribui o aumento da contaminação entre homens heterossexuais à resistência ao uso de preservativos. Entre jovens, há aceitação maior da camisinha. “No entanto, quando a relação é considerada estável, também este grupo abandona o uso”, afirmou. Estudos demonstram que o uso de camisinhas em relações estáveis não se alterou entre 1998 e 2003. “Daí o nosso grande desafio”, disse.

O ministério registrou 19.373 casos novos da doença nos nove meses deste ano -5.762 referentes a 2003 e 13.611, de 2002. “Os números de 2003 são parciais, daí a grande diferença entre os dois resultados”, afirmou Grangeiro. Os novos dados demonstram que a epidemia no Brasil está estabilizada, com média de 22 mil casos novos da doença por ano. Na década de 90, a média era de 25 mil casos novos.

Meia idade

Ao apresentar os números sobre incidência de casos no grupo masculino, o ministro da Saúde, Humberto Costa (foto), lembrou do uso de remédios para disfunção erétil. E afirmou que na faixa etária mais alta o uso de preservativos ainda não está disseminado. Para tentar atingir o público masculino, entre 40 e 50 anos, o ministério prepara uma campanha cujo símbolo será o personagem Gatão da Meia Idade, do cartunista Miguel Paiva.

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