A pele pede proteção no inverno

Apesar de já ter experimentado alguns dias com temperaturas mais baixas, a chegada do inverno deve fazer com que os casacos e cobertores mais pesados sejam retirados dos armários.

Outro hábito da estação, a disposição para os banhos mais quentes e demorados devem ficar mais frequentes.

Apesar de afugentar o frio, esse hábito pode trazer importantes prejuízos para a pele, como remover a camada de proteção natural e aumentar a sua vulnerabilidade.

A pele precisa de cuidados mesmo em épocas de baixas temperaturas. Outra preocupação esquecida é a proteção contra os raios ultravioletas do sol.

Mesmo no inverno, o uso de filtro solar é importante para afastar a incidência do câncer de pele. De acordo com o dermatologista Maurício Sato, essa radiação promove reações nas células da pele que podem ocasionar o aparecimento de lesões pré-cancerosas.

O Instituto Nacional do Câncer (Inca) aponta que essa neoplasia é o tipo mais frequente, representando cerca de 25% dos tumores malignos registrados no Brasil.

Para este ano, são estimados cerca de 120 mil novos casos da doença. Os do tipo melanoma, considerados mais agressivos e com alta taxa de mortalidade, felizmente são de baixa incidência. Estão previstos cerca de 6 mil novos casos em 2010.

Na região Sul do país, são registradas as maiores taxas. “O melanoma é o mais maligno dos tumores de pele e ocorre geralmente em pessoas entre 30 e 60 anos”, reforça o especialista, explicando que, em geral, os tumores têm aparência de uma pinta escura, bordas irregulares, cores variadas e é assimétrico.

“Logo, qualquer pinta que mudou de característica, como tamanho, cor e dificuldade de cicatrização, deve ser suspeita e avaliada por um dermatologista”, completa o médico.

Pele sensível

Para novos casos de câncer de pele não melanoma, a estimativa do Inca é de que se aproximem de 114 mil. Este tipo é considerado menos agressivo e de fácil tratamento se diagnosticado precocemente.

Os sintomas costumam ser pequenas saliências na pele ou nódulos e, geralmente, aparecem no rosto, tronco e extremidades do corpo. O tipo de tratamento varia de acordo com o estágio de evolução do câncer.

“Em casos iniciais, o uso de crioterapia (spray de gelo), cauterizações e curetagens, terapia a base de luz ou até mesmo de pomadas específicas podem curar essas lesões”, observa Sato. Para lesões maiores, o tratamento mais indicado é a cirurgia.

De acordo com o cancerologista Calixto Antonio Hakin Neto, mesmo durante o inverno as pessoas devem utilizar filtro solar com o fator de proteção acima de 30 e evitar se expor ao sol entre 9h e 16h.

“Uma longa exposição ao sol não é indicada, pois com a sensação agradável do vento não se percebe que os raios solares estão sendo absorvidos e prejudicando a pele”, reconhece o médico.

Ainda mais nessa época do ano em que as pessoas estão com a pele mais sensível e mais clara. “O ideal é permanecer no máximo 20 minutos ao sol, para que essa absorção ajude, apenas, na parte óssea e na formação de cálcio, sem danos à pele”, avalia o cancerologista.

Todo o corpo

Um aspecto negativo que chega com as baixas temperaturas é que o clima úmido estimula o surgimento de pruridos, fazendo com que as pessoas de pele mais seca sofram ainda mais.

“A procura por tratamentos corporais nesse período aumenta mais de 50%”, comenta a dermatologista Luciane Scattone. Além do clima, fatores como tipo de pele, presença de fungos, circulação sanguínea e o estado geral da pessoa, além de hábitos nocivos, como consumo de álcool, cigarro, sedentarismo e alimentação calórica podem contribuir para a incidência de afecções cutâneas relacionadas ao frio.
Hakin Neto salienta que é importante que as pessoas lembrem de proteger toda a pele durante o frio, inclusive outras partes do corpo, como lábios, orelhas, nuca, couro cabeludo e a ponta do nariz.

“Existem no mercado várias opções de protetores, além do,s filtros solares, que podem ajudar a evitar a absorção dos raios solares, como batons, chapéus e cachecóis”, orienta.

O especialista ressalta que a proteção é fundamental em todo o corpo, pois o câncer melanoma pode ser desenvolvido em regiões que não são expostas ao sol, como por exemplo, a mucosa da boca. “É necessário ficarmos atento a qualquer lesão que tenha dificuldade de cicatrização”, complementa.

Inimigos que chegam com o frio

Dermatite de contato e alérgica – Ocorre em qualquer parte do corpo em função do contato com substâncias alergênicas. Manifesta-se com coceira e descamação do local.

Eczema – Quadro específico caracterizado por descamação, coceira da pele.

Psoríase – Aparição de placas avermelhadas com escamas grossas e brancas, principalmente nos joelhos, cotovelos e couro cabeludo.

Urticária – Apresenta placas edematosas, que provocam inchaço na pele. Acontece com maior incidência nas áreas que ficam expostas, causando coceira e ardência.

Eritema pérnio – As pontas dos dedos incham, ficam doloridas e meio arroxeadas. Está ligado a má circulação sanguínea e atinge as áreas que ficam mais expostas ao frio, como o rosto e as mãos. Causa edema, vermelhidão e coceira.

Xerodermia – Ressecamento exagerado da pele pelo frio, pelos banhos quentes e pela diminuição da atividade das glândulas sebáceas.

Cuidados diários

Para ficar longe do perigo de câncer e ainda ficar com a pele bonita e protegida, use filtro solar em todos os períodos do ano. No inverno, prefira uma fórmula que também seja hidratante.

* Evite banhos quentes prolongados que deixam a pele mais seca e descamada.

* Hidrate muito bem a pele, após o banho. A pele seca se torna mais sensível a agentes externos, como sabão, tecidos sintéticos e lã.

* Não deixe a pele ressecada, que pode levar à dermatite de contato, gerando coceira e vermelhidão, principalmente nas pernas, e descamação da pele.

* Prefira o inverno para começar tratamentos de pele, como peelings e que tenham ácido em sua composição.

* Os tratamentos devem ser acompanhados por um especialista.

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