A fumaça ameaça o sul

Se fosse possível fazer um mapa do cigarro no Brasil, o ?fumacê? que pairaria sobre a região sul não deixaria que as pessoas enxergassem um palmo à frente do nariz. Porto Alegre é a cidade do País com o maior número de fumantes – aproximadamente 25,2% da população – e Curitiba é a segunda colocada nesse insalubre ranking. Além disso, os fumantes da região são os que mais consomem cigarros por dia. Estima-se que aproximadamente 13% deles fumam mais de 21 unidades diariamente, fato que comprova a dependência ao vício.

Esse número elevado de fumantes, que ultrapassa a marca de um maço por dia, está diretamente relacionado a uma maior carga de doenças associadas ao tabagismo. O tabaco contribui para uma em cada oito mortes no mundo. Existem cerca de 56 diferentes doenças relacionadas ao seu consumo. Segundo a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), só no Brasil, o cigarro mata cerca de 80 mil pessoas a cada ano.

A região sul é o principal pólo de fumantes no Brasil e Porto Alegre não é a única responsável pelo fumaça que contamina o ar. A segunda capital mais tabagista do Brasil é Curitiba, com 21,5% da população fumante, seguida de Florianópolis (21,4%). No quarto e quinto lugares estão, respectivamente, Belo Horizonte (20,4%) e São Paulo (19,9%), ambas no sudeste.

Tabagismo é doença

Da mesma forma que aumenta o número de fumantes, cresce o número de evidências clínicas sobre os malefícios provocados pelo tabagismo. Sabe-se hoje que o cigarro causa mais mortes que a soma das causadas por aids, cocaína, heroína, álcool, incêndios, acidentes de automóvel e suicídios.

Essas informações estão começando a afetar o fumante. Hoje, mais da metade da população fumante quer parar de fumar. No entanto, menos de 70% consegue. O vício à nicotina chega a alcançar 70% a 90% dos fumantes, demonstrando que o tabagismo é uma dependência que necessita de tratamento.

Os melhores resultados são obtidos quando o tabagista se mostra altamente motivado a abandonar o uso do cigarro. Mas mesmo a força de vontade pode não ser o suficiente: estudos demonstram que 80% dos fumantes desejam parar de fumar, mas apenas 3% conseguem. Com ajuda médica, o quadro muda.

"Tabagismo é doença e existe tratamento. Porém poucos procuram ajuda", explica o pneumologista Ciro Kirchenchtejn, coordenador do Help Fumo, grupo de apoio ao abandono do tabagismo. Com toda a informação disponível hoje sobre os malefícios provocados pelo tabagismo, pode-se concluir que o cigarro é um dos poucos produtos legalmente disponíveis no mercado que pode causar sérios danos à saúde, inclusive a morte.

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