Uma viagem ao coração da Patagônia

A Patagônia Chilena não está restrita a geleiras, ao contrário do que muitos imaginam. Os glaciares são de fato a grande atração; o branco do gelo milenar chega a ofuscar os olhos de quem o vê pela primeira vez bem de pertinho. Isso sem contar os picos nevados de vulcões adormecidos, que mais parecem cobertura de açúcar confeiteiro. Mas a Patagônia é muito mais do que isso. É o encontro com o que há de mais genuíno na natureza. Afinal, quem é capaz de presenciar a queda de parte de uma geleira suspensa sem ficar atônito? O forte estrondo tira o fôlego de qualquer um.

Se você vai para a Patagônia Norte pela primeira vez, esqueça tudo o que lhe disseram a respeito e simplesmente sinta o lugar. Aprecie cada local, deixe-se impressionar pelos fenômenos da natureza, ouça atentamente as histórias curiosas que os guias irão contar sobre a região. Tudo isso deixará sua viagem ainda mais rica. E se pegar dias frios e chuvosos, não pense que levou azar. Relaxe e entenda que a Patagônia é assim mesmo; esse tipo de clima é natural naquela região.

Ponto de partida

O ponto de partida é Santiago, capital do Chile. Depois de quase três horas e meia de vôo, o visitante chega a Balmaceda, pequena cidade localizada a quase 280 quilômetros do destino final: Termas de Puyuhuapi. A região, cercada de montanhas e geleiras no topo, é uma pequena mostra do que está por vir. Belas paisagens são vistas ao longo da Carretera Austral – estrada de 1,2 mil quilômetros de extensão aberta entre 1978 e 1990 que corta toda a região.

A 11.ª região do Chile, a Aysén, na Patagônia Norte, tem uma geografia formada por montanhas, vulcões, bosques, rios, cachoeiras e, claro, geleiras. Sua economia concentra-se na exploração de minas de ouro e zinco. Também vive da pesca da corvina e da merluza e da criação de salmão, peixe que representa 27% do Produto Interno Bruto (PIB).

Depois de quase 45 minutos de viagem, chega-se à cidade da Coyhaique, a maior da região. O ônibus pára durante quinze minutos para que os turistas conheçam um pouco a cidade e façam compras rápidas. A viagem continua e o próximo ponto de parada é a Cascada de La Virgem, onde, bem em frente, há um restaurante rústico. É hora de apreciar o “Asado Patagon”, cordeiro assado em fogo de chão, típico na região.

A viagem prossegue por mais algumas horas em meio a paisagens de densos bosques entre montanhas. Já é noite quando o ônibus pára no embarcadouro Rio Unión. Uma lancha com capacidade para cerca de doze pessoas leva o grupo até Termas de Puyuhuapi, em um percurso que dura cerca de dez minutos.

Várias opções

No dia seguinte, uma das pedidas é ir ao Parque Nacional Queulat. Lá, é possível fazer uma caminhada de duas horas e meia – intensidade média – até chegar ao Ventisquero (geleira suspensa) Colgante. Quem preferir, poderá optar pelo caminho mais curto, de menos de trinta minutos, e chegar ao mesmo destino. A visão do lugar é impressionante. Mais fantástico ainda é o estrondo, como o de um trovão, anunciando a queda de mais uma parte da geleira, a 260 metros de altura. A cascata que desce pela montanha chega a ser interrompida quando pedaços de gelo começam a despencar. A água simplesmente congela. Para quem vai ao Queulat, é importante ir com botas e agasalho impermeável, pois o local é bastante úmido.

Outra opção é conhecer o pequeno povoado de Puyuhuapi, onde vivem cerca de seiscentas pessoas. A visita a uma fábrica de alfombras (tapetes) é uma das principais atrações do local. Importante lembrar que não há como ir a Termas de Puyuhuapi por conta própria. É que desde que se chega a Balmaceda, é preciso que haja um veículo do turismo receptivo aguardando. Também a travessia pelo Rio Únion é feita apenas por lanchas do próprio hotel.

Laguna San Rafael

O melhor da viagem fica para o último dia. O catamarã Patagônia Express – um barco com capacidade para cerca de cinqüenta pessoas, com restaurante e sala aquecida para descanso – leva os turistas em direção à Laguna (lagoa) San Rafael. O percurso demora cerca de sete horas. Alguns tiram um cochilo durante a travessia pelos canais e estreitos austrais, mas o bom mesmo é ficar acordado e apreciar as belas paisagens de montanhas e vulcões cobertos por gelo. Toninhas e golfinhos acompanham a embarcação em alguns trechos, mostrando toda a sua graça. As refeições são todas feitas a bordo.

Blocos de gelo espalhados ao longo do mar anunciam que a tão esperada Laguna San Rafael está próxima. A geleira impressiona não só pelo tamanho – são dois quilômetros de frente, a uma altura de quase setenta metros, somando dezesseis quilômetros no total – como pela beleza em si. Os passageiros se dividem em grupos de até dez pessoas, e, em barcos infláveis, são levados até bem próximo à geleira.

E quem se impressionou com o estrondo provocado pela queda de parte de geleira, no Parque Nacional Queulat, dificilmente deixará de se emocionar com um dos mais belos fenômenos da natureza. Um grande bloco de gelo recém-despencado do alto ganha a coloração azul-turquesa quando cai no mar. Difícil não se emocionar quando se tem diante dos olhos uma obra divina como aquela.

Retomado o fôlego e depois de voltar ao catamarã, é hora de tomar o tradicional uísque 12 anos com gelo de trinta mil anos. Mesmo quem não é adepto da bebida experimenta a novidade. Mais aproximadamente seis horas a bordo e chega-se ao Porto Chacabuco. A pernoite é no Hotel Loberias Del Sur.

No dia seguinte, a viagem prossegue de ônibus até o aeroporto de Balmaceda, onde o vôo da Lan leva os passageiros até Santiago. Uma das opções de hospedagem na capital chilena é o Novotel Vitacura, da Rede Accor. O bairro onde está situado o hotel – Vitacura – é um dos mais chiques de Santiago e reúne boas opções de compras, entretenimento e gastronomia. No dia seguinte, bem cedo, acontece o retorno para o Brasil.

A repórter viajou a convite da Patagônia Connection -Termas de Puyuhuapi – e Linhas Aéreas Nacionais (LAN).

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