Um passeio pelas Raízes Coloniais de Gramado

Um passeio cultural pelas origens da imigração italiana e seu encontro com as tradições do gaúcho. Esta é apenas uma das definições que servem para descrever o roteiro Raízes Coloniais de Gramado. Em meio a um imenso vale de araucárias e plantações de hortifrutigranjeiros, a visita tem encantado centenas de turistas a cada semana. “Aqui as pessoas sentem que estão conhecendo, de maneira original, a verdadeira história de Gramado”, afirma Judite Motin, guia da empresa de turismo CVC, que faz esse roteiro há aproximadamente um ano.

Cerca de 25 mil pessoas já fizeram o passeio, de acordo com os números da agência Turistur, que opera em parceria com a CVC.

Percorrer o roteiro é também fazer uma viagem no tempo, que tem início ao embarcar no animado ônibus comandado por Judite. Há pouco mais de quatro quilômetros do centro de Gramado, na localidade de Linha Bonita, primeira parada, a Casa Centenária. A propriedade da família Ferrari ainda hoje é ocupada pela matriarca Elizabeta. E é ela quem recepciona cada um dos visitantes. Além de fotografar a residência de madeira construída pelas mãos dos imigrantes, é possível visitar seu interior ainda bem conservado.

“Esse lugar é encantador. O contato com a natureza e a receptividade de pessoas como a dona Elizabeta Ferrari já valem o passeio”, diz eufórico Rosalvo Ribeiro Mendes, que visita Gramado ao lado de sua esposa, Schilene.

Seguindo mais um quilômetro pela estrada da Linha Bonita, o ônibus faz a sua mais longa parada no núcleo central desta comunidade eminentemente rural do interior de Gramado. A bela igrejinha de São Pedro Claver ergue-se ao lado de um antigo moinho.

E é por ali, na frente deste moinho, que os turistas são convidados por Nélson Cavichion a conhecer o processo artesanal de fabricação da farinha de milho.

Em seu interior, Cavichion apresenta equipamentos quase seculares ainda hoje em funcionamento. Desde o processo de debulhar o milho até a sua transformação em farinha. O destaque é o equipamento chamado carinhosamente de Carla Perez. É um moedor e triturador dos grãos de milho que, em funcionamento, chacoalha em movimento circular como se estivesse rebolando. Na saída os turistas podem comprar a farinha recém-moída.

Chimarrão

Caminhando pela estradinha de terra que passa pela frente da igreja, chega-se a Ervateria Artesanal de Gramado. Ali, o visitante é convidado a fazer um passeio pela história do chimarrão e conhecer cada passo de sua fabricação artesanal.

Para os turistas, principalmente os oriundos dos estados do centro do Brasil, é um momento de descobrir os encantos e os segredos do chimarrão. “É algo tão autêntico que parece que estamos visitando a casa de um amigo ou vizinho”, afirma Judete Borba, promotora de justiça que saiu de Recife (PE) para conhecer Gramado e vai voltar levando uma cuia, uma bomba e um quilo de erva-mate artesanal.

De volta ao ônibus, a excursão nem tem tempo de embarcar já é hora de uma nova visita. Desta vez ao museu de Nélson Foss. Ali, curiosos objetos do início do século. Alguns usados, outros trazidos pelos primeiros imigrantes italianos que chegaram ao município, vindos de Caxias do Sul. “Seu” Nélson agrada a todos com suas piadas e seu jeito caboclo.

Alguns minutos adiante chega-se ao último e mais esperado momento do roteiro Raízes Coloniais: uma típica merenda italiana servida pela família de dona Zulmira. Recebidos ao som de América, América, América…, os turistas são levados de volta ao início do século passado. Salame produzido pela família, queijo colonial, sucos de uva, bolo de cenoura, cucas e o delicioso pão caseiro feito no forno a lenha pela própria Zulmira.

De volta ao centro de Gramado, a alegria e a satisfação estão estampadas no rosto de cada um dos visitantes que levam, além das lembranças, a certeza de terem conhecido algo diferente de tudo aquilo que estão acostumados.

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