Um cruzeiro “sem sair de casa”

O mais novo e luxuoso navio da frota Skorpios não impressiona pelo tamanho nem tampouco pela decoração requintada ou grande variedade de ambientes de entretenimento e lazer. É um navio com capacidade para 110 passageiros, que propõe uma viagem para descansar, comer bem e fazer amigos, além, claro, de proporcionar aos turistas a oportunidade de avistar as incomuns e fantásticas paisagens da Patagônia chilena.

Por isso, a estrutura de lazer compreende um restaurante, o El Comedor, que, à noite, depois do jantar, em poucos minutos se transforma em salão de baile, e dois bares, o Apolo e o Zeus (este para fumantes), onde acontecem as partidas de pôquer, os bingos e jogos diversos e também o karaokê, em espanhol e inglês.

Para muitos, os bares também são locais para uma boa leitura ou para assistir a um filme no telão; para outros, propícios para encontrar os amigos e tomar um drinque. E toda hora é hora já que o bar funciona até o último hóspede ir dormir. A tripulação não tem pressa, muito pelo contrário. Victor Soto, que trabalha na Skorpios há vinte anos, é um dos barmen que incentivam os passageiros a ficar mais um pouco no local, oferecendo sempre mais um drinque, um uísque com gelo milenar, um salgadinho.

Os decks também são pontos estratégicos para quem não quer perder a chance de avistar as paisagens quando não há saídas com os botes (ver matéria página 1). O simpático capitão Constantino Kochifas é o responsável pelo clima de grande descontração dentro do navio, desde o primeiro dia. E esse clima invade também a cabine de comando. Diferentemente da maioria dos navios, o Skorpios III mantém aberta sua principal cabine para os passageiros acompanharem a viagem junto com o comandante na hora que quiserem.

O capitão os recebe como se estivesse em casa, entre amigos. Sempre com satisfação e comentários engraçados, ele vai falando aos turistas sobre as peculiaridades de cada lugar, mostrando que conhece bem ponto a ponto do percurso.

Acomodações

O Skorpios III tem 49 cabines climatizadas, divididas em master, junior, dupla matrimonial, dupla A, dupla B e single. Todas são equipadas com frigobar, sistema de som, tevê com som estéreo e cofre eletrônico. Não há relógio com despertador.

Os turistas são acordados pelo sistema de som, com um trecho do brasileiríssimo Tico Tico no Fubá, seguida da simpática – e até engraçada -saudação do relações-públicas Christian Zúñiga, que informa sobre a hora, a temperatura, a programação do dia e lembra aos passageiros que o café da manhã os espera.

No restaurante, mais uma mostra do serviço personalizado. Não se assuste se já no segundo dia de viagem, sem pedir, o garçom deixar à sua frente a bebida que gostaria de tomar ou, ao final da refeição, quem não toma o cafezinho com açúcar, encontrar o adoçante também a postos. Detalhes que fazem a diferença.

A proposta do cruzeiro é também oferecer aos turistas o melhor da culinária chilena. E o assunto é levado a sério, tanto que a esposa do capitão Kochifas, Noemí Cárcamo, ou simplesmente dona Mimi, é quem comanda de perto a equipe da cozinha, formada por sete profissionais.

No cardápio, pratos típicos do Chile, como o patê de centóia, uma delícia que tem origem na região da Patagônia. Apesar de programado com certa antecedência, o menu não é fixo. Peixes como merluza, côngrio e salmão estão sempre no cardápio, além de filé e contrafilé, todos preparados com temperos típicos.

Os pratos são sempre acompanhados dos melhores vinhos chilenos. Estão disponíveis cerca de vinte títulos, entre cabernet sauvignon, sauvignon blanc, sirah, merlot e chardonnay, de doze vinícolas.

Um almoço temático com pratos mexicanos é uma das surpresas que a cozinha prepara durante o cruzeiro. Além do café da manhã, almoço e do jantar, diariamente, às 17h, é servido chá da tarde, com doces, tortas, pães e bolachas, todos receitas de dona Mimi.

Souvenirs

Blusas, gorros, luvas, mantas são alguns dos produtos com a marca Skorpios vendidos dentro do navio. Uma blusa de moleton, por exemplo, custa 10 mil pesos (cerca de R$ 50), já uma de lã custa 20 mil pesos (cerca de R$ 100). Os preços dos gorros variam de 3 mil a 3,5 mil pesos (a partir de R$ 15), dependendo do modelo. Além de roupas, são vendidas canetas e brinquedos.

Há três passeios opcionais

Aos interessados no cruzeiro Exploradores Kaweskar são oferecidos também três passeios opcionais, em terra. Um deles, na verdade, deveria ser obrigatório, tamanha a importância do lugar como destino turístico. Trata-se do Parque Nacional Torres del Paine, situado a 150 quilômetros de Puerto Natales, cidade-base do Skorpios III. Pela variedade de recursos vivos que abriga e pelo trabalho de preservação e manejo ao qual é submetido, o parque foi declarado Reserva Mundial da Biosfera pela Unesco, em 1978.

Com uma área de 241 mil hectares, reúne, além do conjunto de pedra e granito que dá nome ao local, lagos de variadas cores, como Nordeskjold, Pehoé, Toro, Sarmiento (vinte quilômetros de extensão) e Grey, que formam um dos cenários mais bonitos do mundo, na opinião de muitos dos turistas que o visitam.

São mais de cem espécies de aves, dentre elas o ñandu, animal típico da Patagônia, pertencente à família do avestruz; e 26 mamíferos, dentre os quais se destaca o guanaco, um “parente” da lhama, que é visto em grupos em vários pontos da estrada no interior do parque.

Um dos principais cartões-postais do Chile recebeu, em 2003, oitenta mil visitantes e a meta anual é aumentar em 10% a 12% a visitação. O Torres del Paine é também apreciado pelos turistas mais aventureiros. De acordo com os guias especializados, muitas pessoas de diversas partes do mundo, incluindo mochileiros, procuram o local para fazer trekking, caminhando quatro, cinco horas por dia, durante três a quatro dias. Para esse tipo de turista, dentro do parque há campings e refúgios onde se pode passar a noite em ambientes simples mas aconchegantes. Além do trekking, cavalgada, cicloturismo, pesca e a navegação em caiaques são as outras atividades permitidas.

É bom que o turista, principalmente o aventureiro, se informe a respeito do clima antes de visitar o parque. No verão, venta muito no local e, no inverno, os termômetros chegam a marcar quinze graus negativos, nevando intensamente.

Cueva del Milodon

Impossível ir à Patagônia chilena e não ouvir falar no Milodon. O herbívoro, que viveu há dez mil anos e cujos restos foram encontrados em uma grande caverna que hoje faz parte do complexo “Silla del Diablo”, virou uma espécie de símbolo da Região dos Magalhães. Sua imagem é reproduzida em brinquedos, chaveiros e outros souvenirs que são encontrados em todo o comércio regional, já a partir do Aeroporto Presidente Carlos Ibañez del Campo, em Punta Arenas.

Por isso, a Cueva del Milodon, situada a 24 quilômetros de Puerto Natales, virou um dos principais atrativos turísticos da região. No ano passado, foi visitada por 19.714 turistas, principalmente espanhóis (3.723), alemães (2.787) e norte-americanos (2.491). Um total de 893 brasileiros esteve no local.

Fitz Roy

Localizado a 95 quilômetros de Punta Arenas, na Ilha Riesco, a Estância Fitz Roy é um interessante destino de agroturismo, permitindo ao visitante ter o primeiro contato visual com a natureza patagônica. Abriga um antigo galpão, onde é feita a tosquia de ovelhas e, há três anos, foi transformado em museu temático com mais de 2,5 mil peças usadas na agricultura e em outras atividades econômicas, todas adquiridas em viagens pelo proprietário da fazenda, Secundino Fernandez.

É lá também que o turista tem a oportunidade de saborear um dos pratos mais apreciados na região: o churrasco de cordeiro. Na Fitz Roy, ele é preparado por Sérgio Fortes, aos melhores moldes gaúchos. Saladas variadas acompanham a carne que praticamente se desmancha na boca. E, claro, tudo regado a um bom vinho tinto ou, para quem preferir, um mate. As carnes vermelhas são a base da gastronomia da Patagônia e, experimentando um almoço como esse, percebe-se que eles são realmente especialistas no assunto.

Na hora de ir embora, os anfitriões fazem questão de acompanhar os visitantes até o ônibus, oferecendo um vidro de geléia artesanal, uma doce lembrança do primeiro dia de passeio na Patagônia.

Quanto custa?

– Os preços do pacote variam conforme a cabine que o passageiro escolher e o período do cruzeiro. Agora tem início a baixa temporada, quando os preços variam a partir de US$ 1.920 (cabine single) podendo chegar a US$ 3,6 mil (suíte master). Cortesia para crianças de até cinco anos. Nesses preços estão incluídos seis dias e cinco noites de hospedagem no navio (sábado a quinta-feira), passeios às geleiras com os botes Hércules, quatro refeições diárias além das guloseimas e bebidas servidas no bar e disponíveis no frigobar.

– Se houver interesse em fazer os passeios opcionais, a entrada no navio é na sexta e paga-se um adicional de US$ 120, incluindo traslados, hospedagem, jantar, passeio a Torres del Paine, visita a tipo piquenique. O tour adicional à Estância Fitz Roy custa US$ 60, incluindo traslados e almoço.

– As próximas saídas do navio Skorpios III acontecem nos dias 3, 10, 17 e 24 de abril e 1, 8 e 15 de maio. Depois de um período de manutenção, em setembro, tem início a segunda temporada da rota Exploradores Kaweskar.

Hospedagem em Santiago

– Fundador: opção para quem quer ficar no centro histórico. Endereço: Paseo Serrano, 34. Telefone: (56-2) 387-1390. Site www.hotelfundador.cl.

– Torremayor: opção para quem quer se hospedar próximo aos grandes centros comercial e gastronômico. Endereço: Avenida Ricardo Lyon, 322, Providência. Telefone: (56-2) 234-2000. Site: www.hoteltorremayor.cl.

Dicas

– Não esqueça de levar óculos escuros, protetor labial, gorro, luvas, calças impermeáveis, botas e uma roupa social para o baile de despedida.

Fique atento à cotação: R$ 1 vale cerca de 200 pesos chilenos. Convém fazer o câmbio no próprio Aeroporto Arturo Benitez, em Santiago.

Serviço

– A base da Skorpios fica em Santiago, na Rua Augusto Leguia Norte, 118, Las Condes. Mais informações: (56-2) 231-1030, site www.skorpios.cl ou e-mail skoinfo@skorpios.cl.

A jornalista viajou a convite da Skorpios Cruceros Marítimos.

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