Turismo de mergulho

Favorecido por paisagens privilegiadas, o litoral catarinense contrasta com o extenso e bucólico litoral do Estado do Rio Grande do Sul e o pequeno litoral do Paraná.

Com 538 quilômetros de extensão, dezenas de ilhas e uma linha costeira bastante recortada e diversa, composta por penínsulas, praias, costões e baías, o litoral de Santa Catarina é o atrativo turístico principal para cerca de 2,8 milhões de turistas que, a cada temporada de verão, movimentam uma economia de cerca de US$ 500 milhões.

Em Santa Catarina, o turismo subaquático, ou turismo de mergulho, começou a se estabelecer como atividade econômica num período compreendido entre o final da década de 80 e a primeira metade da década de 90, especialmente quando do surgimento das primeiras operadoras de mergulho atuando na região da Ilha do Arvoredo. Atualmente, mais de dez empresas, localizadas principalmente nos municípios de Bombinhas, Porto Belo, Balneário Camboriú e Florianópolis, recebem mergulhadores de diferentes estados do Brasil e do exterior.

O turismo de mergulho é atualmente uma atividade economicamente consolidada no Brasil, que traz importantes aportes financeiros para diversos municípios litorâneos, ilhas e, até, municípios localizados no interior do país, como a cidade de Bonito, em Mato Grosso do Sul.

E, como todo fator econômico, o turismo de mergulho deve despertar a preocupação de autoridades e técnicos competentes, para que a atividade se desenvolva dentro de padrões sustentáveis, de forma que seus benefícios econômicos, ecológicos e sociais de longo prazo tenham prioridade aos lucros de curto prazo.

Deve ser também considerado que, sendo o turismo subaquático realizado na maioria das vezes em locais naturais de alta fragilidade, o planejamento das atividades de mergulho deve considerar a proteção de todos seus componentes, combinando os elementos aquáticos e terrestres. Problemas de sobrepesca, poluição e ocupação desordenada do litoral também têm efeitos prejudiciais para o turismo de mergulho.

Na região do litoral catarinense insistiu-se em considerar a paisagem marinha como um bem a ser utilizado pelo turismo e não como um recurso que precisa ter regras e regulamentações eficientes para possibilitar seu uso em longo prazo. Quem mergulha nesta região há mais de quinze anos pode facilmente perceber a alteração ocorrida, como a diminuição da transparência da água do mar, a redução do número de espécies e o predomínio de espécies oportunistas.

Estas são apenas algumas das modificações que qualquer mergulhador pode observar.

Ao ser implementada recentemente a regulamentação que proíbe a visitação pública na Reserva Biológica Marinha do Arvoredo, a área utilizada para a realização de mergulhos no Estado de Santa Catarina foi severamente comprometida. Encontramo-nos agora diante de uma situação que necessita de uma união das empresas e operadoras estabelecidas na região para a discussão de novas estratégias para viabilizar a continuidade de suas atividades e também para o reconhecimento da importância de uma unidade de conservação como a Reserva Biológica Marinha do Arvoredo.

A criação de novos atrativos de mergulho como, por exemplo, a instalação de recifes artificiais e naufrágios previamente preparados para visitação de mergulhadores, e o estabelecimento de trilhas subaquáticas em locais de baixa profundidade, podem minimizar o problema da redução das áreas de mergulho no litoral do estado de Santa Catarina. Enquanto que a mobilização por meio de campanhas de conscientização propondo práticas sensatas e ecologicamente corretas possibilita o despertar de uma consciência conservacionista no mergulhador, viabilizando um desenvolvimento sustentável do turismo de mergulho.

Ewerton Wegner

é professor do Centro de Ciências Tecnológicas da Terra e do Mar, da Univali.

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