Penedo e Piaçabuçu revelam história

Não só de belas praias vive o Estado de Alagoas. Às margens do Rio São Francisco – conhecido como Rio da Integração Nacional, dos Currais ou das Borboletas e carinhosamente chamado de “Velho Chico” – se encontram cidades históricas que se destacam por suas construções antigas, seu passado curioso, seus moradores hospitaleiros e seu artesanato.

Uma das mais visitadas é Penedo (“pedra grande”), localizada a cerca de 250 quilômetros da capital Maceió e tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico Nacional (Iphan). Nela, índios canibais da tribo Caetê devoraram o bispo Dom Pero Fernandes Sardinha, enviado pelos colonizadores portugueses para catequizar os nativos que habitavam a região na época do descobrimento do Brasil. Oficialmente, o município foi criado em 1560, pelo donatário Duarte Coelho de Albuquerque, enviado à cidade pela Coroa Lusitana como represália ao ato cometido pelos índios e com a missão de estabelecer a ordem no território conquistado.

Penedo foi elevada à vila em 1636. Porém, no ano seguinte, foi invadida por holandeses, que instalaram suas tropas no local e o renomearam, chamando-o de Maurícia, em homenagem ao príncipe Maurício de Nassau, que morou na cidade por algum tempo, mas foi expulso pelos portugueses ao contrair malária.

Atualmente, Penedo vive da pesca e é sede de uma famosa feira, onde são vendidos artesanatos, peixes, frutas e outros produtos. Passando pela cidade, vale a pena visitar o Teatro Sete de Setembro e a Fundação Casa do Penedo, que foi inaugurada em 1992, fica aberta diariamente (das 8 às 18h) e conta com um acervo de livros e documentos sobre a história da cidade. Já o teatro, inaugurado em 1875, é considerado o primeiro da história de Alagoas e tem lugar para 350 pessoas sentadas. Ele é famoso por ter sido freqüentado por Dom Pedro II.

Duas igrejas chamam bastante a atenção de quem passa pela cidade: Santa Maria dos Anjos e Nossa Senhora da Corrente.

A primeira foi fundada em 1660, fica ao lado de um convento franciscano e tem à sua frente uma grande cruz, que é o marco da chegada dos franciscanos à região. É considerada a construção religiosa mais antiga da cidade e é toda em estilo barroco. Já a segunda, fundada em 1764, era a capela particular da família Lemos que, na época, era a mais poderosa e abastada de Penedo. No interior da construção, há um lugar secreto, parecido com um armário embutido que, segundo estórias contadas pela população, era utilizado pela família Lemos, que tinha fama de abolicionista, para esconder negros fujões. Entretanto, outra versão diz que o lugar era utilizado para castigar escravos desobedientes.

Também em Penedo, os turistas, pelo preço de R$ 45, podem fazer um passeio de Catamarã (embarcação ampla) ao longo do rio São Francisco. O passeio dura cerca de três horas e permite a visualização de pequenas ilhas e praias, além de construções antigas.

Piaçabuçu

Outra cidade que vem atraindo bastante a atenção dos turistas é Piaçabuçu (Palmeira Grande, na língua Caetê), também às margens do “Velho Chico”. Ela serviu de cenário ao filme “Deus é brasileiro”, dirigido pelo alagoano Cacá Diegues. Todos que passam pelo município querem conhecer as ruas por onde “Deus”, interpretado pelo ator Antônio Fagundes, passou. “O movimento de turistas em Piaçabuçu aumentou bastante depois que o filme começou a ser exibido. Isto é muito bom para a população daqui”, conta a doceira Maria Muniz, de 68 anos, que comemora o aumento das vendas de suas cocadas e biscoitos.

No lugar, também é possível conversar com pessoas que participaram como figurantes do filme. Elas não se cansam de contar histórias sobre o elenco e de narrar suas participações. A cantora e atriz Linete Matias, que integra o grupo folclórico Caçuá, criado há três anos, foi quem ficou mais famosa na região. No filme, ela interpretou a noiva Luzinete, que se recusou a dançar forró com “Deus”. “Participar do filme foi uma experiência muito boa e fico feliz em saber que as pessoas se lembram de minha personagem e entendem o que ela representa no filme”, conta Linete. A única tristeza da maioria da população de Piaçabuçu é não ter podido assistir ao filme, já que na cidade não existem salas de cinema.

Piaçabuçu é uma antiga aldeia indígena que já constava nos mapas holandeses em 1643. Tem dimensão territorial de 258,4 quilômetros quadrados e temperaturas que variam de 26 a 38 graus.

Pixaím

Pegando uma embarcação em Piaçabuçu, navegando pelo São Francisco, é possível chegar à comunidade de Pixaím. Quatro quilômetros da foz do rio, dunas adentro, encontra-se o povoado, composto por 42 casas e cerca de cem pessoas. A caminhada até o lugar é puxada, mas vale a pena pela oportunidade de se presenciar as belezas naturais ao longo do caminho.

Os moradores de Pixaím vivem praticamente isolados do resto do mundo, sem água encanada e sem energia elétrica. Muitos não sabem nem que é o presidente do Brasil e dizem não ter vontade de deixar o lugar. São de poucas palavras, mas costumam ser simpáticos com os visitantes.

Há suspeitas de que o local onde hoje está instalada a comunidade tenha sido, há muitos anos, um quilombo.

A jornalista viajou a convite do Maceió Convention & Visitors Bureau, da Assimptur e da TAM.

Onde se hospedar …

Em Piaçabuçu

– Pousada Santiago – Avenida Amadeu Lobo, s/ n´ – Centro – Telefone: (82) 552-1208 – Diárias a partir de R$ 35 por casal.

– Pousada Chez Julie – Avenida Beira Mar, s/n´- Telefone: (82) 557-1217 – Diárias a partir de R$ 80 por casal.

Em Penedo

– Hotel São Francisco -Avenida Piaçabuçu Floriano Peixoto, s/n´ – Centro – Telefone: (82) 551-2273 – Diárias a partir de R$ 88 por casal.

– Pousada Colonial – Praça 12 de Abril, s/n´- Telefone: (82) 551-2355 – Diárias a partir de R$ 50 por casal.

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