O coração da Europa é belga

Um pequeno país, situado no coração da Europa, ainda não foi descoberto pela grande maioria dos turistas brasileiros. Apesar de sua pequena superfície – apenas 30.507 quilômetros quadrados de área, o que equivale à área do Estado de Sergipe – a Bélgica é gigante em cultura, história e beleza.

Mas, ainda são poucos os turistas que desfrutam do melhor que o país oferece.

Por ser a capital da União Européia, centro das importantes reuniões e grandes decisões daquele continente, a Bélgica é visitada maciçamente por turistas de negócios.

Mas isso deve mudar em breve. O governo belga está desenvolvendo um trabalho que visa atrair turistas de passeio e prolongar a estada dos executivos no país mostrando melhor seus atrativos para o lazer.

Um pouco mais de divulgação deverá ser o suficiente para despertar a atenção e atrair ao país turistas interessados em boa cultura, gastronomia, história e diversão. Pois isso tudo a Bélgica tem de sobra.

Características

O país foi um dos primeiros da Europa a se recuperar após a Segunda Guerra Mundial, ocasião em que foi atacado pela Alemanha, inesperadamente, em 10 de maio de 1940.

Oito anos depois, uniu-se aos Países Baixos e a Luxemburgo para formar uma associação econômica chamada Benelux (abreviatura de Bélgica, Holanda e Luxemburgo), que perdeu um pouco de sua importância com a criação da União Européia.

A Bélgica foi ainda um dos fundadores da Organização do Tratado Atlântico Norte (Otan), em 1949.

O país é dividido em três regiões: Flandres (ao Norte), Bruxelas (centro) e Valônia (ao Sul). Porém, por ter pequena dimensão, a grande vantagem é que o turista pode percorrer o país facilmente em uma única viagem.

Para isso, a melhor opção de transporte é o trem. Para se ter uma idéia, somente 96 quilômetros separam a capital Bruxelas de Bruges, cidade de forte potencial turístico e que fica mais ao Norte do país, localizada na região de Flandres.

Em relação à Antuérpia, segunda maior cidade do país, são apenas 46,4 quilômetros e de Gent, 56 quilômetros.

Nada mais do que cinqüenta minutos de trem. Por estar localizada no centro da Europa, a Bélgica oferece acesso fácil e rápido também a outros países. O país faz fronteira com Holanda, Luxemburgo, França e Alemanha e é separada da Inglaterra apenas pelo Mar do Norte – são 350 quilômetros que distanciam Bruxelas de Londres.

De Paris, Bruxelas está a 294,4 quilômetros; de Amsterdã, 196,8 quilômetros e de Luxemburgo, 211 quilômetros. Também pela posição no mapa, o país sofre influência de seus vizinhos.

Oficialmente, dois são os idiomas na Bélgica – na região da Valônia se fala francês e em Flandres se fala holandês (flamengo). Nas escolas se aprende também inglês e alemão, por isso, o turista não tem muita dificuldade em se comunicar com os nativos, seja em qualquer região.

Esta é a primeira de uma pequena série sobre a Bélgica, que divulgaremos no caderno Viagens & Turismo.

Bruxelas esbanja charme e cultura

Danielle de Sisti

A arquitetura é um dos atrativos que encantam os turistas que visitam a Bélgica. É comum ver pessoas boquiabertas olhando a grandiosidade, perfeição e beleza dos prédios góticos e barrocos e as muitas fachadas que retratam o neoclássico, art nouveau e art déco. Bruxelas, a capital do país, tem em sua praça principal, a Grand Place (Praça do Mercado), uma mostra do que se pode ver em termos de arquitetura no país.

Ela é simplesmente uma das praças mais bonitas da Europa, se não for a mais bonita. E olha que essa competição é acirrada, tendo em vista a beleza das Grands Places de toda a Europa. O mais impressionante é saber que o local foi quase totalmente destruído em um bombardeio comandado por um general do Exército francês, em 1695 e, no prazo de cinco anos, foi totalmente reconstruída.

Assim como nas demais capitais européias, foi também a partir da Grand Place que teve início o desenvolvimento de Bruxelas. Prédios lindos, em estilo gótico e barroco, abrigavam as corporações de ofício, espécies de sindicatos da época, que reuniam profissionais de uma mesma categoria para discutir direitos e deveres. Muitos desses prédios hoje são charmosos bares-restaurantes, bastante freqüentados por belgas e turistas de todas as faixas etárias. É o caso do Le Roy – um bar todo aconchegante que recebe seus clientes à meia-luz -foi a corporação profissional dos padeiros.

Uma dica é não ficar convertendo os preços, pelo menos, no que diz respeito à alimentação. Com a desvalorização do real frente ao euro – 1 euro = R$ 3,68 (cotação de 3 de dezembro) – parece tudo muito caro. Por exemplo, um prato menos tradicional, como carne de coelho com cerveja de cereja, no Le Roy custa 15 euros. Se a intenção é só tomar um cappuccino, o turista terá que desembolsar 3 euros. Por isso, o melhor é perder a noção (nem tanto!) em reais para não deixar de desfrutar, pelo menos, dos prazeres da boa mesa. Deixe para economizar em outras coisas.

Falando em gastronomia, ninguém pode sair da Bélgica sem experimentar algumas de suas especialidades. O país é famoso pelo marisco, a batata frita (sequinha e crocante por fora e cremosa por dentro), o wafle (servido com mel ou com diferentes sabores de geléias) e o chocolate. As especialidades são servidas em praticamente todos os restaurantes, dentre eles no Vincent, situado à Rue des Dominicains, 8, um restaurante bastante simpático que serve também diversos tipos de carnes grelhadas e frutos do mar diversos.

A Grand Place

Agora, é impossível estar na Grand Place sem se encantar com a suntuosidade dos prédios que abrigam a prefeitura de Bruxelas, construído no século XVI, e o Museu Municipal, que tem tapeçarias do mais importante especialista belga nesta arte, Van Orley (século XVI). Os locais são abertos à visitação pública. Para uma visita guiada à prefeitura, por exemplo, paga-se 2,48 euros.

A Grand Place situa-se na chamada Cidade Baixa, a Bruxelas histórica. E vale muito a pena passear por esta área. Museus, igrejas e bons restaurantes devem fazer parte do roteiro de qualquer turista, principalmente os de primeira viagem.

Como a França tem a Torre Eiffel e a Itália, a Torre de Pisa, a Bélgica tem também o seu símbolo. Não se trata de nenhuma torre ou outro monumento grandioso e sim da estátua de um menino fazendo xixi. É isso mesmo. O famoso Manneken-Pis, cidadão de honra de Bruxelas, atrai a curiosidade de pencas de turistas que se acotovelam na esquina das ruas L?Etuve e du Chene por uma foto com a estátua de uma figura quase angelical.

O interesse dos turistas se dá pelas muitas histórias (ou lendas) em relação ao menino. Uma delas é que ele, um protegido do rei, sumiu na multidão, durante uma festa no palácio real, provocando um alvoroço entre os súditos do rei e, tempos depois, foi encontrado na esquina onde hoje fica a estátua, tranqüilamente, fazendo xixi. Outra história é a de que, ao fazer xixi, o menino ajudou a apagar um incêndio na prefeitura de Bruxelas.

Lendas e “estórias” à parte, a verdadeira história da cidade e do país pode ser conhecida no Museu Municipal de Bruxelas, situado em frente à prefeitura. Pinturas de Van Orley, porcelanas do século XVII, peças de escultura barroca, altares móveis com paisagens bíblicas e uma maquete da cidade no século XIII mostram a cidade de Bruxelas antes do bombardeio que parcialmente a destruiu em 1695. No Museu Municipal também estão quatrocentas estátuas do Manneken-Pis vestido com roupas doadas por turistas, ao longo dos anos.

Outro ponto de visitação interessante é o complexo que inclui o Museu Real de Belas Artes e o Museu de Arte Antiga, onde estão expostas obras da cultura flamenga, dos séculos XV e XVI, peças de Van der Weyden e de Pieter Brueghel, o mais famoso pintor belga da época.

Apesar de não dispor de poder efetivo, exercido pelo primeiro-ministro, o rei é o chefe de governo e símbolo da unidade da nação belga. Um pouco da importância da família real é representada por monumentos, palácio e parques. Hoje, apesar de o rei Alberto usar o palácio real somente como ambiente de trabalho, o local é sempre alvo dos flashes dos turistas. E tão atraente aos olhares dos visitantes quanto o palácio é o parque real, localizado bem em frente. O local é visitado não somente por turistas como pelos próprios belgas, que costumam fazer suas caminhadas no início da manhã.

Ainda caminhando pela área central da cidade, o turista ainda se depara com um interessante prédio de esquina, construído em estilo neoclássico, e que hoje abriga o Museu de Instrumentos Musicais. Em quatro pavimentos, pode-se ler sobre a história dos instrumentos e conhecer mais de sete mil peças de diversos países. No acervo, gaitas de foles do século XIX, cítaras da Índia, órgão francês, tuba de Bruxelas (1880), trompete de Paris (1877), piano londrino (1773) e um cravo (1646). Além de ver, o visitante pode ouvir pois, na entrada, ganha um fone de ouvido, que é acionado automaticamente cada vez que se pára em frente a um instrumento. Isso faz da visita uma grande diversão e uma viagem no tempo. Se quiser curtir um pouco mais, o turista pode assistir a um dos concertos apresentados por músicos locais, no último andar do museu.

Restaurantes e Hotel

– Le Roy Café – Grand Place, 1 (www.roydepagne.be)

– Le Pain Cotidien -Avenve Louise Lepoutre 2 A

– Belga Queen – Rue Fossé-aux-Loups, 32 (belgaqueen@busmail.net)

Hotel

– Royal Windsor Hotel -Rue Duquesnoy, 5 – a uma quadra da Grand Place.

Glamour e negócios na Cidade Alta

Danielle de Sisti

O charme de Bruxelas não é visto somente em sua área histórica, a chamada Cidade Baixa. Se, em uma visita à área histórica temos a impressão de que estamos em uma pequena e antiga cidade do interior da Europa, na Cidade Alta lembramos que Bruxelas é uma grande capital de cerca de um milhão de habitantes e que é a sede das importantes reuniões da União Européia. Como qualquer outra grande metrópole, também tem seu nervoso centro comercial e financeiro, representado por uma grande quantidade de bancos e altos prédios comerciais.

Fazem parte ainda dessa face moderna da bela Bruxelas as elegantes lojas de roupas de marcas internacionalmente conhecidas, freqüentadas pela população de maior poder aquisitivo e turistas atentos às últimas tendências do mundo fashion europeu.

Marcas famosas como Christian Dior, Louis Vuitton e Gisele Croes são comuns nas dezenas de elegantes lojas espalhadas, por exemplo, pela Avenve Louise Louiza. Mas não são somente as marcas conhecidas internacionalmente que enfeitam as vitrines. A Bélgica tem um grande número de designers, muitos dos quais de fama mundial. Mieke Cosyn, Jean Paul Knott e Nicolas Woit têm seus ateliês situados à rue Dansaert.

Alguns deles já exportam seus produtos para todo o mundo, como Christophe Coppen, especialista em chapéus e que vende suas peças para a famosa loja Takashima, situada à 5ª Avenida, em Nova York.

Alguns estilistas belgas famosos hoje deram início ao seu trabalho de divulgação junto ao grande público expondo suas peças na loja Stijl, de Sonja Noel, uma especialista em moda que estudou História da Arte e vem se dedicando há 18 anos a revelar novos talentos. Sua loja tem sempre peças de sete estilistas mulheres e de sete estilistas homens ainda desconhecidos pelo público. Martin Margiela, um dos mais conhecidos estilistas belgas atualmente, é um dos que foram apresentados ao mundo fashion e ao público por Sonja Noel.

Visitar a Stijl pode ser uma boa oportunidade de conhecer o trabalho de futuros Armani, Gucci e Dolce Gabanna e ainda adquirir peças exclusivas.

Fique atento e aproveite melhor sua estada

Brasileiros não precisam de visto para entrar na Bélgica para uma permanência de até noventa dias.

– O Aeroporto Internacional de Bruxelas (Zaventem) fica a treze quilômetros a nordeste do centro da cidade.

– A moeda vigente nos países da Comunidade Européia é o euro, que equivale a R$ 3,68 (cotação do dia 3 de dezembro).

– Na Bélgica, se fala o francês e o holandês, mas quase todos os profissionais que trabalham com turistas também falam inglês.

– Fique atento ao fuso horário. Durante o horário de verão brasileiro, a diferença é de três horas a mais que no Brasil.

– O inverno no país não é tão rigoroso quanto ao de outras localidades da Europa. No inverno, as temperaturas atingem, no mínimo, cinco graus e, no verão, a máxima chega a 25 graus.

– Andar é a melhor forma de conhecer as famosas cidades belgas, por isso, leve um tênis ou sapato bem confortável para caminhar bastante.

– O trem é a melhor alternativa de locomoção entre as cidades. Preços no site: www.nmbs.be.

– Visitar a Grand Place é um programa imperdível, à luz do dia e à noite – o cenário muda.

– Passe algumas horas no Museu Real de Belas Artes e no Museu de Arte Antiga, que funcionam no mesmo local. O ingresso é 5 euros e permite a entrada nos dois.

– Um bom presente para levar da Bélgica para familiares e amigos são as bolachinhas em formato de Papai Noel. Elas são deliciosas e podem ser encontradas em muitas lojinhas próximas à Grand Place.

Do Brasil à Bélgica

Danielle de Sisti

Não há vôos diretos do Brasil para a Bélgica. As companhias oferecem vôos que partem de São Paulo em direção a algumas cidades européias e operam conexões até Bruxelas. Quem mora no Paraná pode optar por vôos saindo de Curitiba. Veja as tarifas (ida e volta) oferecidas por algumas companhias para o mês de dezembro e janeiro.

Lufthansa: Curitiba-São Paulo-Frankfurt(Alemanha)-Bruxelas – R$ US$ 1.171, de segunda a quinta e US$ 1.207, de sexta a domingo.

Tarifa válida de 13 de dezembro a 19 de janeiro. (Os vôos entre Curitiba e São Paulo são feitos pela Varig, que é parceira Star Alliance da Lufthansa).

TAP: Curitiba- São Paulo-Lisboa-Bruxelas – US$ 1.171 de segunda a quinta-feira e US$ 1.207, de sexta a domingo. Tarifa válida de 13 de dezembro a 19 de janeiro.

Na promoção vigente entre os dias 23 a 31 de dezembro, a tarifa para os mesmo trechos cai para US$ 852. Não estão incluídas as taxas de embarque.

Varig: Curitiba-São Paulo-Paris-Bruxelas – US$ 893, de segunda a quinta. Sexta, sábado e domingo, a viagem é via Frankfurt (Curitiba-São Paulo-Frankfurt-Bruxelas) e a tarifa é US$ 923. De Paris a Bruxelas, os vôos são operados pela Air France e Sabena e, em Frankfurt, pela Lufthansa (são operadoras parceiras da Lufthansa).

A jornalista viajou a convite da Belgian Tourist Office, Tourist Office for Flandres e Lufthansa.

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