No caminho entre o aeroporto e o hotel, os olhos vidrados procuram a neve. Enquanto ela não aparece, a distância até os 1,6 mil metros de altura, onde está um dos mais sofisticados complexos de esqui da América do Sul, ao pé da Cordilheira dos Andes, parece bem maior do que realmente é. Ver a paisagem branquinha, tentar agarrar os flocos gelados e sentir o frio congelante das temperaturas abaixo de zero por mais esquisito que isso possa parecer ainda são o que o motiva milhares de brasileiros a procurar as principais estações de esqui do Chile entre junho e setembro.
Em Termas de Chillán não é diferente. Os brasileiros, aliás, dominam a sala da lareira, o restaurante, as aulas para iniciantes. Em família ou grupo de amigos, os esquiadores tupiniquins se destacam pela animação típica e, em muitos casos, pela pouca intimidade com as pesadas botas de esqui. O que, obviamente, não faz a menor diferença quando o assunto é descontração. Tombos são motivos a mais para se divertir.
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| No Gran Hotel, gastronomia internacional e completa carta de vinhos. |
Se levado em conta que neve é fato raro no Brasil, muitas vezes digna de manchete de jornal, dá para entender por que ela é a grande responsável por crises de excitação e alegria que beiram o comportamento infantil. ?Eu precisava pegar, comer e sentir a neve cair no meu rosto. É muito lindo, não conseguia parar de olhar?, conta um brasileiro que viu o fenômeno pela primeira vez em Chillán, às vésperas de completar 40 anos de vida.
Os bosques, os trenós, os hotéis e o aconchego da estação atraem mais que as próprias pistas. O lugar é também para quem quer relaxar ou está à procura de outras atividades além do esqui. Dependendo do clima, caminhadas são uma boa opção. Alguns trajetos servem ao esqui de fundo – também chamado de ?snowshoe?-, bem mais lento por conta do tamanho do acessório usado no lugar do esqui convencional, em forma de raquete de tênis. É fácil de usar e possibilita fazer caminhos que o esqui tradicional não faz.
Por associar o esporte a uma estrutura de termas e spa, Chil-lán consagrou-se por atrair os mais diferentes tipos de público. Até mesmo os que buscam apenas a paisagem branquinha, harmonizada com um bom vinho e uma culinária toda especial. O Shangri-lá, principal restaurante do Gran Hotel, é uma atração a mais no complexo Termas de Chillán.
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| Brincadeiras na neve: todo mundo vira criança. |
Com gastronomia internacional e um variadíssimo buffet de saladas e antepastos, o restaurante dispõe de uma das mais completas cartas de vinho do Chile. Ao todo, são 350 variedades e 25 cepas diferentes. A grande estrela da adega, segundo o chefe de alimentos e bebidas do hotel, Eduardo Figueroa, é o Don Melchor merlot 1998, da Concha y Toro. Mas há outros bons títulos, como o carmenére da Casa de Giner Reserva, vinícola localizada do Vale de Itata, e o Clos Apalta, ideal para acompanhar carnes vermelhas ou para tomar à beira da lareira.
A jornalista viajou a convite das Termas de Chillán e Lan.
Cassino e spa são as grandes novidades
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| Grande novidade da temporada, cassino incrementa ainda mais as opções além-esqui em Termas de Chillán. |
A nova estrutura ampliada do Gran Hotel de Termas de Chillán reserva duas surpresas para quem visitar o complexo neste segundo semestre. Mais de duas dezenas de crupiês estão sendo treinados para trabalhar em um dos mais bem equipados cassinos do Chile. A atração ainda não tem data para ser inaugurada, mas a previsão é de que abra a partir do mês que vem. Ótimo motivo para visitar as termas depois da alta temporada de julho, quando a neve já bem compactada é de qualidade superior para a prática de esqui.
O outro diferencial de 2007 é o novo spa do Gran Hotel. Ambientado com velas e músicas para relaxamento, a estrutura dispõe de sessões de reiki, shiatsu, aromaterapia, lamaterapia, massagem tailandesa, sauna seca e molhada, jacuzzi com águas sulfurosas, limpeza de pele, além das piscinas aquecidas naturalmente com águas que chegam das montanhas andinas, das entranhas da terra vulcânica de Chillán. Tudo para voltar para casa novinho em folha.
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| Novo spa oferece tratamentos variados, estéticos e de relaxamento. |
As piscinas aquecidas, aliás, viram ponto de encontro entre esquiadores no final da tarde, depois que as pistas fecham e é preciso recompor o organismo e relaxar os músculos. A piscina é dividida em dois ambientes, um interno e outro externo, onde é possível ficar quentinho sob a água a uma temperatura de 40 graus, ao mesmo tempo em que se vê a neve cair sobre a cabeça. Uma das experiências fascinantes da viagem.
Para a família do médico gaúcho Luiz Bardini, que costuma esquiar todos os anos em estações diferentes da América do Sul, um dos principais diferenciais de Chillán está justamente nas águas termais. ?Depois de um dia de muito esforço na neve, a melhor coisa é cair na piscina até o corpo ficar bem relaxado?, diz a esposa, Maria Alice Bardini. (LZ)
Vista-se de esquimó e divirta-se em Chillán
Fotos: Jaime Bórquez![]() |
| Passeio de trenó oferece diversão para toda a família. |
No começo, toda aquela parafernalha de roupas grossas, botas pesadas e esquis parece mais atrapalhar do que ajudar. Aos poucos, com as primeiras aulas na neve, você passa a entender o porquê de cada coisa, milimetricamente calculada para dar segurança ao deslizar e frear montanha abaixo, em uma temperatura geralmente abaixo de zero grau. Quem ainda não esquia ou acaba de calçar as botas pela primeira vez costuma se perguntar como é que um cidadão paga ?para passar trabalho? em plenas férias.
Besteira! Ouvir o som dos esquis ?cortando? a neve em meio ao silêncio da Cordilheira dos Andes compensa qualquer sacrifício inicial. A paisagem de Chillán, em meio a bosques bem preservados, confere uma atmosfera única às trinta pistas espalhadas em dez mil hectares de área esquiável, divididas em níveis fácil, médio e difícil. É aqui que você vai encontrar a pista mais longa dos Andes, com treze quilômetros de extensão.
O complexo é geralmente freqüentado por uma turma bem eclética. Há desde aqueles que não estão para brincadeirinhas na neve até turistas que arriscam os primeiros passos sobre os esquis. Isso porque há uma grande variedade de percursos, devido à estratégica altitude de 1650 metros da estação. Mesmo quando não cai neve no continente, a estação fica toda branquinha.
Além do esqui, os turistas ainda podem se entreter com passeios em trenós puxados por cães, snowmobile (aquela moto que anda na neve) e piruetas no Snowpark. Uma atração exclusiva de Chillán são os seis cachorros da raça malamute do Alasca, além de um guia-piloto, que levam o passageiro por suaves ladeiras entre bosques de carvalho. Se desejar velocidade, pode-se optar pelas motos de neve. Ou se preferir algo mais tranqüilo, melhor caminhar com esqui de fundo entre os bosques nevados. Esta modalidade é também chamada de esqui nórdico ou randonee e consiste, basicamente, em caminhar com esquis especiais, sem possibilidade alguma de cair e se machucar.
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| Na imensidão branca, o silêncio e a sensação de paz: quem esquia sabe. |
Quem deseja viajar com filhos pequenos provavelmente se surpreenderá com a facilidade das crianças em se equilibrar sobre os esquis e rapidamente sair deslizando. O hotel tem programação especial para elas. Esqui de fundo, passeios de trenó puxado por cachorros, caça ao tesouro, jogos de mesa e outras atividades entram para a lista, além das habituais práticas de esportes na neve.
Apesar do frio intenso, não é preciso exagerar na mala. Dentro dos hotéis, todos ficam de camiseta, no máximo um moletom. Para esquiar, os macacões disponíveis para aluguel nos hotéis aquecem o corpo, apenas sobre uma camisa de manga comprida. Um ou dois agasalhos, além de duas ou três blusas de lã ou moletom, são mais do que suficientes para uma semana. Quanto às luvas de lã, é importante levar mais de um par, pois elas ficam molhadas nas atividades na neve. Ou então investir em um acessório específico para esquiar, de material impermeável. Tudo para aproveitar ao máximo os dias em Termas de Chillán, tendo o frio como aliado, em todos os momentos.








