Ligúria, uma jóia na Riviera Italiana

Apesar de pequena, a simpática região da Ligúria é uma das mais ricas da Itália. É uma pena que não seja tão visitada por brasileiros como a região do Vêneto, onde se situa a famosa Veneza. Localizada no Noroeste do país, a Ligúria está espremida entre uma grande cadeia de montanhas e as águas do Mar da Ligúria.

Por sua geografia – em formato côncavo em que a parte de baixo é o mar e a de cima, o continente – tem uma paisagem muito interessante. Olhando ao longe, suas cidades, com as casinhas muito unidas umas às outras, parecem prestes a despencar no mar. Levando a imaginação ao longe, parece uma tela impressionista, cheia de detalhes e cores. Paisagem para Monet e Renoir nenhum botar defeito.

Se se considerar o preceito da corrente impressionista que destaca a pintura ao ar livre, aproveitando a luz solar para iluminar o tema da obra, pode-se dizer que a Ligúria é um modelo vivo perfeito para os artistas impressionistas, pois tem cor (um mar azul escuro e suas casas em tons pastel) e tem o sol, presente muito mais tempo lá do que na maior parte da Europa.

Vale ressaltar que o clima agradável é um dos responsáveis por atrair tantos turistas à região, não só no verão. Claro que é nos meses mais quentes do ano, em que a temperatura média ultrapassa os trinta graus, que seus balneários ficam lotados de turistas, principalmente os europeus, que se acotovelam por um pedacinho de lugar ao sol nas pedras ou na sua beira-mar coberta de cascalhos e areia grossa. É a Riviera Italiana, viva, colorida e ensolarada.

A Ligúria é dividida em duas partes. A oeste fica a chamada Riviera di Ponente e a leste, a Riviera di Levante. Gênova, a capital da região e sua única grande cidade (tem aproximadamente oitocentos mil habitantes), fica no centro das duas rivieras. Gênova é também uma das quatro províncias da Ligúria; as outras três, La Spezia, Savona e Impéria, são bem menores, com cem mil, sessenta mil e cinqüenta mil habitantes, respectivamente.

Capital Cultural

Ao andar pelas ruas de Gênova percebe-se que a cidade vive um clima diferente. É que no ano que vem a cidade desfrutará o título de Capital Européia da Cultura e esse fato é lembrado em faixas e cartazes que estão colorindo e modificando fachadas de importantes pontos turísticos e culturais. Diversos eventos estão sendo programados para acontecer ao longo do ano por conta do título, começando com um concerto no Teatro Carlo Felice, já no dia 1.º de janeiro.

Por ser um ano especial para a cidade, 2004 é um bom período para se visitar a capital da Ligúria. Mas, independentemente disso, Gênova é um destino que deve constar no roteiro de qualquer pessoa que visitar a Itália.

Gênova, entre o antigo e o novo

A capital da Ligúria tem como filho mais ilustre Cristóvão Colombo (1451), embora há quem diga que o navegador que descobriu a América nasceu em Savona e há também quem afirme que ele nem era italiano e sim espanhol ou português. Controvérsias à parte, Colombo é lembrado em todas as partes da cidade. Dá nome ao aeroporto, a diversos prédios públicos, a uma praça em forma de losango (Piazza Colombo) e uma estátua sua enfeita a Piazza Acquaverde.

Gênova é uma cidade para se conhecer a pé, como as mais interessantes da Europa. Só é bom ficar atento em relação ao trânsito. Os italianos dirigem rápido e há uma infinidade de motos – tipo Biz – circulando pelas estreitas ruas da cidade, num vai-e-vem sem fim. Suas ruas estreitas se intercalam com calçadões de comércio e belas praças. Tudo parece sustentado por uma grande espinha dorsal, a Avenida Vinte de Setembro – o nome lembra uma data importante na Itália, foi o dia em que Roma foi proclamada capital. Larga e nervosa, a Vinte de Setembro tem um comércio sofisticado, com lojas de grifes diversas e preços altos, que se misturam a outras menos glamourosas e até banquinhas de jornal. Ou seja, encontra-se de tudo na grande avenida: roupas, jóias, souvenirs, bolsas, calçados, MacDonald?s, bancos, revistas.

É na Vinte de Setembro que se situa o Hotel Bristol, o mais histórico de Gênova. O prédio foi construído por volta de 1850, mas transformado em hotel somente em 1902. Há cerca de trinta anos, o primeiro andar abrigava o consulado brasileiro, juntamente com um escritório da Varig. Naquela época, até os anos oitentas, havia uma grande concentração de brasileiros no hotel – cerca de 50% da ocupação. “Nas décadas de 70 e 80 circulavam por aqui 1,6 mil brasileiros por ano”, informa Giovanni Ferrando, vice-diretor da unidade.

Praças

As praças de Gênova são atrativos turísticos que enchem os olhos dos visitantes, com suas fontes que tanto caracterizam os logradouros italianos. Uma delas é a Piazza di Ferrari com sua fonte central, instalada por Mocellini em 1936. A praça é rodeada por prédios históricos, dentre os quais o da Ópera (1827), o do Governo da Ligúria e o do Palazzo Ducale (1339), antiga casa dos doges (magistrados supremos da antiga República de Gênova), onde hoje acontecem eventos culturais e artísticos e até encontros político-econômicos, como as reuniões do G-8, os oito países mais industrializados do mundo.

Além de sua importância histórica, o Palazzo Ducale chama a atenção por sua fachada, coberta por um painel pintado que cria uma ilusão ótica para quem vê de longe.

A partir da Piazza di Ferrari, em direção ao famoso porto, Gênova revela o seu centro histórico. Em poucas quadras, o turista vai encontrar alguns dos ícones da cidade, como a Igreja dos Jesuítas, prédio em estilo barroco construído em 1585, e a suntuosa Catedral de San Lorenzo, construída em 1118, na praça de mesmo nome. Além dos detalhes típicos do estilo românico-gótico, o prédio tem uma fachada interessante – toda em mármore listrado em preto e branco (hoje mais parece cinza e bege, pela ação do tempo).

Andando pelas ruelas do centro histórico, repare um detalhe curioso: em cada esquina de galeria, exatamente na quina entre os dois prédios há uma imagem de Nossa Senhora. E o guia de turismo ressalta: “Quanto mais alta estiver colocada a Madona, mais caro custou a construção do prédio”.

Modernidade

A capital da Ligúria está passando por um processo de renovação. Avistam-se obras de restauração de prédios históricos por todos os cantos. E não se trata de um reflexo da conquista do título de Capital Européia da Cultura, já que as obras tiveram início já há alguns anos. Muito além da simples renovação, a modernidade é presente de forma efetiva na área do porto, o famoso Porto de Gênova, que é, comercialmente, o mais importante de toda a Itália e o responsável pelo início da prosperidade da cidade, nos séculos 11 e 12.

Depois de passar por um total processo de reurbanização, comandado pelo italiano Renzo Piano, o local foi reaberto em 1992. As obras resultaram em um ponto turístico muito interessante, uma outra face da antiga Gênova. Além do novo visual, a área portuária tem equipamentos modernos ao encontro dos interesses turísticos, um elevador panorâmico, o Bigo, que permite uma vista de 360 graus da cidade.

Noite

Os antigos galpões de armazenagem do porto hoje são descolados restaurantes, bares e discotecas que abrem diariamente atraindo um grande número de pessoas de diversas faixas etárias. Entre os restaurantes está o charmoso I tre merli, onde se pode degustar o famoso pesto italiano (molho feito de alho, queijo, azeite e pignoli) em diferentes tipos de massa em pratos cujos preços variam de 10 a 14 euros, ou outros, com frutos do mar e vegetais, que saem por 12 a 18 euros.

À noite, vá a pelo menos uma das discotecas. A entrada é gratuita em qualquer uma delas e os preços das bebidas não são exorbitantes, apesar de as casas estarem situadas em um dos mais atraentes pontos turísticos da cidade. Agradável terminar um dia de turista em Gênova dançando em um deck, olhando para o céu e o mar.

Na área do porto ainda, não deixe de visitar o Aquário de Gênova, inaugurado em 1992. O local abriga seis mil animais de seiscentas espécies diferentes, entre invertebrados, peixes, mamíferos, aves, répteis e anfíbios. Lá o turista vai encontrar doces golfinhos, vai tocar em tubarões e se deslumbrar com as cores e formatos de certos peixes. O aquário recebe 1,4 milhão de visitantes por ano e somente nos primeiros cinco anos de sua inauguração (1992 a 1997) recebeu sete milhões de pessoas. Os preços do ingresso são 12,50 euros por adulto e 9,50 euros para crianças de até doze anos. (DS)

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