Gaúchos amargam crise na hotelaria

A pior temporada da história para a hotelaria, com a possibilidade de crise e de fechamento de estabelecimentos. Esta foi a conclusão do diretor executivo da ABIH-RS e técnico em turismo, José Justo, ao analisar uma pesquisa feita este mês pela empresa Impact, de Gramado, sobre a ocupação no setor de hotelaria na temporada de verão 2002/2003. Os dados mostram que o setor teve um “revés histórico” nesta temporada em todas as regiões turísticas do Estado. “Por motivos que ainda precisam ser explicados, a promoção do verão gaúcho falhou em todas as regiões turísticas e registrou ocupação média dos hotéis de apenas 40%”, informou.

As regiões consideradas são as seguintes: Capital, cujo carro chefe são os negócios e eventos; Litoral Norte, com forte presença de visitantes do interior do Estado e platinos; Litoral Sul, com seus atrativos naturais e santuários ecológicos, além de extensas praias e grandes lagoas; Região das Hortênsias, com turismo de lazer e eventos o ano todo; Região da Uva e Vinho, que tem a mais diversificada atividade de atrair visitantes, com a cidade de Caxias do Sul polarizando os negócios e Bento Gonçalves promovendo a cultura italiana, a gastronomia e grandes eventos; Regiões Termais; Missões e Área Paleobotänica de Santa Maria.

Segundo Justo, regiões que anualmente tinham lotação plena, como o Litoral Norte, tiveram ocupação média na temporada de apenas 50%, um índice muito baixo, em razão do período de duração do veraneio gaúcho. “A pesquisa mostrou um número desanimador, já que a região dispõe de apenas dois meses de faturamento por ano.

Porto Alegre, que tradicionalmente fica esvaziada no verão, salvou-se pelo Fórum Social Mundial, que atraiu perto de cem mil visitantes de todas as partes do mundo e do Brasil. Ficou só nisto. Fevereiro foi um fracasso geral.

A Região das Hortênsias -que compreende basicamente Nova Petrópolis, São Francisco de Paula, Canela e Gramado e tem uma infra-estrutura invejável – teve os mais baixos índices de ocupação de sua história turística, segundo Justo. “É um fato inexplicável para quem sempre teve os melhores planejadores e promotores de turismo do Estado”. A Região da Uva & Vinho sofreu menos, mas também não foi um “mar de felicidade”, na visão do executivo da ABIH/RS. Caxias do Sul perdeu vôos regulares em função da crítica situação da atividade aérea nacional e Bento Gonçalves passou ilesa devido a visão de seus empreendedores. Seu relativo sucesso, porém, não foi suficiente para incrementar a “média pífia” de ocupação que os hotéis do Estado tiveram neste verão.

A pesquisa da Impact, empresa especializada em pesquisas turísticas na região de Gramado/Canela, revelou também que o Litoral Sul, onde se concentra o maior patrimônio histórico dos gaúchos, os números não foram bons. “A média de 40% de ocupação dos hotéis nesta região e em todo o Rio Grande do Sul pode ser chamada de ?taxa de preocupação?, tal o clima de apreensão dos líderes do setor hoteleiro”, afirma o dirigente da associação.

Reação

Justo informa que os empresários do setor precisam agir imediatamente para reverter a situação no futuro. “A pesquisa recomenda a adoção de medidas urgentes e mostra que não é possível mais depender de argentinos ou chorar os prejuízos pelos novos investimentos em hotelaria que estão sendo realizados.

A pesquisa sugere que, para a próxima temporada, a cadeia produtiva do turismo gaúcho “pise fundo no acelerador da promoção”, se preparando com antecedência, sem buscar desculpas ou culpados, mas com a convicção de que não poderá esperar pelos governos. “Teremos que agir em conjunto com o setor público, mas sem esperar soluções mágicas ou milagrosas”, diz Justo. Na conclusão do estudo/pesquisa, a Impact diz que a hotelaria e o turismo gaúcho não poderão se deixar influenciar por fatores externos fora de seu controle – como uma guerra, por exemplo. “Precisamos buscar novos mercados, criar novos atrativos, modernizar o parque instalado e aperfeiçoar a gestão, buscando menos custo e mais qualidade”, diz Justo.

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