Fato histórico atrai turistas a Laguna

Laguna vive e respira a história vivida por sua mais ilustre moradora. Anita Garibaldi, nascida no município em 30 de agosto de 1821, é o grande orgulho da pequena cidade catarinense, que ainda guarda em suas ruas e no seu centro histórico registros da saga vivida pela mulher que virou heroína e que ainda hoje é considerada a “Mãe da Itália”. Mas não foi sempre assim. Até bem pouco tempo atrás, Anita Garibaldi, apesar de ter seu nome em monumentos, praças e museus, não era lembrada com tanto carinho e respeito por parte do povo de Laguna.

Protagonista de uma história de amor que teve início com a Tomada de Laguna, em 1839, Anita não era vista com bons olhos pelos lagunenses pelo fato de ter fugido para a Itália com um estrangeiro -Giuseppe Garibaldi – para participar de uma revolução, de arma nas mãos – como só os homens faziam – para lutar pela liberdade e fraternidade, motes da Revolução Farroupilha. Há menos de oito anos é que Laguna passou a ter orgulho de ser a cidade natal de Ana Maria de Jesus Ribeiro e vê-la como uma mulher que viveu muito à frente de seu tempo, corajosa e determinada, que lutou pelo que acreditava ser o melhor caminho para o seu país.

A mudança de mentalidade foi gradual e, em 2000, pela primeira vez, o episódio da Revolução Farroupilha em Laguna, que culminou na Proclamação da República Catarinense, e o romance entre Anita e Garibaldi viraram espetáculo, aumentando ainda mais a auto-estima dos lagunenses e atraindo turistas de diversas partes do Brasil.

A Tomada de Laguna

O espetáculo intitulado A Tomada de Laguna tem o envolvimento maciço dos moradores da região. É uma peça teatral encenada a céu aberto, produzida e interpretada principalmente por lagunenses. Mais de trezentos moradores, entre figurantes e atores amadores do Grupo Municipal de Teatro, participam do espetáculo protagonizado, este ano, pelos atores Werner Schünemann e Samara Felippo, que viveram Garibaldi e Anita.

Um dos fatos curiosos da peça é que ela está sendo dirigida por, ninguém mais, ninguém menos que o prefeito da cidade, Adílcio Cadorin. Foi ele também um dos principais responsáveis pela valorização da personagem entre os lagunenses e pelo projeto da peça, quando ainda nem era prefeito. Hoje ele lembra que coordenou e dirigiu a primeira edição nas ruas da cidade com apenas R$ 25 de recursos que serviram para a compra da pólvora utilizada para ilustrar os tiros no conflito entre farrapos e imperialistas.

O espetáculo cresceu e se profissionalizou. A atual edição já é fruto de um investimento de R$ 1,2 milhão divido entre o governo do Estado e a Prefeitura Municipal. O palco principal foi uma avenida beira-mar do centro da cidade, que foi revestida de areia, para representar a praia por onde a tropa liderada por Garibaldi entrou na cidade. Dois barcos foram utilizados para fazer as cenas de luta entre os farroupilhas e os imperialistas. A cidade cenográfica mostrou ainda a casa onde Anita vivia e um telão mostrava cenas gravadas. A assinatura da Proclamação da República Catarinense, também chamada de República Juliana, foi encenada exatamente no local onde aconteceu, em 29 de julho de 1939, na antiga Câmara de Vereadores onde hoje é o Museu Anita Garibaldi.

A Tomada de Laguna é um dos episódios importantes da Revolução Farroupilha mostrada na minissérie A Casa das Sete Mulheres. Porém, o fato de ser apresentada ao vivo e exatamente no local onde tudo ocorreu rendeu uma emoção a mais para espectadores e atores. “Representar Garibaldi aqui, em Laguna, é muito especial, porque estamos pisando onde os personagens pisaram. Eu agradeço por poder dar continuidade a esse imaginário nos dias de hoje não no sentido de preservar tradições e sim de reler o passado”, disse o ator Werner Schünemann, que também atuou na minissérie.

O intérprete de Garibaldi destacou ainda a seriedade com que o espetáculo foi produzido e realizado pelos moradores da cidade. “Não tinha idéia de que tudo era tão grande, o processo todo do espetáculo foi ?profissionalésimo?”, observou.

Serviço: o espetáculo A Tomada de Laguna terá sua última apresentação às 18h do dia 2 de agosto, no Centro Histórico, próximo ao Mercado Público. Os ingressos custam R$ 20 e podem ser adquiridos no Cine Teatro Mussi e na agência de turismo Kürtentur, localizada na Avenida Senador Galloti, 615, na praia do Mar Grosso. Mais informações: (48) 644-0442.

Laguna, cenário real da saga de Anita

Danielle de Sisti

Laguna oferece aos turistas atrativos históricos e naturais. Situada a 410 quilômetros de Curitiba, a pequena cidade de sessenta mil habitantes chega a registrar trezentos mil na alta temporada de verão (dezembro a fevereiro). Os paranaenses estão entre os mais assíduos freqüentadores da cidade, principalmente nos meses de verão e, mais ainda, no período de Carnaval. A festa acontece no Centro Histórico, onde desfilam as cinco escolas de samba, e no Balneário Mar Grosso, onde ficam os trios elétricos e as bandas.

Mas a cidade é turística por natureza e merece visitação o ano todo. Laguna foi a primeira cidade do Sul de Santa Catarina a ser tombada pelo Patrimônio Histórico Nacional, o que aconteceu em 1985. Hoje, o município tem seiscentas casas e diversos monumentos históricos tombados, dentre eles o casario ao redor do Museu Anita Garibaldi, exemplo da arquitetura luso-brasileira. Instalado na Praça República Juliana, o museu tem cerca de duas mil peças que retratam a arte e a história de três séculos, todos doação da população. Construído em 1747, o prédio serviu de cadeia pública na parte inferior e, na superior, de Câmara de Vereadores, onde foi assinada a Proclamação da República Juliana, em 1839.

Outro museu que merece visitação por quem quer conhecer um pouco mais sobre a vida da mais ilustre moradora do município é a Casa de Anita, construída em 1711, em estilo colonial. Apesar do nome, a heroína nunca morou no local. Lá ela se vestiu para seu primeiro casamento, como era de costume na época, seguindo para a Igreja Matriz Santo Antônio dos Anjos, localizada em frente.

A festa para os convidados também foi realizada no museu que, hoje, abriga móveis e utensílios domésticos, fotografias de Anita e de Giuseppe Garibaldi, a certidão de nascimento de Anita, um dos mastros do barco Seival, com o qual Garibaldi invadiu Laguna, e uma urna onde está a terra de sua sepultura, oriunda do cemitério de Ravena, na Itália. Funciona diariamente das 8h às 18h. A entrada custa R$ 1 por pessoa.

A Fonte da Carioca mexe com a crença e as superstições de quem visita a cidade. Conhecida como a fonte dos namorados e da juventude, segundo os moradores, a fonte traz a quem bebe de sua água o poder da juventude eterna e a certeza de volta à histórica Laguna. Nem todo mundo sabe, mas o meridiano acordado no Tratado de Tordesilhas, que dividia o Novo Mundo em português e espanhol, passava por Laguna. O monumento demarcatório está localizado próximo à rodoviária municipal.

Natureza

Além da história que muito chama a atenção de quem visita Laguna, a cidade tem atrativos naturais que cativam turistas do Brasil inteiro e do exterior. A cidade tem dezesseis praias de águas cristalinas e um total de quarenta quilômetros de orla marítima. Entre elas estão as praias de Itapirubá, do Sol, da Cabeçuda, do Tamborete e da Galheta. As mais famosas entre os turistas estão as praias Grande, do Mar Grosso, do Farol, do Gi, do Cardoso e da Cigana. Quem pretende curtir a vida noturna da cidade deve procurar a Praia do Mar Grosso, point preferido dos veranistas.

Já para quem prefere surfar, as praias do Farol de Santa Marta são as prediletas. Há também praias agrestes, como as do Gravata e do Manelome (ou Siri), cujo acesso é feito somente por trilhas ecológicas, em caminhadas de trinta a quarenta minutos.

Outros pontos que devem ser visitados em Laguna são a Pedra do Frade, na Ponta do Gi (muitos historiadores defendem que se trata de um marco do Tratado de Tordesilhas) e os Molhes da Barra, no balneário Mar Grosso, ótimo local para quem gosta de pescar. Nos molhes, guarde um tempinho para assistir à pesca feita com a ajuda dos botos. É um verdadeiro espetáculo da natureza. Os botos da região conduzem os cardumes para perto dos pescadores que, ao observar a movimentação dos “parceiros”, jogam a tarrafa no momento certo e recolhem a rede carregada. Uma tarrafa pode trazer de sessenta a setenta tainhas. É de encher os olhos e deixar qualquer um de boca aberta. Segundo os pescadores da região, esta integração entre o homem e os botos é secular, aprendida entre as gerações.

Não deixe de visitar também o Cabo de Santa Marta, situado a dezessete quilômetros do centro da cidade. Lá está o famoso Farol de Santa Marta, com 29 metros de altura, considerado um dos maiores das Américas. Construída em 1891, sua estrutura foi feita com pedra, areia, barro e óleo de baleia. Sua luz emite lampejos a cada quinze segundos iluminando o caminho das embarcações solitárias. Hoje o acesso ao farol é restrito e requer autorização da Marinha, expedida na Capitania dos Portos.

Gastronomia

A gastronomia em Laguna está ligada aos antepassados açorianos, tendo os frutos do mar como base dos pratos. Camarão e peixe de diversos tipos e com diferentes temperos e molhos podem ser encontrados na grande maioria dos restaurantes. É importante frisar que, em algumas praias, há restaurantes que fecham nesta época de baixa temporada. Na Comunidade Farol de Santa Marta, por exemplo, um dos poucos restaurantes abertos durante todo o ano é o Jurikão, que serve porções e pratos combinados a preços razoáveis. Um prato com peixe frito, camarão ensopado, arroz e salada custa R$ 20 e serve duas pessoas. Telefone: (48) 691-8000.

O telefone do serviço de informações turísticas de Laguna é (48) 9108-4654.

A jornalista viajou a convite da Santur, órgão oficial de Turismo do Estado de Santa Catarina.

Hotéis e restaurantes

Onde ficar

Laguna Tourist Hotel

– é um dos mais tradicionais da cidade. Oferece diárias a partir de R$ 140 por pessoa, em apartamento duplo, incluindo café da manhã. Tarifa válida até 31 de outubro. Telefone: (48) (48)647-0022.

Hotel Itapirubá

– telefone: (48) 646-0294

Turismar Hotel

– telefone: (48) 647-0024

Ravena Cassino Hotel

– telefone: (48) 647-0450

Hotel Farol de Santa Marta

– telefone: (48) 986-1257

Hotel Mar Grosso

– telefone: (48) 647-0298

Onde comer

Restaurante Caiçara

(Praia do Mar Grosso) – telefone: (48) 647-0260

Pizzaria da Gina

(Praia do Mar Grosso) – telefone: (48) 647-1448

Restaurante Lagoa

(bairro de Cabeçuda) – telefone: (48) 646-0844

Restaurante e Churrascaria Peralta

(Centro) -telefone: (48) 986-1775

Restaurante Boião

(Ponta da Barra) – telefone: (48) 986-1880

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