Brasília relembra Juscelino

Este ano, a capital federal está em festa. É que no dia 12 de setembro será comemorando o primeiro centenário de nascimento de seu idealizador, o ex-presidente Juscelino Kubitschek. O espaço de quase cinco mil metros quadrados situado no Eixo Monumental e que abriga o Memorial JK será, mais do que nunca, o alvo da atenção dos turistas. O museu, inaugurado em 1981, abriga centenas de objetos e fotografias do ex-presidente, da sua família, da sua trajetória na vida pública e dos vários fatos que marcaram a construção de Brasília.

E durante todo este ano, será lembrada a trajetória do ex-presidente que contribuiu para tornar um sonho realidade: a fundação da cidade, em 21 de abril de 1960, depois de quatro anos de obras. O Palácio da Alvorada, a casa do presidente da República, foi a primeira construção a ser concluída, em 1958. Desde o ano passado, o centenário de JK vem sendo lembrado nos grandes eventos que a cidade sediou. Uma das ocasiões foi durante a abertura do 29.º Congresso da Abav (Associação Brasileira das Agências de Viagens), ocorrido na cidade, em setembro, quando o presidente Fernando Henrique Cardoso, em seu discurso, elogiou a criatividade do ex-presidente Juscelino Kubitschek em criar a cidade-símbolo do poder com características tão únicas e marcantes. “Juscelino foi um dos maiores líderes de nossa história. Seu nome se tornou indissociável da própria idéia de desenvolvimento”, disse o presidente na ocasião. FHC elogiou também a genialidade de Lúcio Costa e Oscar Niemeyer, arquitetos responsáveis, respectivamente, pelo urbanismo e obras arquitetônicas da cidade. “Era preciso ter a imaginação de Juscelino para tomar a decisão de aqui, no meio do Brasil, construir uma cidade e era preciso ter o gênio, também brasileiro, de Oscar Niemeyer e Lúcio Costa de fazerem com que estes edifícios virassem símbolos, como eles hoje viraram. Não símbolos do poder, mas símbolos de um poder que se quer democrático, porque Brasília foi construída de uma maneira aberta”, discursou Fernando Henrique.

E foram estas pessoas, citadas pelo presidente, que fizeram da capital federal um verdadeiro palco ao ar livre de exposições para projetos arquitetônicos e urbanístico arrojados que atraem curiosos do mundo inteiro. No ano passado, a capital federal recebeu 326.200 turistas de diversas partes do Brasil, além de 33.390 estrangeiros, segundo o Departamento de Estatística da Secretaria de Turismo.

Mas não é só sua arquitetura que atrai turistas à capital federal. Brasília também virou atração de pessoas dos mais variados cantos do mundo por seus recursos naturais e pelo misticismo – alguns estudiosos afirmam que a cidade foi criada sob a orientação de mentores espirituais para ser a capital do terceiro milênio.

Brasília é Patrimônio Cultural

Seu projeto urbanístico e a arquitetura arrojada de seus monumentos fizeram Brasília receber o título de Patrimônio Cultural da Humanidade, em 1987, pela Unesco. E são essas características também que fazem a capital federal, com seus dois milhões de habitantes espalhados por suas 16 cidades satélites que formam o Distrito Federal, ser uma cidade de personalidade forte. Seu desenho em forma de cruz (ou avião), projetado pelo urbanista Lúcio Costa, divide a cidade em setores, de fácil identificação. Cada traço dessa cruz é um eixo – o Rodoviário e o Monumental – que tem a mesma extensão (14 quilômetros).

A maioria das ruas do Eixo Rodoviário é paralela, o que facilita a localização até mesmo pelos turistas. Suas ruas, em vez de nomes, têm números. O plano urbanístico de Lúcio Costa prevê também que cada superquadra (quadras residenciais com cerca de três mil habitantes) seja servida por uma escola e um jardim de infância; a cada duas superquadras, haja um centro de comércio e a cada quatro superquadras, exista uma igreja.

Monumentos

Quase todos os monumentos de Brasília têm a assinatura do arquiteto Oscar Niemeyer, o único que está vivo do famoso quarteto que deixou sua marca na cidade – Juscelino Kubitschek, Lúcio Costa e Burle Marx (responsável pelos seus jardins públicos). Entre os monumentos de Niemeyer estão os mais importantes pontos turísticos da capital federal, situados na Praça dos Três Poderes. O Congresso Nacional, sede do Poder Legislativo, com suas torres gêmeas de 28 andares cada (os mais altos da cidade) e suas conchas que simbolizam o Senado e a Câmara dos Deputados; o Palácio do Planalto, sede do Poder Executivo, também chamado de Palácio dos Despachos e que abriga o gabinete do presidente da República e outros órgãos ligados diretamente à presidência; e, por último, o Palácio da Justiça, sede do Ministério da Justiça. O Poder Judiciário tem como sede o Palácio do Supremo Tribunal Federal.

A Praça dos Três Poderes, no entanto, é projetada por Oscar Niemeyer, mas foi idealizada por Lúcio Costa. Lá se encontram a escultura “Os Candangos”, de Bruno Giorgi (situada em frente ao Palácio do Planalto); o Museu Histórico, “O Pombal”, de Oscar Niemeyer; o busto de Israel Pinheiro, primeiro prefeito de Brasília; e o marco “Brasília Patrimônio Cultural da Humanidade”.

O Teatro Nacional, que também leva a assinatura de Niemeyer, chama a atenção por sua arquitetura em forma de pirâmide. Ele abriga duas salas de espetáculos, a Martins Pena e a Vila Lobos. Localizada no eixo monumental, a Esplanada dos Ministérios é formada por dezessete prédios iguais, que abrigam os ministérios, e dois de arquitetura diferente que abrigam o Itamaraty (Ministério das Relações Exteriores) e o Ministério da Justiça. Como início das comemorações do primeiro centenário de nascimento de Juscelino Kubitschek, a Esplanada está enfeitada. Cada um de seus dezessete prédios recebeu um pôster gigante com a foto do ex-presidente durante fatos importantes de sua história.

Além da Esplanada, outras obras arquitetônicas chamam a atenção do turista que se dirige a Brasília, principalmente, pelo civismo. Entre eles, se destacam o Palácio da Alvorada, a casa oficial do presidente da República; o Palácio do Buriti, sede do governo do Distrito Federal e suas secretarias; o Palácio do Jaburu, casa do vice-presidente da República.

Catedral

Um dos mais conhecidos cartões postais da cidade, a Catedral Metropolitana Nossa Senhora Aparecida, também foi projetada por Niemayer, que a idealizou como um templo ecumênico, em que cada uma de suas 16 pilastras representaria uma religião. A catedral tem um acervo de obras de arte, em que se destacam “Os anjos”, obra de Alfredo Ceschiatti; 14 painéis de Di Cavalcante que representam a Via Sacra; a réplica de Pietá de Michelângelo e uma cópia do Santo Sudário. Em frente à igreja, estão “Os evangelistas”, de Ceschiatti e os quatro sinos do campanário doados pelo governo espanhol.

Outra igreja que merece visita é a do Santuário Dom Bosco, projetado por Carlos Alberto Naves. É um projeto interessante onde se destaca a luminosidade responsável por um clima todo especial em um ambiente azul.

Já a Torre de Televisão, outro ponto turístico bastante representativo de Brasília é um projeto de Lúcio Costa. Construída em 1967, com 218 metros de altura, considerada a quarta mais alta do mundo, a torre tem um mirante com capacidade para 150 pessoas. Ao seu redor, fica a tradicional feira de artesanato é aberta nos sábados, domingos e feriados. (Danielle de Sisti)

Capital está ainda mais turística

Quem for à capital federal este ano irá se deparar com atrativos culturais diferenciados. O primeiro centenário do ex-presidente Juscelino Kubitschek, a ser completado dia 12 de setembro, faz de Brasília um destino turístico ainda mais atraente este ano. Como se não bastassem os fatos de ser a capital federal, o centro político do País e de ter pontos turísticos diversos e únicos por conta disso, a cidade será um centro de exposições e eventos comemorativos.

Brasília volta a ostentar, em setembro, os painéis gigantescos com fotos históricas de JK nos prédios que formam a Esplanada dos Ministérios, o que já ocorreu em setembro do ano passado e em abril deste ano. Muitas das exposições serão itinerantes, sendo realizadas, além de Brasília, em São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte. Uma delas será a mostra “Projeto JK – O Estadista da República”, que primeiro estará sendo realizada no Salão Negro do Congresso Nacional, em setembro, e depois, seguirá para o Museu do Suprema (Rio), Memorial da América Latina (São Paulo) e Palácio das Artes (Belo Horizonte).

Uma exposição cenográfica sobre Juscelino, organizada pelo artista Elifas Andreato (autor da logomarca JK) , está acontecendo até a próxima terça-feira, no Salão Negro da Câmara, e, posteriormente, circulará em outros Estados. Ao final, todo o acervo será doado ao Memorial JK.

Moedas e medalhas

Além dos inúmeros eventos, os cem anos do estadista serão lembrados por moedas e medalhas. O Banco Central colocará em circulação cinqüenta milhões de moedas de R$ 1 comemorativas ao centenário, que deverão ser lançadas em julho ou agosto. Além disso, a Casa da Moeda irá cunhar cinco mil moedas de ouro e trinta mil de prata relativas a JK, que serão lançadas no dia 12 de setembro e destinadas a colecionadores. Está previsto também o lançamento de um selo comemorativo e uma edição de medalhas. Serão cunhadas medalhas de ouro, prata e bronze.

Mais informações sobre os eventos que serão realizados em Brasília devido ao centenário de JK estão na página do Ministério da Cultura: www.minc.gov.br .

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