Transmissão de dados sem fio em larga escala

A Embratel lançou esta semana, em Curitiba, serviços de voz e internet via WiMAX. A tecnologia de transmissão de dados sem fio não é exatamente uma novidade no Brasil: algumas grandes empresas, universidades e prefeituras já a adotaram. É a primeira vez, porém, que está sendo oferecida em larga escala, nacionalmente e diretamente ao consumidor final. No caso, o alvo são profissionais liberais e pequenas e médias empresas.

WiMAX é a sigla para ?Worldwide Interoperability for Microwave Access? – Interoperabilidade Global para Acesso de Microondas. É uma tecnologia considerada de última geração, que está em um patamar semelhante ao 3G da telefonia celular. O serviço permite a comunicação de dados ponto-a-ponto, em alta velocidade e em distâncias razoavelmente grandes.

?Já temos seis antenas instaladas em Curitiba. Até o final de julho, o número deve aumentar para 36?, revela o diretor da Embratel para a Região Sul, Marcello Miguel, explicando que as antenas são semelhantes às usadas pelas operadoras de celular. ?Cada uma tem uma área de cobertura de 900 metros a um quilômetro?, completa. A intenção da empresa, segundo ele, é oferecer o serviço de banda larga e VoIP em locais onde os serviços semelhantes oferecidos pela Net – via cabo – ainda não chegam. ?A idéia é complementar. Comparativamente, são soluções idênticas, mas com tecnologias diferentes?, esclarece Miguel.

O diretor ainda explica que a opção por antenas com alcance menor – a tecnologia WiMAX permite alcances de até 50 quilômetros – se deve à qualidade do serviço. ?A qualidade não é a mesma. Com muito alcance, o usuário perde em sinal e as condições climáticas interferem bastante. Para aplicação profissional, a qualidade tem que vir em primeiro lugar?, explica.

A empresa pretende atingir aproximadamente 15 mil clientes em Curitiba. Os bairros que já podem ser atendidos pelo serviço são o Centro, Mercês, São Francisco, Boqueirão e Sítio Cercado. Depois que as outras antenas estiverem operando, a empresa pretende cobrir pelo menos 50% da cidade, chegando em bairros como Água Verde, Santa Felicidade, São Lourenço, Jardim das Américas, entre outros. Miguel diz que a Embratel ainda tem planos de levar o WiMAX, já no início do segundo semestre, a outras sete cidades do Paraná. Mas nem todas estão definidas: o diretor confirma a implantação em Londrina, Maringá e São José dos Pinhais.

CPE

Para utilizar o serviço, os clientes deverão receber um aparelho chamado CPE – semelhante, na aparência, a um roteador -, que receberá o sinal transmitido pelas antenas e o redistribuirá para a rede interna de computadores e de telefonia do cliente. Cada aparelho poderá distribuir até quatro linhas telefônicas. O serviço deverá custar R$ 189,90, com os impostos já incluídos. Também está incluída nesse valor uma franquia de R$ 100, para utilização dos serviços de voz.

O diretor de tecnologia da Embratel, Ivan Campagnolli, conta que os CPEs, por enquanto, são importados. Porém, a empresa está incentivando a produção nacional dos aparelhos. ?Existe conhecimento para uma tecnologia 100% nacional. Temos testes programados ainda para o primeiro semestre, de protótipos nacionais?, diz. Para isso, a empresa firmou parceria com o CPqD (Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações).

Mais detalhes do WiMAX

O WiMAX pode ser considerado uma evolução do já famoso wifi, presente em praticamente todos os notebooks e até em alguns celulares. As redes wifi, porém, são bastante limitadas, tanto em velocidade como em alcance. O WiMAX é considerado mais flexível nesses pontos. ?É a última milha de acesso a clientes?, explica Ivan Campagnolli, da Embratel.

Para German Olivera, diretor de marketing da Alvarion – uma empresa com sede em Israel, especializada na tecnologia -, o WiMAX deixou de ser uma promessa: ?já é uma realidade. É um setor que está crescendo?. Opinião que Campagnolli confirma: ?o mercado de infra-estrutura está aquecido?. No Brasil, o aquecimento se deve justamente à aquisição, pela Embratel, da licença para operação do serviço, que usa as freqüências de 3,5 GHz.

Olivera explica que o WiMAX ?permite o acesso a dados com muito mais velocidade e qualidade. E, para poder entregar qualidade, é indispensável que seja estável?. Segundo Olivera, o serviço é muito procurado por órgãos governamentais, para sistemas de segurança e controle de tráfegos. ?Empresas das áreas de mineração e petróleo também procuram bastante a solução?, acrescenta. Ele dá outros exemplos, como o da Nigéria, que adotou a tecnologia para levar serviços simples, como linhas telefônicas, a áreas isoladas.

Para um futuro próximo, a previsão é de mais mobilidade e maior qualidade de transmissão de vídeo. (HM)

Foz já usa a tecnologia

Em Foz do Iguaçu, o WiMAX é uma realidade. Porém, apenas para a estrutura da administração municipal. Desde o ano passado, a Prefeitura tem usado o serviço para conectar, em uma mesma rede, as sedes das secretarias, postos de saúde e escolas. Diferente de outras cidades brasileiras, onde o acesso está restrito a alguns pontos, Foz conseguiu cobrir praticamente toda a extensão da cidade, num raio que chega a 16 quilômetros. De acordo com o secretário extraordinário de Tecnologia da Informação de Foz, Evandro Ferreira, o projeto Foz Digital foi implantado principalmente para diminuir os custos. ?Hoje, já conseguimos uma economia de 30%?, contabiliza Ferreira. Mas a meta, segundo ele, é de economizar 50% no gasto com os serviços. (HM)

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