Tecnologia como ferramenta educacional

O avanço da tecnologia da informação vem mudando o ensino. E, provavelmente, vai continuar a mudá-lo, seja buscando integração de mídias com o ensino tradicional, seja substituindo ferramentas tradicionais de ensino por aparatos tecnológicos, ou mesmo utilizando os meios eletrônicos como forma de levar a educação a lugares de difícil acesso. Essa impressão é nítida para quem visitou a 12.ª edição do ?Educador – Congresso Internacional de Educação? e da ?Educar – Feira Internacional de Educação?, em São Paulo, na semana passada, entre os dias 18 e 21.

Contudo, pôde-se observar nos estandes da Educar que até o momento a tecnologia tem sido percebida como mais um instrumento para a aprendizagem, sem influenciar significativamente nos paradigmas pedagógicos.

Fornecedores de tecnologia ofereciam lousas interativas -com telas amplas e superfície touch screen -, aplicativos-filtro para evitar o uso indevido de internet, programas para controle administrativo-financeiro de escolas. Conglomerados de ensino e escolas expuseram suas tecnologias educacionais, mostrando a maneira que realizam a integração das mídias na educação. Grandes escolas de ensino a distância mostraram alternativas para se levar a aprendizagem a todos os lugares do País, buscando qualidade e resultados. Além disso, empresas de mobiliário, material e brinquedos pedagógicos e seguro escolar apresentaram seus produtos. No total de 198 estandes, participaram 280 empresas e escolas.

Toda essa profusão de produtos e serviços presentes na Educar, no entender de Carlos Soares, presidente do Grupo PromoFair, que organizou a feira, demonstram as mudanças que estão acontecendo não só na educação, mas também no mundo e na maneira de como as pessoas vivem. ?A geração internet cresce a passos largos. A educação a distância também vem se desenvolvendo. A formação tende a sofrer interferências dos novos meios de comunicação?, afirma.

Assimilando mudanças

Segundo a diretora pedagógica do Congresso Educador, Myriam Tricate, não é mais tempo de questionar se a informação deve caminhar junto com a educação, mas sim de como se pode explorar toda a potencialidade desse binômio. Para refletir sobre a aprendizagem, o congresso trouxe 60 conferencistas nacionais e 9 de países como Cuba, Espanha, Portugal e Estados Unidos. Tricate explica que foram escolhidos palestrantes de diversas áreas.

Para ela, a convergência entre educação e informação já vem acontecendo de modo gradual e contínuo, mas falta agora saber procurar as estratégias que tenham mais eficácia para a aprendizagem. Myriam diz que os professores já venceram a resistência inicial com as tecnologias e hoje percebem seus benefícios. ?Agora a assimilação e o desenvolvimento qualitativo vai ser mais rápido. Eles têm mais cultura tecnológica para trabalhar em sala de aula.?

Preocupada com as relações entre tecnologia e educação, ela afirma que para o congresso do próximo ano pretende que essa reflexão seja central.

Mercado mudado

Soares percebe também uma mudança no mercado de softwares e ferramentas tecnológicas para educação. Segundo ele, há dez anos, umas 30 empresas desenvolviam produtos para serem usados na área. ?Atualmente são umas cinco. A indústria da informática descobriu que esse filão não é a galinha dos ovos de ouro. Não adianta desenvolver produtos sem um processo pedagógico.?

Crescimento efetivo da educação a distância

Segundo o gerente comercial da empresa Inteligência Educacional e Sistemas de Ensino (Iesde), Fernando Brodeschi, o Paraná é um estado que tem desenvolvido know-how em tecnologias educacionais e ensino a distância. ?Só o Iesde possui trinta mil alunos em todo o Brasil. No Paraná atua em 300 municípios.?

Custo diluído, flexibilidade de horário, conveniência e integração de mídias são alguns dos motivos que, na opinião de Brodeschi, levam as pessoas a decidir por esse tipo de curso. Ele explica que as aulas no Iesde são gravadas em vídeo, contam com um tutor e são expostas para grupos de alunos nas cidades em que os cursos acontecem. ?Esse sistema permite voltar a fita ao ponto em que não houve entendimento sempre que necessário e, com a ajuda do tutor, esclarecer as dúvidas.?

Para o diretor-presidente da Faculdade Internacional de Curitiba (Facinter), Wilson Picler, a educação a distância é uma ferramenta de inclusão social e de democratização, que tem vital importância em regiões subdesenvolvidas. ?Com a educação a distância, podemos oferecer aulas com especialistas da mais alta competência para um grande número de alunos, para todas as regiões do Brasil.? Para exemplificar, ele lembra que a Facinter ministra cursos do Oiapoque até Santana do Livramento. ?Os nossos cursos de educação superior são feitos via satélite, autorizados pelo Ministério da Educação (MEC)?, afirma.

Os alunos assistem juntos a teleconferência em uma sala nos locais em que o curso é oferecido, podendo fazer perguntas ao professor. O sistema de ensino conta com apoio de páginas de internet e material impresso. ?Como acontece de cidades longínquas não possuírem muitas livrarias e bibliotecas, é vital que haja alta qualidade nas aulas e no material didático.?

Junto com a Universidade Norte do Paraná (Unopar), o grupo, formado pela Facinter, Uninter, Ceninter, Ibpex e CBED, foi o primeiro a ter a autorização do MEC para fazer cursos de graduação a distância. Aproximadamente 16 mil estudantes fazem cursos de graduação e pós-graduação pela Facinter nessa modalidade. (RD)

Troca de experiências

A integração de conteúdos de sala de aula com mídias interativas tem sido experimentada há algum tempo por empresas, pesquisadores e conglomerados escolares. Mas a interação entre escolas, possibilitando atividades conjuntas e troca de experiências, é, talvez, a inovação mais interessante do Sistema Aprende Brasil de Ensino (Sabe), lançado pelo Grupo Positivo na feira Educar. A gerente comercial de Sistemas de Ensino do Positivo, Stela Mars Macohin, afirma que oito municípios do interior de São Paulo estão começando a implantar o sistema.

O Sabe disponibiliza uma série de recursos de tecnologia de ensino, embora a inovação esteja mesmo na disponibilidade de um portal intranet pedagógico, que, segundo o supervisor nacional de vendas do grupo, Humberto de Godoy Júnior, permite a formação de uma rede entre secretarias de Educação e escolas. Para ele, a intranet dá aos professores a possibilidade de atividades conjuntas entre escolas.

O Sabe é um exemplo de sistema que busca a integração entre aulas presenciais, livros didáticos e um portal de internet. Segundo Luciane Linedo, gerente de desenvolvimento da Editora Positivo, o Sabe trabalha em três eixos. Os dois primeiros, o livro-didático e o Portal Aprende Brasil, são trabalhados de modo a se complementarem. Assuntos chave são tratados no portal, através de animações e simulações, em que o aluno pode interagir. O terceiro eixo diz respeito à assessoria pedagógica que tem a finalidade de orientar as escolas que venham a firmar parceria. As ações dessa assessoria incluem capacitação de professores, orientação sobre a metodologia de ensino, do livro didático e do portal. (RD)

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