Plutão pertence a classe de corpos celestes designados “plutóides”

De acordo com a proposta apresentada durante a Assembléia-Geral da União Astronômica Internacional, em Praga, a 24 de agosto de 2006, o vocábulo sugerido para designar a nova categoria de objetos transnetunianos, do qual Plutão é o protótipo, foi o termo “pluton” (com p minúsculo), definido como um objeto cujo período de revolução ao redor do Sol fosse superior a 200 anos.

Submetido à votação, o termo “pluton” não foi aceito pela maioria presente na Assembléia de Praga; de um lado porque esse vocábulo já vinha sendo utilizado em geologia para designar determinada massa de magma solidificada, e por outro lado, o nome “Pluton” designava o próprio corpo celeste (ou seja, o ex-planeta recentemente qualificado como planeta-anão), nas várias línguas européias inclusive no francês.

Durante a discussão, foi sugerida a expressão “objeto plutoniano” precisando que o dicionário Merriam-Webster qualificava de “plutoniano” o que é de Plutão, relativo a Plutão, característico de Plutão.

Essa proposição (objeto plutoniano) foi rejeitada por 186 votos contra 180, quando se determinou que fosse estabelecido um estudo destinado a escolha de uma nova designação para esses objetos.

Essa decisão constituiu a Resolução 6A dessa assembléia-geral, intitulada “Definição da classe de objetos Plutão”, protótipo de uma nova categoria de objetos transnetunianos.

Por ocasião da reunião do Comitê Executivo, em Oslo, em 11 de junho de 2008, a IAU decidiu-se pelo termo plutóide como designação para os planetas-anões, semelhante a Plutão.

Desde então os plutóides são corpos celestes que giram ao redor do Sol em uma órbita de semi-eixo maior superior ao de Netuno, e que possuem uma massa suficiente para que a sua própria gravidade seja capaz de superar as forças do corpo rígido de modo que elas assumam a forma de equilíbrio hidrostático (quase-esférico), e que não tenham limpado as vizinhanças em torno de sua órbita.

Os objetos dessa categoria são caracterizados por uma órbita muito inclinada e mais elíptica do que a dos oitos planetas tradicionais. No entanto, os satélites dos plutóides não devem ser classificados como plutóides.

Três catalogados

Até meados de julho de 2008, três planetas-anões são oficialmente considerados como plutóides: Plutão, Éris e Makemake. Esse último foi detectado em 31 de março de 2005, a partir da observação realizada pelo Telescópio Espacial Spitzer, pela equipe dos astrônomos norte-americanos Michael E. Brown, Chadwick Trujillo e David Rabinowitz, do Instituto de Tecnologia da Califórnia, que já havia descobertos vários outros grandes objetos transnetunianos como: Quaoar e Sedna. No entanto, a equipe anunciou a sua descoberta em 29 de julho de 2005.

De início designado 2005FY9 e chamado informalmente Easter Bunny (Coelho da Páscoa), em virtude da sua descoberta ter ocorrido durante a Páscoa de 2005. Só em 13 de julho de 2008, ao ser classificado como planeta-anão e plutóide, recebeu o seu nome definitivo (136472) Makemake, conforme as regras estabelecidas pela IAU para designar os objetos do Cinturão de Kuiper.

Seu nome Makemake é uma alusão à divindade da criação tradicional de Rapa Nui (Ilha de Páscoa). As dimensões de Makemake ainda não são conhecidas com grande precisão, mas as primeiras medidas estima-se entre 50 a 75% de Plutão, ou seja, 1.200 a 1.960 km de diâmetro.

Se bem que ligeiramente mais luminoso, ele parece idêntico ao (136108) 2003 EL61, o que o faz que seja um dos maiores objetos do Cinturão de Kuiper detectados depois de Éris e Plutão.

A superfície de Makemake parece idêntica a de P,lutão; seu espectro infravermelho indicou a presença de metano (CH4), como já havia sido detectado em Plutão e Éris.

Nela, a quantidade de metano é superior a de Plutão, sugerindo que Makemake poderá ter uma atmosfera que só se revelará por ocasião de sua passagem pelo periélio. O Makemake gira ao redor do Sol, descrevendo uma órbita fortemente inclinada e assaz excêntrica, num período de 308 anos terrestres.

Ronaldo Rogério de Freitas Mourão é astrônomo e autor de mais 85 livros, entre outros, Nas fronteiras da intolerância.