O direito de poluir a atmosfera

As mudanças climáticas acentuam-se cada vez mais, pois indústrias de porte não limitam as emissões de poluição e entidades de preservação ambiental não conseguem resultados satisfatórios. A superfície terrestre aquece e a qualidade de vida depende da redução de CO2 -países industrializados são responsáveis pela emissão de cerca de 71%.

As cidades consomem 75% dos recursos naturais, embora ocupem uma área de 25%. As crises ambientais ganham maior corpo nas metrópoles, como ocorre nas cidades mais poluídas do mundo – Atenas, Bangcoc, Budapeste, Buenos-Aires, Cairo, Calcutá e Cidade do México.

O ambientalismo toma conta da sociedade. Apesar disso, alguns países cedem o direito à poluição, buscando empresas que invistam em seu território e definindo-lhes o direito a poluir mediante a expedição de certificado que autorize a emissão de dióxido de enxofre, monóxido de carbono e outros gases poluentes.

O desenvolvimento sustentável propõe “nova ordem econômica internacional”, que como diz Herculano (1992, p. 11): ” […] é algo dúbio, vago, e, portanto, se presta a inúmeras polêmicas, a mais central delas girando em torno da conciliação entre preservação da natureza e garantia da manutenção do crescimento econômico”.

Planejamento ambiental aponta as regiões mais aptas para reflorestamento, culturas agrícolas e instalação de indústrias. O entendimento é imperfeito, pois a dinâmica das cidades e o crescimento populacional não permitem previsões de longo prazo. Se isto fosse melhor observado haveria um pacto social – um pacto ambiental.

Atividades produtivas sugerem situações curiosas, como propor a redução das emissões de gases nos países em desenvolvimento por meio de projetos, denominados “seqüestro de carbono” -um país pobre vende ao rico a sua cota disponível de emissão de gases. Por enquanto é um projeto, embora absurdo. Há uma intenção de crítica à ciência moderna e ao próprio ser humano, como se comprar o direito de poluir fosse questão de independência ou opção.

Herculano (1992, p. 12) diz ainda: “A ciência moderna, surgida com Francis Bacon, Newton e Descartes, passou a ver a natureza como um mecanismo a ser controlado, uma máquina a ser investigada, dominada e subjugada. Assim, tendo dessacralizado e profanado a natureza, a ciência moderna é percebida como a cunha que cinde, separa a cultura humana da natureza”.

É lamentável que mesmo quando empresas não possuam “autorização para poluir”, ainda assim há empreendimentos poluidores sem procedimentos para atender emergências. Desastres ambientais não são evitados, porque parte deles sequer têm licença ambiental para operar – significa que estão ilegais, sem normas de segurança.

Poluição é problema ambiental do mundo. Com a incidência aqui e ali, o fato é que saúde humana e ecossistema alteram-se de forma constante, pois até o vento participa da sua elaboração, atuando com direção, temperatura e umidade, fazendo até as pessoas perderem características sensoriais.

Brubaker (1972, p. 150) explica que: “Os principais poluentes que decorrem do uso de energia são CO, CO2, CO3, SO2, Nox,hidrocarbonetos e partículas. Os mesmos materiais podem ser gerados por outros processos industriais, particularmente nas indústrias químicas e no preparo de minérios para fusão. Os processos industriais podem também liberar fluoretos”.

Rotula-se desenvolvimento sustentável com conotações políticas da economia, que busca espaços mais amplos na globalização. Constata-se, porém, que o planejamento do chamado desenvolvimento sustentável é incerto – não responde a questões de sobrevivência e saúde. Há que se buscar uma convivência da economia com meio ambiente e garantir o futuro da vida.

Bibliografia: BRUBAKER, Sterling. Viver na terra – o homem e seu ambiente em perspectiva. São Paulo: Editora Cultrix. 1976; HERCULANO, Selene et al. Ecologia, ciência e política. Rio de Janeiro: Editora Revan. 1992

Alexandre Silva S. Lôbo

é professor, consultor, doutor em Ciência do Meio Ambiente, mestre em Sociologia, pós-graduado como analista do Desempenho Escolar e graduado em Sociologia e Política e Administração Pública.

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