Brasília – A partir de setembro do próximo ano, o Brasil produzirá, na cidade baiana de Juazeiro, moscas estéreis que serão utilizadas no combate à chamada mosca-da-fruta, uma praga que causa prejuízos de R$ 360 milhões anuais (US$ 120 milhões) à fruticultura nacional. A informação foi transmitida nesta quarta-feira (11/08) ao ministro da Integração Nacional, Ciro Gomes, pelo cientista Aldo Malavasi, da Universidade de São Paulo (USP), que lidera a Biofábrica Moscamed Brasil, organização social interessada em implantar o empreendimento, que absorverá investimentos de R$ 14 milhões.

Segundo Malavasi, a biofábrica será instalada em uma área de 60 mil metros quadrados, ocupando galpões que pertenceram a uma indústria têxtil desativada em Juazeiro. Na primeira fase do empreendimento, a produção de moscas estéreis, estimada inicialmente em 200 milhões de indivíduos por semana, será absorvida pelos fruticultores brasileiros, principalmente os de Pernambuco, Bahia, Rio Grande do Norte e Minas Gerais. Posteriormente, ela será exportada para os países da América do Sul e para a Espanha e Israel.

O ministro Ciro Gomes disse a Aldo Malavasi que o Ministério da Integração Nacional vê com muita simpatia e interesse o projeto da Biofábrica Moscamed Brasil, uma vez que sua tecnologia pode dar ao País, no curto prazo, a oportunidade de erradicar a praga da mosca-da-fruta, uma das responsáveis pelo baixa exportação de frutas brasileiras. Os ministérios da Agricultura e da Ciência e Tecnologia e os governos de Pernambuco e Bahia também apóiam o projeto.

“Estimo que a adoção em larga escala do controle biológico da mosca-das-frutas no Brasil reduzirá substancialmente as perdas nos pomares e implicará, ao mesmo tempo, no aumento da produção e da produtividade da nossa fruticultura”, afirmou Malavasi, que na audiência com o ministro esteve acompanhado do ex-senador baiano Waldeck Ornelas e de técnicos da Embrapa.

Ainda de acordo com Malavasi, a fêmea da mosca-das-frutas – que põe suas larvas na polpa dos frutos carnosos e é fiel a um só companheiro durante sua curta vida de 20 dias – não causará danos às culturas se seu acasalamento se der com um indivíduo infértil. É exatamente esse indivíduo infértil que a biofábrica de Juazeiro produzirá dentro de um ano. A tecnologia a ser utilizada não é complicada, mas exigirá um alto controle de qualidade. “Por exemplo: o sistema de ar-condicionado deve ter índice de pureza de 100%, razão pela qual é o item que exigirá maior investimento na implantação da fábrica”, disse Aldo Malavasi.

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