A investigação criminal ganhou um reforço importante para a elucidação de crimes e para a conclusão de inquéritos policiais. Uma pesquisa inédita no Brasil concluiu que um novo método de extração de DNA para a identificação de cadáveres é mais eficiente e mais rápido, se comparado ao método clássico. O resultado do projeto vai auxiliar a Justiça a esclarecer e comprovar casos sob investigação policial.

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De acordo com o estudo, realizado em parceria entre a Universidade Positivo e o Instituto de Criminalística do Paraná, o método que utiliza o Precélis 24 -um equipamento francês, criado inicialmente para extrair o DNA de tecidos de vegetais – pode concluir uma análise em menos de um minuto.

A pesquisa, realizada pelas alunas do curso de Farmácia da Universidade Positivo, Luisa Gobor e Daphne Manuela Toledo, foi supervisionada pelo coordenador do curso, Hemerson Bertassoni. Segundo Bertassoni, que também atua como perito do Instituto de Criminalística do Paraná, a pesquisa aponta uma alternativa para a extração de DNA de ossos humanos, que nem sempre é possível, devido ao alto grau de degradação das amostras de células presentes nos tecidos.

Para ele, a aplicação do novo método, baseado na técnica de precessão (fenômeno físico que consiste na mudança do eixo de rotação de um objeto), é possível graças ao uso do Precélis 24 -equipamento que mede a precessão . “Desenhei o estudo junto com as alunas para comparar a extração clássica de DNA com o sucesso da extração pelo método de precessão. E aí tivemos uma grata surpresa”, afirma. Segundo ele, dos oito matérias que não deram resultado na análise pelo método clássico, foi possível a obtenção de sete resultados positivos. “Ou seja, 90% das amostras foram amplificadas pelo DNA e conseguimos identificar os corpos”, diz.

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Além de mais confiável e econômico, Bertassoni conta que o novo método é mais rápido se comparado aos procedimentos de identificação utilizados até então.

Ele explica que a técnica clássica de extração de DNA demorava entre 48 e 72 horas para ser concluída, enquanto que o resultado da análise pelo Precélis 24 sai em menos de 50 segundos. “No método clássico, você poderia demorar até 8 meses para identificar um corpo. Com o Precélis você tem uma assertividade maior e uma rapidez enorme na produção dos perfis genéticos que consequentemente vão identificar o corpo. Assim, a população tem uma resposta mais rápida, com a identificação de um parente, por exemplo, e os inquéritos policiais são concluídos com maior rapidez também”, conclui.

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Bertassoni revela que foram precisos, aproximadamente, sete meses de trabalho, para chegar ao resultado. Todos os trabalhos foram realizados no próprio Instituto de Criminalística, que também cedeu os reagentes e os equipamentos.

A pesquisa ganhou destaque internacional. O trabalho foi utilizado por uma das maiores empresas de biotecnologia na área da Saúde da Europa, a Bertin Technologies, para desenvolvimento da máquina de extração de DNA de ossos. A nova metodologia foi transformada em protocolo forense internacional e está disponível no site: http://www.precellys.com/access-appcenter.aspx.

“Como a pesquisa foi inédita no Brasil, porém já havia um protocolo citado na literatura mundial, a Bertin transformou esse nosso trabalho num protocolo forense internacional”, afirma Bertassoni. Segundo ele, o laboratório do Instituto de Criminalística foi o terceiro no mundo a usar o Precélis 24 para identificação de ossos. “Agora nós estamos encaminhando esse trabalho para uma publicação internacional, que está em fase de término, em revista de impacto internacional”, revela.

Méto,do colocado à disposição

O perito Hemerson Bertassoni ressalta que o método já está à disposição de outros institutos que já podem utilizá-lo. Segundo o responsável pela pesquisa, os resultados já foram apresentados a peritos criminais durante encontro nacional realizado no ano passado, no Rio de Janeiro. “Levamos a pesquisa para um público de 50 peritos, que fizeram colocações, críticas construtivas que ajudaram a aperfeiçoar ainda mais o método. O protocolo já foi repassado para os 17 laboratórios do Brasil e alguns já estão testando o equipamento”, conta Bertassoni.

Custo

De acordo com Bertassoni, o equipamento usado para identificar o código genético pelo novo método custa entre R$ 35 mil e R$ 40 mil. Segundo o perito, após o resultado positivo da pesquisa, o Estado comprou a máquina e já está na rotina do laboratório. “Temos vários casos em que o método clássico não havia funcionado, e no método de precessão funcionou com identificações positivas”, afirma. (NA)