Grã-Bretanha autoriza seleção genética de embriões

A Autoridade Britânica de Fertilidade Humana e Embriologia (HFEA) autorizou a seleção genética de embriões para conceber bebês que possam curar um irmão doente. A HFEA, que já permitia a seleção de embriões para descartar enfermidades genéticas, ampliou a margem da lei para ajudar a curar doenças sofridas por algum familiar.

Na Irlanda do Norte, os pais de Joshua Fletcher, um menino que sofre uma rara forma de anemia e que necessita de um transplante de células estaminais, festejaram a decisão, enquanto opositores da medida advertiram que se abriu “um precedente perigoso”.

A revisão da regulação ocorreu após pressões de muitos pais britânicos com filhos afetados por raras doenças genéticas.

Essas famílias pediram autorização para associar as técnicas de fecundação in vitro com as do “screening” genético dos embriões para criar bebês que tenham patrimônio genético adaptado para salvar a vida de seus irmãos.

Joshua sofre anemia de Diamond-Blackfan, uma doença que pode ser tratada utilizando-se células estaminais para estimular o corpo da criança para que produza glóbulos vermelhos sadios. Mas os pais do menino não são doadores apropriados desse tipo de células, nem seus irmãos.

Um dos defensores da nova norma, o doutor Mohamed Taranissi, diretor do Centro de Reprodução Ginecológica Assistida de Londres, explicou que a técnica consiste em produzir vários embriões com um tratamento de fertilização assistida e depois escolher aquele que tenha genes adequados para implantá-lo no útero da mãe.

“Já selecionamos embriões em casos de problemas genéticos graves, não vejo qual é a diferença. O que tentamos fazer agora é encontrar um embrião que seja compatível com um menino gravemente doente”, disse Taranissi.

Os pais de crianças com doenças que necessitam de doador, diante da falta de um doador vivo compatível, poderão agora escolher um embrião através da técnica chamada diagnóstico genético de pré-implantação (PGD). Isso permitirá a realização de um tratamento de fertilidade para produzir um embrião sadio e compatível geneticamente com a criança doente.

Depois, o embrião escolhido será implantado na mãe e quando o bebê nascer suas células estaminais serão utilizadas para curar seu irmão.

Para movimento defensor da vida, prática é “inquietante”

Para escolher o embrião, três dias após haver sido fertilizado, se extrairá uma célula, que será examinada para verificar se é geneticamente compatível com seu irmão. O mesmo procedimento é utilizado para descartar embriões com enfermidades genéticas.

A presidente da HFEA, Suzi Leather, revelou que os pais que querem salvar seus filhos doentes focalizam toda sua atenção nesse procedimento, mas as autoridades devem ter em conta, além disso, o bem-estar do embrião do qual provêm as células.

Antes de autorizar a criação de embriões selecionados e finalizados, os médicos deverão demonstrar que antes tentaram tudo para curar o doente.

Os membros do movimento defensor da vida asseguraram que esse tipo de prática é inquietante. Josephine Quintavalle, fundadora do comitê para a reprodução ética, disse que as autoridades estão hoje permitindo criar crianças para salvar seus irmãos, mas que amanhã se poderá decidir sobre genes da inteligência, da música e outros.

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