Em 1843 foi descoberto um ciclo regular médio da atividade solar próximo dos 11 anos. O diretor do observatório astronômico de Zurique, Rudolf Wolf, menos de uma década depois, conseguiu, com grande esforço científico, reconstruir uma série de médias anuais da atividade solar desde 1700. O número de manchas que aparecem no sol, ao longo dos anos, nunca mais deixariam de ser importante para os astrônomos. As manchas solares são regiões mais frias e mais escuras do que a fotosfera solar circunvizinha. Elas emitem menos energia, pois possuem intensos campos magnéticos, que bloqueiam parcialmente a energia transmitida para cima pelas células de convecção.

Conforme mostra Ezequiel Echer, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), em seu artigo O número de manchas solares, índice da atividade do sol, a preocupação de Wolf no século XIX era bastante pertinente. No texto publicado na Revista Brasileira de Ensino de Física, o pesquisador brasileiro e mais cinco colaboradores fizeram uma revisão sobre os conceitos básicos das manchas solares, o índice mais antigo da atividade solar, que continuam sendo aplicados.

A partir da equação criada por Wolf, em 1850, pode-se perceber, por exemplo, que a oscilação característica do período de 11 anos realmente existe. Além disso, as variações de períodos mais longos, com máximos mais e menos intensos, também são detectadas pelas observações feitas a partir dos cálculos de Wolf.

Dados mais recentes, obtidos pelos pesquisadores entre 1980 e 2002, permitiram identificar a grande assimetria que existe no ciclo solar. Considerado um período de 22 anos, com o máximo solar em 1990, se identificou uma ascendência na atividade solar, do mínimo para o máximo, de quatro anos. O processo inverso demorou um ou dois anos a mais para ocorrer. Os cientistas já sabem que esse padrão se repete nos ciclos solares em geral.

Se a ciência identificou relações positivas entre o ciclo solar na alta atmosfera da Terra e a camada de ozônio terrestre, o mesmo não se aplica aos possíveis efeitos do ciclo solar no clima da Terra. Estudos nessa linha estão sendo feitos, mas o assunto ainda é bastante controverso. Segundo o artigo publicado por Echer, existem várias evidências indicando uma variação de 11 anos em diversos parâmetros climáticos. (Agência Fapesp)

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