Desvendando a estratégia da Microsoft

2006 promete ser um ano e tanto para a gigante Microsoft. Além do aguardado Windows Vista – o sucessor do XP, que deve ser lançado até o fim do ano – a empresa inaugura também seu setor de ?Web 2.0?, o Office Live. O jargão, criado para designar os serviços onde o usuário utiliza programas via internet, na prática significa que as empresas de software irão gradativamente deixar de vender seus produtos em caixas e nas lojas para disponibilizá-los na internet, onde o usuário irá pagar pelo serviço toda a vez que precisar utilizar.

?A vantagem do Office Live é que a pessoa não precisará mais pagar quantias elevadas pelos softwares e irá utilizar sempre a versão mais atualizada?, explica Roberto Prado, gerente de estratégias de mercado da Microsoft Brasil. O executivo deu uma entrevista exclusiva a O Estado para contar um pouco da estratégia da empresa para esses aguardados lançamentos, sobre a profissionalização dos setores de TI no meio empresarial e sobre software livre.

Sobre o Vista, Prado afirma que o novo sistema operacional terá foco na facilidade e segurança. ?O usuário vai deixar de ser o administrador de sua máquina, para evitar que as pessoas executem programas maliciosos. Evidentemente, será possível tomar as rédeas do sistema, mas estamos preparando algo menos traumático, que não exija muito conhecimento técnico para ser usado com segurança?. Além disso, explica o executivo, o tempo de inicialização será dramaticamente reduzido e a maneira que o usuário lidará com a interface será muito mais intuitiva.

Ficando para trás

Prado admitiu que grande fatia do mercado, principalmente corporativo, ainda não acompanha essas inovações. É o panorama diário de diversas empresas no País que ainda utilizam computadores rodando Windows 98. ?É claro que a Microsoft espera que os programas obsoletos sejam atualizados, mas nem por isso deixamos de lado esses clientes?, afirma. Tanto é assim que a empresa está realizando um roadshow pelas principais cidades do Brasil apenas para mostrar para seus grandes clientes maneiras de utilizar melhor as ferramentas de programas como o Word ou o Excel.

?Mesmo falando nos últimos lançamentos, como o Vista e o Live, ainda tem muita gente que não conhece funcionalidades que podem ajudar muito a melhorar o rendimento nas empresas em programas mais antigos que ainda são muito utilizados?, explica.

Prado também é um entusiasta da tecnologia no meio corporativo. ?No ano passado, a Harvard Business Review publicou um dos textos mais provocadores já escritos sobre tecnologia da informação, intitulado ?TI não importa mais?. Ali afirmavam a TI se tornou uma commodity como eletricidade. Como seu uso se generalizou, deixou de ter importância estratégica?, diz Prado. ?Mas discordo totalmente disso. Um outro estudo do MIT provou que as empresas que utilizam de forma adequada a tecnologia em seus processos têm lucratividade 17% maior que as concorrentes que não utilizam a tecnologia.? O raciocínio é que mesmo que sua empresa tenha softwares ultrapassados, caso bem utilizados, eles representam maior lucratividade.

Software livre

Um dos maiores questionamentos dos usuários é que, se existem programas e plataformas gratuitas, por que usar os produtos Microsoft? ?Estudos mostram que, no final, a estrutura Linux (mais conhecido sistema operacional livre) é mais onerosa para o usuário?, contrapõe o executivo. ?Nosso cliente paga a licença de utilização, mas tem acesso a uma rede de suporte e a uma família de programas e ferramentas que não vai encontrar se utilizar somente software livre?, diz.

Prado também afirma que a Microsoft oferece uma série de programas para download gratuito, além de ferramentas para o desenvolvimento de novas aplicações, que podem ser distribuídas para outros usuários. ?Além disso, é um erro pensar que software livre é gratuito. Poucas versões são livres de licença. A maioria é melhorada por alguma empresa que passa a cobrar por isso.?

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