Células-tronco permitem criação de quadro hipotético

A comparação entre células-tronco embrionárias e adultas, quando restrita ao campo da ciência, permite que um quadro hipotético seja construído. Em termos de facilidade de obtenção dessas matérias primas científicas, as metodologias atuais facilitam muito mais o estudo em células de embriões do que naquelas oriundas de indivíduos adultos.

Um outro item que merece entrar no quadro imaginário está relacionado com o potencial de diferenciação, ou plasticidade, das células-tronco. Desde que essas estruturas foram isoladas pela primeira vez em material celular de embriões humanos, em 1998, os cientistas sabem do potencial terapêutico que as investigações poderão gerar.

Os dados revelados por pesquisas já realizadas na área podem trazer informações fundamentais para que doenças degenerativas, por exemplo, sejam melhor enfrentadas. O potencial de diferenciação das células-tronco embrionárias já provou ser muito grande. No futuro, a utilização de células-tronco embrionárias poderá produzir um fígado, rim ou pâncreas, para que o órgão possa ser transplantado para um ser humano.

“Potencialmente, os resultados obtidos com as células embrionárias e com as adultas estão se aproximando. No começo, não se esperava essa resposta do segundo grupo”, disse Nance Beyer Nardi, professora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). A cientista, no último Congresso Nacional de Genética, realizado em setembro em Águas de Lindóia (SP), coordenou o simpósio “Células-tronco: biologia e aplicações”.

As lacunas e novas dúvidas ainda surgem aos montes na cabeça dos pesquisadores. As células-tronco adultas, por exemplo, realmente permanecerão diferenciadas em uma nova estrutura, ou apenas sofrerão uma fusão no novo ambiente? Outra questão é o número de células ainda com potencial de diferenciação em seres adultos, taxa que costuma ser bastante reduzida.

Apesar de as pesquisas estarem caminhando no campo científico, o quadro se complica ainda mais quando as questões éticas, morais e de segurança são também consideradas. Se as células-tronco embrionárias apresentam alta plasticidade, e também são de fácil obtenção do ponto de vista científico, a manipulação dessas estruturas celulares, para alguns, fere alguns princípios éticos ou de ordem moral. Com os avanço das pesquisas realizadas a partir de células-tronco adultas, muito dos problemas morais e éticos poderiam ser contornados. Ao contrário dos embriões, as células adultas poderiam ser usadas sem maiores constrangimentos, pois, ao menos em tese, existe uma menor invasão.

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