Bambu em extinção

Até metade das 1,2 mil espécies de bambu de tronco, incluindo a brasileira guadua calderoniana, corre risco de extinção, segundo um relatório do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma). O Brasil é o país com maior número de tipos de bambu da América Latina, com 134 espécies, o equivalente a 10% da diversidade mundial. “Se o País quer preservar as espécies, precisa tomar as medidas necessárias para preservar as florestas nas quais elas crescem”, afirmou uma das autoras do relatório, Valerie Kapos. Segundo a pesquisadora, algumas espécies são endêmicas do Brasil e, embora haja áreas praticamente dominadas pela planta, outras podem desaparecer simplesmente por não terem onde crescer. A principal ameaça ao bambu é o desmatamento. De acordo com o Pnuma, as 250 espécies mais ameaçadas estão confinadas a uma área de 2 mil quilômetros quadrados. O relatório também destaca a importância da planta como fonte de alimento e abrigo para várias espécies. O caso mais grave é o do urso panda, que se alimenta exclusivamente de bambu, mas há outras espécies altamente dependentes da planta.

“Cerca de 5% dos pássaros que vivem na Amazônia dependem do bambu para sobreviver e na Mata Atlântica 36 espécies são intimamente dependentes da planta”, afirma a pesquisadora.

Valor comercial

Além da importância ecológica, o bambu tem um alto valor econômico, movimentando US$ 4,5 bilhões por ano, o equivalente ao gerado pelo comércio de bananas ou da carne bovina americana.

Os diversos tipos da planta são usados para os mais variados fins, de material de construção e instrumentos musicais a palitos de fósforo.

Segundo Valerie, esse potencial é pouco explorado no Brasil, em comparação com o uso que se faz da planta na China e na Índia, por exemplo, que cultivam o bambu.

“Na Ásia, o bambu tem uma posição muito mais central na vida da população. Eles desenvolveram mais usos”, diz a pesquisadora.

O aumento do uso comercial poderia, segundo ela, atrair a atenção das autoridades brasileiras e das comunidades que vivem em áreas ricas em bambu para a necessidade de preservar o grupo de plantas.

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