Você tem medo de férias?

As férias estão chegando e é hora de dar um tempo no trabalho, descansar, acordar tarde, fazer aquelas coisinhas que você nunca consegue e de repente… tudo parece pior do que seguir a rotina.

A síndrome, que pode parecer absurda para muitos, está cada vez mais presente dentro das grandes empresas e tem nome: medo de férias. Segundo a International Stress Management Association-Brasil (Isma-BR), pesquisas realizadas mostram que o medo de férias tem aumentado. “Isso acontece, porque, apesar da maioria das pessoas saber que as férias são uma pausa indispensável para a manutenção da qualidade de vida, algumas simplesmente não conseguem se desligar dos compromissos diários”, afirma a psicóloga Adriana de Araújo, especializada no tratamento de fobias.

Para entender este comportamento, a psicóloga Adriana de Araújo lembra que as pessoas, atualmente, ao se obrigarem a fazer tudo, não suportam a pressão e têm receio de ficar muito tempo parado sem fazer nada. “Estas pessoas sentem que estão ficando para trás e que na volta do descanso terão serviço dobrado. É preciso controlar a ansiedade para que o estresse não chegue à fase de exaustão, que leva a instabilidade emocional e doenças”, alerta a psicóloga.

Os chamados workaholics ou viciados em trabalho, por exemplo, com o passar do tempo, não conseguem dar uma pausa ao ritmo alucinante de atividades, exigências e metas. Os 365 dias do ano se tornam insuficientes. Pouco a pouco, a fadiga e a fraqueza, a irritabilidade, a impaciência e a dor muscular podem ficar rotineiras. “Somam-se a esses outros sintomas, tais como medo, insegurança e doenças ocupacionais. O sinal vermelho é dado quando ocorrem seqüelas mais graves, como infartos e derrames”, diz a hipnoterapeuta.

A psicóloga afirma que uma das formas para diminuir a ansiedade provocada pela pressão do mercado de trabalho é se tornar competitivo. “As pessoas devem manter os seus currículos atualizados, fazer cursos de aperfeiçoamento e manter uma rede social – o chamado network – que será um meio de mantê-las antenadas com as novas oportunidades de trabalho”, diz Adriana de Araújo. Segundo ela, as preocupações que assolam os trabalhadores na modernidade são plausíveis, mas devem ser administradas.

O segredo é planejar

Por mais óbvio que pareça, férias não programadas ou mal programadas, em que não haja tempo para relaxar, descansar e recarregar as baterias podem gerar um forte estresse, assim como qualquer outro momento do cotidiano.

Outro grande perigo está nos extremos. O excesso ou mesmo nenhuma atividade praticada durante as férias também pode causar estresse. “O importante é se desligar do trabalho e dos problemas pessoais. Não é bom aproveitar as férias, por exemplo, para fazer uma cirurgia ou resolver alguma pendência”, aconselha.

O planejamento para o descanso faz a diferença nessa hora. Algumas dicas podem ser úteis neste cronograma.

1. Divida as férias em pelo menos duas etapas de 10 dias ou duas de 15;

2. Antes de se retirar do escritório, entregue tudo o que está sob sua responsabilidade, não deixe pendências no ar;

3. Quando estiver fora, delegue suas funções a um profissional capacitado;

4. Deixe uma resposta automática informando sobre suas férias na caixa de e-mails e no celular;

5. Não transfira seus recados de trabalho para o e-mail pessoal ou para o seu próprio celular;

6. Não telefone para o trabalho para saber ‘como andam as coisas na sua ausência’;

7. Priorize as coisas que te dão prazer e o que você tem adiado por falta de tempo: meditar, fazer yoga, ir ao cinema…;

8. Se você vai viajar nas férias, evite sair em seguida. Programe-se e escolha com antecedência um roteiro que se encaixe no seu ritmo. É importante também voltar de viagem ao menos um dia antes de retornar ao trabalho para organizar a sua vida pessoal.

E quando voltar a rotina, não esqueça de cuidar de você. 

Fazer exercícios físicos, cuidar da mente e do corpo, ajuda a manter o equilíbrio entre trabalho e lazer. “Outra observação importante é que para render mais no trabalho, deve-se ter a mente descansada enquanto se trabalha. Nossa atenção costuma se desviar depois de 90 minutos, portanto, devemos usar essa informação a nosso favor e estudar ou trabalhar, fazendo pausas de 10 minutos entre esses 90. Qualquer trabalho rende mais se você utilizar essa forma de atenção e descanso”, recomenda a psicóloga.