Referência no atendimento a vítimas de violência e de traumas provocados pelo trânsito e outros acidentes, o Hospital Universitário Cajuru (HUC) é um dos maiores de Curitiba. Isto quem vive na cidade provavelmente já sabe. O que muitas pessoas desconhecem é que esta grande estrutura de saúde é administrada quase exclusivamente por mulheres, estando elas em 11 dos 13 cargos de direção e coordenação da entidade.

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De todas elas, quem toma as decisões mais importantes é a diretora-geral, a médica Simonne Simioli, de 43 anos. Questionada sobre as dificuldades em manter uma estrutura que conta com cerca de 700 colaboradores, ela diz que não há segredo. “Administrar um hospital é trabalhoso e puxado, mas não é tão complexo. É preciso pensar nele como uma empresa, cuidando da entrada de receitas, controlando os gastos e, no nosso caso, dando um suporte especial aos profissionais de saúde, estudantes residentes e pesquisadores, para, assim, garantir o bem estar dos nossos pacientes”.

Apesar de conviver com a gravidade dos casos atendidos e com a dificuldade em relação aos recursos financeiros (para ela, o maior desafio do hospital, que atende exclusivamente aos pacientes do SUS, com verbas governamentais), ela garante que seu trabalho é satisfatório. “O retorno é gratificante, afinal, aqui nós salvamos vidas”.

Responsável pelas demandas burocráticas e de gestão, a gerente administrativa, Carolina Pirih, 34, é da mesma opinião. “Trabalhar na área de saúde não é um trabalho, é uma missão. E, para que os pacientes e médicos tenham conforto, eu cuido dos contratos, dos equipamentos, do estacionamento, hotelaria e lavanderia. São serviços que funcionam 24 horas por dia, sete dias por semana”, conta.

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Mas os desafios não param por aí. Entre as dificuldades de atuar em um hospital que recebe feridos graves, a gerente médica do HUC, Maria Inês Ceschin, 35, conta que o mais difícil é ter que decidir sobre quem tem prioridade. “Precisamos, muitas vezes, decidir qual paciente iremos operar primeiro ou qual irá para a UTI. É uma escolha difícil, que infelizmente temos de fazer. Mas fora isto, trabalhar no Cajuru é muito bom”, comenta.

Perto dos pacientes

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No tratamento e atendimento direto aos pacientes, o hospital possui cerca de 450 enfermeiros e técnicos de enfermagem. E quem chefia esta equipe é a gerente de enfermagem Eliana Fugitani, 39. Segundo ela, para comandar uma equipe tão numerosa, é necessário ser assertiva e também dividir as tarefas com outros líderes. Em seu setor, Eliana conta que a dificuldade é manter os funcionários, fazendo com que eles permaneçam motivados e atentos para evitar as falhas humanas. “O piso salarial é baixo, a rotatividade de funcionários é alta e constantemente precisamos treinar novas pessoas”, diz.

A coordenadora da enfermagem do Pronto Socorro (PS), a enfermeira Daniele Sukoski, também compartilha da opinião de que os enfermeiros são insubstituíveis. Mas reconhece que quem entra para sua equipe pode se chocar com o que vê no início do trabalho. “Nossos pacientes geralmente são muito jovens e estão em estado muito grave. No início, isto costuma ser difícil para o colaborador. Além disto, é preciso saber que não existe sábado, domingo ou feriado para quem é da área da saúde”.

Outra profissional do HUC acostumada a ver de perto os casos mais difíceis é a coordenadora médica do PS, a médica Anna Flávia Ribeiro, 36. Lidando diariamente com o sofrimento dos pacientes, ela lembra de um caso que sensibilizou médicos e enfermeiros. “Uma família se acidentou na madrugada de uma sexta-feira 13. Como consequência do acidente, morreram o pai e depois a mãe, no centro cir&,uacute;rgico. Além da tristeza com as mortes, a comoção foi em torno das duas crianças que sobreviveram e ficaram órfãs nesta noite”.