É só chegar o outono que começamos a ouvir falar a respeito da vacina contra a gripe, ainda mais nos últimos anos, quando as campanhas passaram a ganhar mais força. Se você ainda está em dúvida a respeito de se submeter à agulhada necessária para obter o benefício de proteção contra essa doença chata que costuma nos pegar de surpresa a partir do momento que o clima vai esfriando, separamos algumas informações para que você entenda melhor como a vacina funciona, eliminando os questionamentos que possam surgir.

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“A primeira coisa que as pessoas têm que entender, independente de qual seja a marca da vacina ou o local de vacinação, é que ela não tem o vírus vivo e, por isso, é impossível que ela cause a doença”, explica o médico infectologista do Laboratório Frischmann Aisengart, Jaime Rocha. Desta forma, também são poucos os efeitos colaterais da vacina – na maioria dos casos, apenas dor, rubor e inchaço no local de aplicação, podendo haver, mais raramente, dores musculares e febre baixa, sintomas que desaparecem espontaneamente de 24 a 72 horas depois da aplicação. “Fora isso, não há efeitos colaterais, apesar de existir muitas informações erradas na internet, que chegam a parecer lendas urbanas, como a possibilidade de surgimento de doenças neurológicas em decorrência da vacina”.

O médico ainda alerta que mesmo quem foi vacinado no ano passado deve receber a proteção também neste ano. “Todos os anos, a Organização Mundial de Saúde (OMS) faz um levantamento de quais são os três principais tipos de vírus que estão circulando, que devem compor a vacina. Portanto, todo ano, a vacina é diferente. Pode acontecer de algum vírus que esteja fora dessa lista circular também como aconteceu com o H1N1 em 2009, que pegou todo mundo de surpresa, mas o levantamento costuma ser bem preciso”, afirma.

De 2013 para 2014, a única proteção que se repete é em relação à gripe H1N1. Aliás, no caso das mulheres, vale lembrar que a vacina é ainda mais importante para as gestantes, que estão em um momento em que o sistema imunológico está alterado, pois evita que elas desenvolvam exatamente o H1N1, uma variação da doença que pode trazer consequências graves para quem está grávida. Aliás, apesar de muita gente ainda ter dúvida a respeito de sua eficácia e benefício nesses casos, Rocha garante: “Não há contraindicações para grávidas. O que acontece é que, normalmente, os médicos recomendam que ela seja tomada a partir do segundo trimestre da gestação para que não aconteça de as pessoas associarem a vacina com um aborto espontâneo, caso essa fatalidade aconteça, pois não há qualquer relação entre uma coisa e outra”.

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Só benefícios

Assim como no caso das grávidas, não há contraindicações para outros casos, como pacientes de quimioterapia ou pessoas que tenham feito transplante recentemente. “As únicas restrições estão relacionadas à idade (só é permitida a vacinação acima de seis meses de idade) e a existência de alergia comprovada a algum dos componentes da vacina”, esclarece Rocha. Para ele, também é importante lembrar que a vacina protege somente contra a gripe, não havendo benefícios no caso de rinite, sinusite ou outras doenças respiratórias semelhantes.

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Outro motivo para se vacinar novamente, mesmo que já tenha recebido a dose no ano passado é o fato de que a vacina gera uma imunidade temporária. “O tempo estimado de duração do efeito é de seis a oito meses. Além disso, não adianta deixar para se vacinar quando todo mundo já estiver gripado, pois há um período de incubação de duas a quatro semanas, dependendo se esta é a prime,ira exposição ou é uma reexposição”, comenta Rocha. Por último, recomenda-se a vacinação para uma proteção coletiva também, além da individual. “Se a pessoa se vacinou, não fica doente e, assim, não transmite para outras pessoas. É uma forma de haver uma proteção cruzada”, conclui Rocha.

Rede pública oferece vacina

A partir do próximo dia 22, até 9 de maio, a rede pública de saúde oferece a vacina gratuitamente a alguns grupos prioritários. De acordo com a diretoria do Departamento de Epidemiologia da Secretaria Municipal de Saúde de Curitiba, Juliane Oliveira, são eles: “crianças de seis meses a cinco anos (uma novidade neste ano, pois até 2013 eram vacinadas crianças até dois anos só), gestantes e mulheres que tiveram bebês há no máximo 45 dias, trabalhadores de saúde (que atuam em áreas que têm maior risco de transmissão), portadores de doenças crônicas e pessoas maiores de 60 anos”.

De acordo com ela, quando as gestantes começaram a ser vacinadas, em 2012, percebeu-se uma procura pequena, mas que vem aumentando gradualmente conforme as campanhas vão acontecendo, informando os benefícios para as grávidas, principalmente em relação à proteção contra o H1N1. A médica ainda explica que a eficácia da vacina depende do grupo que está sendo vacinado, mas fica sempre numa média de 80%. Mais informações sobre a vacina e a campanha de vacinação gratuita podem ser encontradas no site do Ministério da Saúde (www.saude .gov.br) e também da Sociedade Brasileira de Imunizações (www.sbim.org.br).

Quem não fizer parte dos grupos que têm direito à vacinação gratuita tem duas opções para se vacinar: se informar se a empresa em que trabalha disponibiliza a vacina para seus funcionários ou recorrer à rede de clínicas privadas que oferecem a vacina mediante pagamento. “Existem dados do Ministério do Trabalho que apontam que 5% da população economicamente ativa perde dias de trabalho por causa da gripe em algum período do ano. Isso representa um prejuízo de cerca de R$ 500 milhões por ano. É por isso que muitas empresas já disponibilizam a vacina por conta própria. É o que chamamos de farmacoeconomicamente viável – a empresa não está gastando, está investindo, pois os funcionários continuam trabalhando”. Por sua vez, a dose da vacina em uma clínica particular custa em torno de R$ 80.