Alimentação requer ainda mais cuidado durante o verão

Milho verde, churros, camarão frito, tapioca, água de coco. Essas são apenas algumas das tentações da praia no verão. Mas será que esses alimentos são realmente recomendados para serem consumidos nesta época do ano ou, pelo contrário, deveriam ser evitados? A resposta dos especialistas sempre tende para esta segunda opção. Normalmente, são exatamente esses alimentos os responsáveis por intoxicações alimentares, infecções, viroses e outros distúrbios gastrointestinais, inclusive prisão de ventre, que acomete principalmente as mulheres devido à maior dificuldade que elas apresentam para usar o banheiro em lugares públicos.

“Os problemas intestinais acontecem, é claro, durante todo o ano, mas nesta época acaba sendo um pouco pior porque é período de férias e a alimentação passa por alterações, o que nos dá a percepção de uma piora no funcionamento deste órgão. Além disso, por conta do calor, todo mundo acaba desidratando um pouco mais e, se não houver reposição adequada, ocorre o ressecamento das fezes, o que piora com essa questão emocional de não ir ao banheiro fora de casa”, comenta a endocrinologista do Laboratório Frischmann Aisengart Myrna Campagnoli.

Desta forma, para manter a qualidade no funcionamento do intestino nesses casos, é necessário priorizar as frutas, verduras, alimentos integrais e com fibra e, principalmente, ingestão constante de água e sucos naturais. Por outro lado, deve-se evitar o consumo de doces em geral, farinhas e farofas, frituras, refrigerante e outros alimentos similares, pois eles contribuem com esse ressecamento. “Além da alta concentração calórica, esses alimentos, em especial os que possuem açúcar e os que são ricos em sódio, contribuem com a desidratação e o inchaço também. Por isso, o ideal é dar preferência para alimentos mais facilmente digeridos e ricos em água”, completa a nutricionista Eda Scur. Ela ainda afirma que, além de deixar o intestino mais preso, esses alimentos podem causar dores de estômago e outros incômodos.

Se, por um lado, nesses casos, o intestino acaba ficando preso, por outro, há outras situações em que ocorre o processo inverso – o intestino fica solto, causando até diarreias mais fortes. De acordo com o médico infectologista do Hospital Cajuru Hugo Morales, na maioria dos casos, quando há diarreia e vômito, a causa é uma virose gastrointestinal. “Nesta época do ano, há uma maior quantidade de vírus circulando nesse ambiente do litoral devido à maior quantidade de pessoas na praia, aliada a piores condições de higiene, como em decorrência da falta de água”, explica.

Os casos de virose são mais rápidos do que as intoxicações bacterianas, apresentando os sintomas em um menor espaço de tempo. Para evitá-las, é necessário tomar água só filtrada ou mineral, consumir apenas alimentos bem lavados e dar atenção à higiene pessoal, principalmente das mãos. Outra possibilidade é a famosa intoxicação alimentar. “Nesta época, os alimentos perecíveis estão mais sujeitos à contaminação por bactérias. As comidas estragam mais no calor. O frio conserva mais – é por isso que usamos geladeira. O maior perigo são os alimentos com ovo na composição, como aqueles cremes de confeitaria, que tem mais risco de contaminação”, comenta Eda.

Por isso, ela recomenda que sempre se observe a procedência e a aparência dos alimentos antes de consumi-los, principalmente em relação aos alimentos comercializados na beira da praia. A nutricionista, inclusive, dá algumas dicas ,sobre alguns dos alimentos típicos de praia. “Quando for comprar peixe, tem que ver se o gelo está derretido. Se for comer milho, olhar a aparência da água e a quantidade de sal. E também evitar preparações fritas, priorizando carnes magras. A tapioca está liberada, pois é uma refeição mais leve; deve-se apenas ter esse cuidado de observar o preparo. Os sucos também, mas ainda assim é preciso cuidado com os mais concentrados por causa da quantidade de açúcar”, completa.

Independente de o problema ser uma virose ou uma intoxicação, o tratamento é basicamente o mesmo: hidratação e soro caseiro. Também é necessário procurar ajuda médica com rapidez e evitar a automedicação. Myrna ainda faz um alerta: cuidar da saúde do intestino é importante porque é neste órgão que se concentra 80% do nosso potencial imunológico. “A nossa flora bacteriana é o que nos protege das infecções. Quando existem alterações nela, essas bactérias deixam de fazer essa barreira imunológica natural, deixando-nos ainda mais suscetíveis a elas”, explica.