Tricolor no começo e fim

Ricardinho fez sucesso usando o preto e branco

Azul, vermelho e branco. As três cores estão no começo e no fim da carreira de jogador de futebol Ricardo Luiz Pozzi Rodrigues, o Ricardinho. Em janeiro de 2012, com 35 anos e uma trajetória marcada por vitórias e títulos, presença e títulos na Seleção Brasileira, o meia anunciou a aposentadoria como jogador de futebol. Seu último clube foi o Bahia Esporte Clube. Ricardinho revelou interesse em iniciar nova carreira, de técnico Ele não ficou 24 horas desempregado: foi contratado por outro tricolor, também azul, vermelho e branco, o Paraná Clube, que o revelou para o futebol. “Para superar as dificuldades precisamos de competência e paixão. Ricardinho tem os dois”, disse Celso Bittencourt, superintendente de futebol do time paranaense, que contava com o jogador para recolocar o tricolor outra vez em destaque no cenário futebolístico nacional.

Ricardinho topou a parada, mas condicionou recolocar o Paraná Clube entre os grandes do futebol brasileiro à contratação de reforços. No entanto, no dia 14 de setembro, Ricardinho não suportou o empate do Paraná Clube contra o lanterna da Série B, Grêmio Barueri, em plena Vila Capanema e pediu demissão. Foram 49 jogos no comando da equipe. Ele saiu atirando: “Montamos um time dentro das possibilidades, mas ficaram claras as nossas necessidades. Venho pedindo isso há algum tempo. Temos um time que cria muitas possibilidades de gol e não faz o gol. E isso não aconteceu só hoje. Chega um momento que você precisa de uma qualidade a mais. Isso não foi feito. Pedi à diretoria, listei muitos jogadores dentro das possibilidades”, disse ele.

A direção do Paraná Clube lamentou. E cada um foi cuidar de sua vida. Curiosamente, Ricardinho fez mais jogos como técnico do Paraná Clube, do que como jogador. Como jogador foram 38 partidas e 14 gols. No entanto, o jogador teve tempo suficiente para deixar a sua marca no clube e garantir lugar entre os maiores ídolos paranistas. Num domingo à tarde no Couto Pereira, dia 28 de julho de 1996, o tricolor jogava contra o Coritiba. Bastava um empate para o Paraná conquistar o título de campeão estadual diante de 31 mil pessoas. Faltando dois minutos para o final, num contra-ataque, Paulo Miranda rolou a bola para Ricardinho que de canhota tocou no canto direito do goleiro Anselmo: 1 a 0. Paraná era tetracampeão, com gol de Ricardinho.

O meia também deixou sua marca no título estadual do ano seguinte. Foi no dia 8 de junho de 1997, no estádio Vila Olímpica do Boqueirão, que registrou o seu recorde de público: 17 mil torcedores. Era o jogo de número 425 do tricolor. E ele precisava, mais uma vez, apenas de um empate para ser campeão. O primeiro gol paranista foi marcado aos 3 minutos do primeiro tempo por Ricardinho, que recebeu a bola na intermediária, driblou um adversário, avançou e de fora da área colocou no canto direito do goleiro adversário. Caio Júnior aumentou aos 41 minutos do primeiro tempo e fez o terceiro aos 5 minutos do segundo tempo. Três a zero e o pentacampeonato estava no papo. Ricardinho deixaria o tricolor ainda jovem e com três títulos – os de 1995, 1996 e 1997.

A sua história de jogador com o tricolor não durou mais que dois anos: valorizado, ele despertou cobiça de clubes estrangeiros e em 1997 foi vendido para o Bordeaux da França. Curiosamente, ele ficou apenas um ano no clube francês, retornando ao Brasil para fazer longa carreira e se tornar um dos grandes ídolos do Sport Club Corinthians Paulista. Além de Corinthians, Ricardinho se destacou em dois outros tradicionais clubes alvinegros brasileiros: Santos e Atlético Mineiro. No exterior ele fez 70 partidas e 13 gols por outro alvinegro, o Besiktas de Istambul, da Turquia. Seu nome consta na lista de futebolistas notáveis da história do time turco. Assim como na relação dos grandes jogadores do Bordeaux, que não é alvinegro.

História antiga

Ricardinho teve sorte de começar como jogador num clube que tinha dinheiro, estrutura e projetos ambi,ciosos – era o Paraná Clube. Dezessete anos depois, ele não teve a mesma sorte de começar a carreira de técnico num clube com estrutura semelhante: era novamente o Paraná Clube, mas, desta vez, um clube que há anos amarga crise crônica da qual não se liberta. Aparentemente fechou-se um ciclo de Ricardinho com o clube que o revelou como jogador e lhe deu a oportunidade de começar a carreira de técnico. Mas, no futebol, poucas coisas são definitivas. Talvez um dia os dois se reencontrem novamente, porque a história de Ricardinho com o Paraná Clube é tão antiga que começa antes de o clube existir.

O início da carreira de Ricardinho como jogador foi em 1981 no Esporte Clube Pinheiros. O clube junto ao Colorado deu origem ao Paraná Clube. Ricardinho tinha cinco anos e jogava futebol de salão. O garoto passou por outros clubes e quando houve a fusão entre Pinheiros e Colorado, que resultou na criação do Paraná Clube, ele retornou para o antigo endereço, ainda como jogador de futebol salão que, no entanto, chamava atenção dos técnicos. Foi Octacílio Gonçalves quem promoveu o ingresso do meia em 1995 ao time principal de futebol do tricolor.

A esta altura, o talento de Ricardinho no drible, na armação das jogadas e no passe, além da vocação para liderar em campo, chamava a atenção de todos que o viam atuar. Ele estava com 19 anos e naquele ano foi campeão estadual. Conquistou o título estadual mais duas vezes.

Capitão

Entre os rivais históricos do Corinthians, Ricardinho só não defendeu o Palmeiras. Depois de defender o São Paulo, entre 2005 e 2006, ele defendeu o Santos, onde fez 98 partidas e 29 gols. E não só isso: foi o capitão do time e conquistou o Campeonato Brasileiro de 2004, além de ter conquistado a sua única Bola de Prata concedida pela Revista Placar.

Timão deu sorte

Nas duas vezes em que foi convocado para integrar a Seleção Brasileira, Ricardinho estava no Corinthians. Tanto em 2002 quanto em 2006.

Estrangeiro

O meia teve quatro passagens por clubes do exterior. A primeira foi pelo Bordeaux da França pelo qual disputou 18 jogos e fez um gol na temporada de 1997-1998. A segunda, foi pelo Middlesbrough, em 2004, onde não jogou e por isso mesmo, não fez gol. A terceira foi pelo Besiktas da Turquia, na temporada de 2006-2008, onde fez 70 jogos e 13 gols. A última temporada estrangeira de Ricardinho foi pelo Al-Rayyan, de 2008-2009 onde fez 25 partidas e 10 gols.

Cantou no Galo

Embora estivesse quase no fim da carreira e o Clube Atlético Mineiro fosse seu penúltimo clube (o último seria Bahia, pelo qual disputou 21 jogos e não fez nenhum gol), Ricardinho se deu bem em Belo Horizonte. Ele ficou no Galo de 2009 a 2011, fez 78 partidas e 12 gols. Foi campeão mineiro de 2010.

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