Lendas da Copa

O início da história de Kleberson com o futebol

O Atletiba no Couto Pereira numa quinta-feira, 25 de novembro de 1999, era o primeiro de duas partidas para definir qual clube seguiria adiante na luta por vaga para disputar a Taça Libertadores da América do ano 2000. Os jornais falavam muito em Mozart, do Coritiba, convocado para a seleção Sub-23. No Atlético falava-se em vários nomes: Kleber, Kelly, Lucas e Adriano. A partida foi atípica. No primeiro tempo, um time mandou; no segundo, mandou o outro. Mas o resultado foi uma goleada rara na história do conflito.

O Coritiba abriu o placar aos cinco minutos. Darci cobrou falta; rolou a bola para Luiz Carlos Matos que mandou uma bomba da intermediária no ângulo do goleiro Flávio, que não pode fazer nada, a não ser olhar. O Coritiba teve ainda muitas chances para ampliar o marcador e até golear. Mas é o velho ditado: quem não faz, leva. Terminou o primeiro tempo com uma vitória magra. No segundo tempo, a história foi outra. Aos vinte minutos Cocito mandou uma bomba no ângulo de Gilberto e empatou o jogo. Aos 31, Lucas fez boa jogada e Adriano apenas tocou para desempatar. O Coritiba se perdeu em campo e o Atlético se achou.

O técnico Márcio Araújo não sabia o que fazer e o técnico Vadão soube: ele tirou Lucas e colocou o garoto Kleberson, que era reserva e integrou o elenco profissional naquele ano, vindo de um clube formador de Londrina, o PSTC. O jovem de vinte anos entrou bem. Luizinho fez de falta o terceiro gol do rubro-negro e quando a torcida coxa, desanimada e desiludida, deixava o estádio, Kleberson fez o quarto numa jogada bem costurada na linha de ataque. Era a pá de cal no sonho Coxa de lutar pela vaga, embora houvesse ainda uma segunda partida. Na edição do dia seguinte a Tribuna estampava: “Atlético vira e humilha – Coxa faz um e leva quatro”.

Haveria novo jogo desta vez na Arena da Baixada. Seria o primeiro Atletiba no novo estádio. O Atlético não perdia em casa para o maior rival há 28 anos, quando Leocádio fez o gol solitário da vitória alviverde. A torcida do Atlético fazia festa, ainda mais depois que Kelly abriu o placar. O Coritiba empatou e virou, mas ficou nisso. Mais uma vez Kleberson saiu do banco e deu novo vigor para o Atlético. Era constante no ataque e deixou Lucas na cara do goleiro. O atacante chutou por cima de Gilberto. Mas ninguém lamentou.

Terminada a partida, o Coritiba contabilizou o saldo da partida: quebrou um tabu de 28 anos, mas caiu fora da luta pela vaga para disputar a Taça Libertadores. Na realidade, a temporada de 1999 acabou para o time do Alto da Glória. As contas do Atlético já eram diferentes: tinha pela frente o Internacional, desconfiava que o garoto Kleberson poderia render para o clube tanto tecnicamente quanto em dinheiro no futuro. Além disso, o time começou a achar que a vaga da seletiva para disputar pela primeira vez a Taça Libertadores das Américas não era sonho distante. Todos os cálculos estavam certos. O Atlético foi atropelando os adversários e ganhou a vaga para a competição continental numa disputa final com o Cruzeiro. Quanto a Kleberson, ele construiria no período de três anos uma história de sucesso no clube.

O seu grande ano foi 2001, quando o Atlético se sagrou campeão brasileiro. Kleberson foi um dos nomes decisivos da campanha. Ele liderou a votação para a Bola de Ouro até o final do campeonato, quando Alex Mineiro simplesmente arrebentou: fez um gol contra o São Paulo, três gols contra o Fluminense, três gols contra o São Caetano e o gol do título no segundo jogo contra o São Caetano, em São Paulo. Não tinha como não dar a ele a Bola de Ouro, que tirou das mãos de Kleberson, que, ainda assim, foi escolhido um dos melhores meias da temporada. Ele ficou com a Bola de Prata. Mas não ia parar nisso.

O desempenho do meia no Brasileirão lhe garantiu convocação para disputar a Copa do Mundo de 2002. Ele chegou como reserva, ganhou vaga de titular durante a competição e ao final foi vendido para o Manchester United por 32 milhõ,es de reais. E esta história teve início naquele dia 25 de novembro de 1999, quando o Atlético começou a sonhar alto e viu os seus sonhos realizados. E Kleberson de menino do interior, virou jogador do Manchester United, contratado para substituir David Beckham. Na realidade, ele frustrou todas as expectativas do clube inglês. Mas esta é outra história.

Títulos

Kleberson foi campeão paranaense com a camisa do Atlético nos anos de 2000, 2001 e 2002, no chamado Supercampeonato. E foi campeão brasileiro em 2001 no Furacão. Com a camisa da seleção brasileira ele foi campeão da Copa do Mundo de 2002 (com Felipão), da Copa América de 2005 (com Parreira) e da Copa das Confederações em 2009 (com Dunga). Pelo Manchester United, onde ficou por três anos e fez apenas 28 jogos, foi campeão da Copa da Inglaterra de 2004 e da Supercopa da Inglaterra de 2003. Ele ainda foi campeão da Copa da Turquia pelo Besiktas. Além de conquistar a Bola de Prata em 2001, Kleberson foi o melhor volante do Campeonato Carioca de 2012, com a camisa do Flamengo.

Rubro-negro

Estava escrito que Kleberson ia estourar num rubro-negro. Com 15 anos ele chegou ao Flamengo para participar de uma peneirada para integrar a base do time da Gávea. Foi cortado e voltou para Londrina onde foi aceito no PSTC, clube de japoneses que investia na formação de atletas. Lá ele chamou a atenção e foi parar em 1999 no Atlético, o rubro-negro pelo qual estreou profissionalmente no final do ano, com 20 anos e onde se tornou grande revelação. No ano seguinte, já era considerado um dos principais jogadores do clube. E em 2001, titular absoluto na conquista do Brasileirão.

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