Só tinha Craque

Nos anos 80, Pinheiros teve um timaço duas vezes campeão

Serginho começou a jogar futebol com 12 anos no Operário Pilarzinho sob o comando do professor Nininho. Era 1977. No ano seguinte, estava no Coritiba sob o comando do professor Miro. Quando era para ser registrado no juvenil do Coxa, foi parar no Pinheiros. “O presidente do Pinheiros era o Raul Passos, amigo de pescaria de meu tio Zinaldo e de meu pai Almir. E como a estrutura do clube era melhor que a do Coxa, cujo campo de treino ficava longe, em Santa Felicidade, eu fui parar no time treinado pelo Sr. Amilton Nofke”, conta Serginho. Não foi apenas uma mudança de clube. Mas também de posição.

“Eu jogava de volante, assim como o Amarildo. Mas o Pinheiros tinha um volante muito bom chamado Roberson Foguinho e o professor Amilton me botou para jogar mais adiantado. E como o Amarildo era muito forte, ele mandou o Amarildo jogar de centroavante. E foi assim que eu virei meia-direita e o Amarildo, que depois foi emprestado para o Toledo e foi artilheiro do Campeonato Paranaense em 1983 com treze gols, virou centroavante”, conta Serginho. Para quem estava começando a carreira, ele não podia estar em lugar melhor. Aquela piazada do Pinheiros era boa de bola e muitos craques dos anos 80 e começo dos anos 90 passaram por ali. Foi no Pinheiros que Serginho amadureceu seu futebol e aprendeu a ser campeão.

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Uma das formações vencedoras do Pinheiros com Serginho no time.

“Contando com o tempo de base e profissional, foram quase oito anos no Pinheiros”, calcula ele. E uma coleção de títulos: bicampeão juvenil, tricampeão da Copa Tribuna que era competição tradicional naqueles anos, sem contar que esteve no banco no título de 1984, foi titular no título de 1987, e acumulou mais duas decisões que terminaram com dois vice-campeonatos estaduais para o Pinheiros em 1985 e 1986. “A gente alternava jogos pelo juvenil e no banco dos profissionais”, diz Serginho. Para ele, o divisor de águas entre juvenil e profissional aconteceu em dezembro de 1986 num lugar chamado Figueira, distrito de Ibaiti, no Norte do Paraná. “Carlinhos Neves marcou um amistoso, era final de ano e o pessoal não queria ir. Eu queria jogar, então fui”, diz ele.

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Serginho disputa com Rafael na final do Paranaense de 1986.

Apesar de ser amistoso e apesar de o adversário não ser potência do futebol, o resultado da partida impressionou a comissão técnica e mais ainda o número de gols feito por Serginho. “A gente ganhou de 10×1 e eu fiz sete gols. Na viagem de volta, o técnico Cláudio Duarte sentou ao meu lado e ficou perguntando como estava o meu contrato, porque ele queria renovar e disse que ia precisar de mim na temporada seguinte”, conta Serginho que, nesta altura, estava com idade de 21 para 22 anos. “Eu renovei e a partir daí a minha carreira deslanchou. Em 1987 eu virei titular absoluto e nos fomos campeões”, conta ele. No final do ano, ele estava em alta. No ano seguinte apareceram propostas do Internacional e do Belenenses. “Eu fui vendido para o Belenenses”, diz ele com uma cara de arrependimento.

“O Inter foi vice-campeão da Copa União e eu perdi tempo em Portugal. Fiquei quatro meses no Belenenses jogando amistosos porque eles não pagaram nem a primeira parcela para o Pinheiros. No final do ano eu voltei para o Brasil e o Pinheiros me vendeu para o Grêmio”, diz ele. “No segundo ano não renovei com o Grêmio. Eu tinha três opções: Santos, Fluminense e Coritiba. Optei pelo Coxa porque o time que estava sendo montado era muito bom e porque minha mulher que era daqui estava grávida”, diz ele. No Coxa, foi campeão em 1989 e ficou até agosto de 1990, desemba,rcando em seguida no Paraná Clube, onde fez história.

Cíciro Back
A virada na carreira do Cabeção veio com a vontade de jogar, mesmo em um amistoso no interior do Estado.

Nos pampas

No Grêmio, Serginho reencontrou um amigo dos tempos de Pinheiros, Cuca, que depois viria ser técnico de futebol. O meia foi campeão gaúcho em 1988 e 1989.

Cabeção

Serginho também era conhecido como Serginho Cabeção para diferenciar de outros Serginhos que haviam em sua época. Ele diz que a origem do nome não tem segredo: ‘Era Serginho Cabeção pelo tamanho da cabeça, mesmo’.

Duas furadas

Serginho teve duas experiências com clubes do exterior das quais não tem a menor saudade. A primeira foi a venda para o Belenenses em 1987 que não se concretizou porque o time português não fez a parte principal que era pagar o clube paranaense. A segunda experiência, alguns anos depois, foi no México. O Pachuca estava ascendendo no cenário mexicano e um empresário negociou o atacante brasileiro. “Do jeito que o negócio foi anunciado seria muito bom para mim. Ia ganhar três vezes mais e no final do ano ia pegar um bom dinheiro. Era a minha chance”, diz ele. Ele foi para o México e chegando lá a filha do empresário sofreu um acidente, o sujeito foi para os Estados Unidos e quando ele voltou para retomar o negócio o Pachuca tinha contratado um paraguaio. Sérgio voltou para o Brasil. Aquela do Pachuca machucou, porque Serginho estava bem no Coritiba e acabou perdendo espaço com a frustrada negociação.

Nas dunas

Os dois últimos clubes de Serginho no futebol profissional foram do Rio Grande do Norte. Ele saiu de Londrina e foi para o ABC. Fez um bom campeonato. O técnico Ferdinando Teixeira, que era do ABC, foi contratado pelo rival América e insistiu em levar o atacante para o clube vermelho. “Eu fui, mas, depois de alguns jogos e desentendimentos, eu resolvi parar com o futebol. Tinha feito cirurgia, estava longe da família e achei que já estava na hora de parar”, diz ele. E ele parou. Depois ele tentou ser técnico. Atuou nas bases do Coritiba e auxiliou Caio Júnior no começo da carreira de técnico no Cianorte. Mas ficou nisso.

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