Lenda Viva

Nilo, um dos maiores laterais esquerdos do Sul do Brasil

Só o fato de protagonizar os três maiores momentos de afirmação do futebol paranaense no século 20 o transforma em um dos maiores craques de todos os tempos no Estado. O lateral esquerdo Nilo Roberto Neves esteve no timaço do Atlético Paranaense naquele antológico Torneio Roberto Gomes Pedrosa de 1968, foi convocado no mesmo ano para defender a Seleção Brasileira em um jogo e esteve em campo no primeiro título nacional de expressão de um time do Estado, o Torneio do Povo, conquistado pelo Coritiba, em 1973, na Bahia, justamente no ano em que a Confederação Brasileira de Desportos encampou a competição e a tornou oficial, embora ela nunca mais tenha sido realizada. Depois disso, o futebol paranaense nunca mais foi o mesmo.

Baixinho, robusto e de hábitos frugais e austeros, Nilo era o craque invisível – se em campo aparecia com vigor, pouco se falou fora de campo do lateral esquerdo que veio do Internacional para o Coritiba em maio de 1968, para se tornar um dos ídolos históricos do clube. Ele perdeu as contas dos momentos memoráveis. Mas, pelo menos dois, a história do clube registra com destaque. O cruzamento para o gol de Paulo Vecchio em 1968 foi um deles: “Eu cobrei a falta duas vezes. Na primeira vez o árbitro, o Arnaldo César Coelho, mandou voltar porque Paulista, que foi expulso, ainda estava no gramado. Depois, na segunda cobrança, eu vi o Paulo Vecchio atrás do Bellini, na área. Ele me acenava para jogar a bola na cabeça dele. Eu falei, então vai. Ela foi e ele marcou. O jogo acabou e o Coritiba foi campeão. Foi uma loucura”, relembra.

Tem ainda a campanha impecável no Torneio do Povo em 1973, com quatro vitórias, três empates e apenas uma derrota na fase inicial, para o Bahia, na Fonte Nova, por 1 x 0. Aí veio a segunda fase e o Coritiba ganhou do Corinthians, do Flamengo e empatou com o Bahia na Fonte Nova em 2 gols, no dia 23 de março de 1973. “O juiz meteu a mão na gente. Mas o espírito de luta e vibração daquele time dava gosto de ver. Aquele era um grupo muito fechado, muito unido”, diz ele. O Coritiba jogou com Jairo; Orlando, Oberdan, Cláudio e Nilo; Hidalgo e Negreiros (Dreyer); Leocádio (Reinaldinho), Hélio Pires, Zé Roberto e Aladim. O técnico era o lendário Elba de Pádua Lima, o Tim. O jogo assumiu contornos épicos porque o Bahia saiu na frente, o Coxa empatou, o Bahia desempatou e o Coxa, mais uma vez, empatou. Detalhe: o Coritiba estava com nove jogadores em campo porque Hidalgo, Cláudio e o diretor de futebol Luiz Afonso foram expulsos aos 16 minutos do segundo tempo.