Ficou na vontade

“Minha história poderia ter sido outra no Coxa”, diz Saulo

Ídolo do Paraná Clube, em 1994 Saulo foi para o Alto da Glória. A passagem do jogador pelo Coritiba foi fugaz e como ele classifica, não deu liga. Não vingou, mas ele acredita que poderia ter dado certo. Ele atribui a falta de liga no ataque, embora o clube do Alto da Glória tivesse esperança na dupla Pachequinho e Saulo, ao estilo diferenciado dos dois atacantes. Saulo conta a sua versão: “Acho que foi um equívoco. O Pachequinho tinha um estilo que não combinava com o meu e nem o meu se encaixava com o ele”.

Na prática, era assim: “Pachequinho corria com a bola dominada, era driblador. Eu já trabalhava mais com o toque de bola, com o um-dois. Por isso não deu liga”, diz ele. Resumo da ópera: de acordo com as estatísticas do Memorial do Coxa, Saulo fez apenas uma partida com a camisa do Coritiba. Foi no dia 15 de outubro contra o Mogi-Mirim, no Couto Pereira. O alviverde perdeu por 2×1. Mas Saulo acredita que a história poderia ter sido outra. “Tinha um garoto da base que treinava com a gente e eu gostava do estilo dele. Os nossos estilos se complementavam. Eu pensei que se jogasse com ele a história poderia ser diferente e os gols podiam sair. Eu pedi para o técnico Otacílio Gonçalves escalar o garoto comigo que a gente ia estourar. Ele era bom e o estilo dele combina com o meu”, disse Saulo.

Mas o técnico não ouviu o conselho. “O Otacílio ficou temeroso de lançar o garoto e não dar certo e por isso não o escalou. No ano seguinte veio o técnico Paulo Cesar Carpegiani e apostou no garoto e ele estourou. Mas aí eu já tinha saído do Coritiba”, diz ele. O garoto ao qual ele se referia realmente provou mais tarde ser bom de bola: seu nome era Alex, que depois foi vendido para o Palmeiras, e de lá foi para o Cruzeiro, jogou ainda no Flamengo e se tornou um dos maiores ídolos do Fenerbahçe, da Turquia. E que hoje está volta ao Coxa. Saulo dá um riso maroto e diz: “É o futebol. Futebol tem destas coisas”.

Quase foi embora

Arquivo

“Era para eu ir para um time do México substituir o Butragueño, da seleção espanhola. Mas o dinheiro era quase o que eu ganhava por aqui, por isso fiquei por aqui.”

Gol histórico

No dia 16 de janeiro de 1994, o Paraná Clube enfrentou o Alajuelense da Costa Rica pelo torneio KLM, realizado neste país centro-americano. Era a primeira vez que o tricolor participava de uma competição fora do Brasil. O time perdeu de 2 a 1, mas o centroavante Saulo entrou para a história do clube de Vila Capanema ao marcar aos 22 minutos do segundo tempo o primeiro gol internacional do Paraná Clube.

Gol de campeão

No dia 6 de novembro de 1993, um sábado, o Palmeiras foi a Belo Horizonte e derrotou o Atlético Mineiro por 3×2, no Mineirão, em jogo válido pelo Campeonato Brasileiro. Neste jogo o Palmeiras alcançou a quarta partida sem perder para o adversário. A partida ficou marcada na vida de Saulo porque foi o único gol que ele marcou para o time de Palestra Itália na campanha vitoriosa daquele ano. Ele marcou o primeiro aos 23 minutos do primeiro tempo. “No meu gol eu me lembro que o Edmundo cobrou o escanteio e eu me antecipei e chutei para o fundo das redes”, diz ele sobre aquela partida.

Falta de sorte

Arquivo

Saulo chegou ao Atlético Mineiro para ser o dono da posição, para ser o dono da camisa 9. Mas depois de alguns jogos, ele se machucou e ficou oito meses parado. E o Atlético contratou Gerson, que não só jogava bem como desandou a fazer gols. Enquanto Saulo esquentava o banco, Gerson foi artilheiro em 1989, c,om 19 gols. Se pensar bem, faltou um pouco de sorte para Saulo no Galo.

O começo

“Eu sou de uma família de oito irmãos. Duas mulheres e seis homens. Os seis homens foram jogadores de futebol. Tinha goleiro, que era o mais fraquinho, mas os outros eram bons de bola. Eu joguei três anos no futebol amador de Ouro Preto e sempre fui artilheiro, de 1982 a 1985. O time sempre era campeão regional. Eu fui o único que virei profissional na família porque eu tive a sorte de ser visto por um olheiro do Valeriodoce que me levou para Itabira, onde fiquei mais três anos. Em 85, fiz 15 gols, no ano seguinte fiz 17 e em 87 eu fiz 13, todos pelo Campeonato Mineiro, até que chamei atenção do Telê Santana que pediu a minha contratação”, conta Saulo sobre o início de carreira.

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