Herói, Lori Sandri não esquece o Atletiba de 1971

Para muitos atleticanos, o clássico diante do Coritiba, no estádio Belfort Duarte, no dia 14 de março de 1971, um domingo, foi um dos maiores Atletibas de todos os tempos. Para o volante Lori Sandri, que esteve em campo com a camisa do rubro-negro, foi mais que isso: foi a maior partida de sua carreira de jogador. Ao final, chorando, ele disse: ‘Esta foi a maior vitória de minha carreira. Principalmente para alguém que foi reserva no Rio Branco de Paranaguá’, disse ele. O cara da partida foi Valtinho que tinha vindo do Grêmio de Maringá, mas todo mundo concordava em uma coisa: Lori Sandri acabou se transformando em uma das melhores figuras em campo, embora na saída do gramado, Sicupira tratasse de relativizar as coisas: ‘Hoje todo mundo jogou bem’.

O certo é que se um roteirista de Hollywood tivesse escrito aquele espetáculo de futebol, ele não seria mais emocionante. Dois grandes times, diante de 30 mil torcedores, ofereceram uma apresentação de gala. A Tribuna estampou: ‘Foi sensacional!’. Aos 20 minutos Lucas abriu de cabeça o marcador para o Coritiba, depois de um chute de Rinaldo. Aos 24 minutos, Sicupira foi derrubado por Nico dentro da área, o juiz Eraldo Palmerini marcou pênalti. Nilson foi para a cobrança, chutou forte, a bola bateu no travessão e foi para fora. Célio só ficou olhando a bola ir embora. Aos 27 minutos, Nilson marcou para o Atlético, mas o juiz anulou. E como castigo, aos 29 minutos, Passarinho ampliou. 2 a 0. Parecia que o Coxa ia aplicar uma goleada. E a torcida alviverde fazia grande festa. Foi aí que a história do jogo começou a mudar.

Aos 39 minutos, Sicupira tabelou com Nilson e diminuiu para 2 a 1. E aos 45 minutos, Nilson chutou de fora da área. Valtinho fez o corta luz e deixou a bola passar. Empate no final do primeiro tempo que esquentava o jogo para o segundo tempo. No intervalo o Atlético dirigido pela Djalma Santos e Mauro Ramos anunciou: ‘Ninguém sai, ninguém entra. Vamos voltar com o mesmo time’. E o segundo tempo começou quente. Valtinho a 1 minuto meteu um petardo. A bola foi forte, mas Célio podia pegar – e não pegou. Foi frango, mas valeu do mesmo jeito. Era a virada. E o estádio pegou fogo. Agora só dava Atlético em campo e atleticanos na torcida. Aos 34 minutos, Amauri desceu como quis, cruzou para Sérgio Lopes que não pegou. Mas Nilson escorou de cabeça: 4 a 2. O Coritiba foi para o tudo ou nada. E colocou Paulo Vecchio que aos 39 ainda fez o terceiro do Coritiba. Que partiu para o sufoco, em busca do empate. Que não veio. Mais emoção que aquilo, nem nos filmes de Hollywood.

No dia seguinte, quando o Paraná ganhava um novo governador, Haroldo Leon Peres, que tomava posse no Palácio Iguaçu, a Tribuna escrevia, profeticamente sobre Lori Sandri: ‘Esta vitória ficará marcada em sua memória para toda a vida’. Trinta e três anos depois ele se lembra desta partida e confirma: ‘Foi a maior vitória de minha vida como jogador de futebol’.

Canhoto tardio

Lori Sandri, quando jogador, era destro. Nunca se preocupou em chutar com a esquerda. Foi Armando Renganeschi que o ensinou a chutar com a esquerda.