Craque também precisa de sorte, Buião que o diga

No começo, Buião jogava de ponta-de-lança na categoria infantil. O ataque ainda tinha seus irmãos Zé (centroavante) e Geraldinho (meia-esquerda). “Mas quando eu fui subindo de categoria, o técnico me jogou para a ponta-direita para me preservar. Acontece que os zagueiros na época eram grandes e batiam forte. Na ponta-direita, com a minha rapidez, jogava mais de frente e ficava ruim para eles”, diz Buião. Foi assim que surgiu a primeira chance com o Independente Futebol Clube, time amador de Vespasiano, que disputou a Segunda Divisão de Minas Gerais pela primeira vez com Buião e dois irmãos. O técnico era Afonso Silva, conhecido por Afonso Bandejão, zagueiro várias vezes campeão pelo Atlético-MG – time em que jogou por 15 anos.

Buião se destacou no Independente e Bandejão levou-o para treinar no Atlético-MG. “A sorte sorriu para mim e também para ele”, diz Buião. Um mês depois, Bandejão foi contratado para técnico do Galo e Buião foi contratado para atacante do popular clube mineiro. “Na estreia contra o Paraense, um time da cidade de Pará de Minas, nós ganhamos de 1 x 0 e eu fiz o gol”, recorda. “Eu caí nas graças da torcida e no dia seguinte os diretores do Atlético foram correndo atrás de meu pai, pois o pessoal da diretoria descobriu que tinha um diretor do Cruzeiro na minha cidade tentando dobrar o meu pai, para me contratar”, diz. “Mas como a palavra já tinha sido empenhada, e naquele tempo palavra valia tudo, assinamos contrato com o Atlético”, recorda.

Buião de cara virou ídolo no Atlético-MG. “Realmente, durante quatro anos de Atlético eu fui ídolo e graças a Deus até hoje sou lembrado com carinho pelos torcedores”, diz. “Fiz 34 gols com a camisa do Galo, por que eu era mais de preparar as jogadas. O jogo mais importante que eu fiz com a camisa do Atlético foi contra o Santos, no Mineirão, em 1966. Eu joguei bem e até o Pelé me elogiou”, lembra.

Empresário

“Fui muito feliz quando fui atleta e procurei fazer o meu patrimônio em minha cidade natal, onde possuo uma empresa na área de transportes. Com os 15 por cento de minha venda do Atlético Mineiro para o Corinthians eu investi na criação de uma empresa de transporte escolar. Hoje, a Viação Buião tem 55 ônibus que fazem o transporte de passageiros entre as cidades de Vespasiano, São José da Lapa e Pedro Leopoldo.

Pé frio?

“Não sei o que aconteceu. Não sei se eu fui pé frio ou se fui sempre para o time errado. Mas quando eu fui para o Atlético Mineiro, o adversário era o Cruzeiro, que tinha a máquina campeã de 1965 a 1969. Eram craques como Tostão, Dirceu Lopes, Piazza, Natal, Raul, Hilton Oliveira, Evaldo e outros. Jogadores de Seleção. Aí eu fui para o Corinthians. O grande adversário era o Santos de Pelé, Pepe, Zito, Edu, Coutinho, Clodoaldo e companhia. Daí fui para o Flamengo e o adversário principal era um dos maiores Botafogo de todos os tempos, com craques de Seleção como Gerson, Carlos Alberto Torres, Jairzinho, Roberto, Paulo Cesar Caju e outros. Quando eu fui para o Grêmio de Porto Alegre, era a fase do Internacional, grande campeão com Figueroa, Waldomiro, Batista, e outros. Quando eu cheguei no Paraná, só dava o Coritiba, que tinha estrelas como Zé Roberto, Aladim, Tião Abatia e o goleiro Jairo. Eu acho que sempre estive em bons times, mas numa época em que os campeões eram sempre do outro lado”.

Exemplar

“Eu sempre tive bons treinadores, como Airton Moreira, Marão e Paulo Amaral, no Atlético Mineiro; o Lula e o Osvaldo Brandão, no Corinthians; o Yustrich e o Fleitas Solich, no Flamengo; o Waldemar Carabina, no Atlético Paranaense; o Cláudio Duarte e o Tim, no Colorado. Na realidade, nunca tive problemas com treinadores, pois sempre fui um atleta exemplar.”

Hoje em dia

Nas horas vagas, Buião acompanha ,os treinamentos do Atlético-MG CT do Galo, em Vespasiano, e assume o comando do Valença, o principal time amador de sua cidade. Ele ainda corre atrás da bola, em peladas aos sábados e domingos.