Nivaldo nasceu no dia 1.º de julho de 1955, em Marília-SP, numa família de classe média. Ele tinha um precedente familiar para jogar futebol e pensar em ser profissional. O seu irmão Nilton, dez anos mais velho, era meia-direita do Marília Atlético Clube. Mas ele também tinha um precedente familiar para não descuidar dos estudos. Nilton se formou em Direito. Assim, o garoto foi batendo bola, sem descuidar dos estudos.

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Em 1975, a coisa ficou séria e o Marília o emprestou para o Flamengo. Nivaldo ficou seis meses no Rio de Janeiro, para disputar o Campeonato Carioca juvenil. “Fomos vice, porque o pessoal não dava bola para título. Queria mesmo era se mostrar para a torcida. A gente fazia preliminar dos jogos no Maracanã e os caras só começavam a jogar no segundo tempo, quando a torcida chegava. Era um time que tinha Adílio, Andrade e Júlio César. Só tinha feras, que depois formaram aquele grande time do Flamengo com Zico”, recorda.

Quando voltou para Marília, foi para o time profissional. No começo de 1977, Nivaldo estava no Noroeste, cujo técnico era Wilson Francisco Alves (Capão) que alguns meses mais tarde o levou para o Grêmio Maringá.

No time da Cidade Canção, Nivaldo viveu grandes momentos, mas um extremamente triste. “Ainda hoje, quando eu vou para Maringá e toda aquela região, as duas coisas que eles me perguntam é sobre o meio-campo do Grêmio de 1977 e sobre o acidente naquele jogo entre Grêmio e Colorado, em 1978. Isto ficou muito marcado. Na hora, quando o Valtencir caiu, parecia que não tinha acontecido uma coisa muito grave. O rosto dele estava normal. O médico do Grêmio, o Carlos Sabóia, e o médico do Colorado retiraram ele do campo e a partida continuou até fim do primeiro tempo. O acidente aconteceu quando o jogo estava nos 35 minutos. Quando a gente foi para o vestiário é que ficou sabendo. O pessoal disse: olha, não tem mais jogo. O Valtencir morreu. Aquilo foi um choque”, lembra.

Engenheiro

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“Eu me formei em Engenharia em 1985. Tinha que me formar porque meu pai me deixou jogar futebol, mas nem botou pressão. Ele disse apenas uma coisa: você sabe o que tem que fazer. Eu sabia que ele queria que eu me formasse. Mas foi um sufoco. Eu passei por três instituições, tranquei a matrícula três vezes e demorei onze anos para concluir o curso de engenharia civil na PUC-PR. É muito difícil para um jogador de futebol concluir a universidade. Este é um dos motivos que poucos estudam.”

Palmeiras

“No começo de 1979, o pessoal do Palmeiras foi me buscar em Maringá. Os diretores do Grêmio recepcionaram bem, levaram os caras para uma sauna que havia na Zona Dois, conversaram e disseram: o Nivaldo não está à venda. Mas em março eu acabei vendido porque uma chapa de oposição à diretoria do Grêmio ia dirigir o clube. Os diretores que investiram dinheiro particular na minha contratação tinham que tirar o investimento. O Atlético queria a dupla formada por mim e o Didi, e levou.”

Dinheiro

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“Quem jogou bola até 1992 não ganhou dinheiro. Tanto que o Zico foi ganhar dinheiro quando ele foi para o Japão. Antes disso, havia a inflação e você assinava contrato e três meses depois, dependendo do ano, aquilo estava defasado. Na época, os jogadores queriam fazer contratos trimestrais, mas os clubes não aceitavam. O melhor contrato que eu fiz foi em 1983. Mesmo assim, andei fazendo os cálculos, o contrato foi assinado em março e em setembro de 1983 eu ganhava o equivalente, hoje, a R$ 875,00. Eu mal conseguia pagar meu apartamento, a faculdade e a gasolina do carro.”

Mandinga

“O jogador de futebol é supersticioso. Cada um tem a sua mania. O goleiro Rafael (Camarota) fazia os altarzinhos dele no vestiário. Ele ficava doido se uma bola fosse parar lá e derrubasse a santa. Ele se descontrolava: pronto, pronto, agora vamos perde,r a partida por causa disto. Isto quando ele não aparecia com algumas santinhas e falava pra gente colocar na meia, que era para dar sorte. E tinha que colocar.”