Lendas da Copa

Belletti jogou minutos em 2002, mas foi essencial para o Penta

O Brasil precisava vencer a Turquia naquele dia 26 de junho de 2002 para ir às finais da Copa do Mundo do Japão contra a Alemanha, que havia vencido a Coréia do Sul no dia anterior por 1×0, em Seul. A partida disputada no Saitama Stadium, na cidade de Saitama, no Japão, com público de 61.058 pessoas, era “pegada”, como se diz na gíria dos boleiros. A seleção conseguiu fazer um gol no começo do segundo tempo através de Ronaldo, chutando de bico, mas nada estava garantido. A partir do gol, veio um sufoco dos turcos, que não paravam de atacar. Era preciso segurar a bola no ataque do Brasil – ou da defesa turca – para a defesa brasileira respirar um pouco.

Aos 30 minutos, o técnico Luiz Felipe Scolari tirou Edilson, que jogava bem, para colocar Denílson no lado direito. A função do jogador, emérito driblador, era tentar segurar a bola no ataque. A entrada de Denílson não conseguiu segurar a avalanche turca. Aos 40 minutos, Felipão tirou o paranaense Kleberson do meio campo para colocar outro paranaense, o lateral-direito Belletti. Saía um homem de meio campo, para a entrada de um lateral. A ideia não era reforçar a defesa, mas colocar um jogador descansado para apoiar o ataque no lado direito. Deu certo. Belleti, que entrou com a camisa 13, começou a tocar bola com Denílson, camisa 17. E os turcos tiveram que se preocupar com o lado direito, se não quisessem levar o segundo gol por ali.

Era Belletti quem estava ao lado de Denílson na famosa jogada em que o atacante é perseguido por quatro jogadores turcos, que o encurralam no canto direito do ataque brasileiro. Ele é derrubado por um turco, o juiz marca falta. Belletti cobra. Denílson fica com a bola. Um jogador turco toca para escanteio. Belletti cobra para Denílson. A bola nos minutos finais passou tempo precioso naquela parte do campo, justamente como desejava o técnico Felipão. O jogo passava dos 45 minutos finais e os turcos não conseguiam mais engatar os seus assustadores ataques. Ao contrário, o Brasil começava a ter chances de gol – se Denílson fosse bom finalizador, a Seleção poderia ter ampliado. Até que aconteceu a última jogada: lateral, Belletti foi para a cobrança. Ele cobrou, a bola voltou para o campo e o juiz apitou o final da partida. Foi um sufoco. Mas o Brasil estava, mais uma vez, numa final de Copa do Mundo. Ia enfrentar a poderosa Alemanha.

Estes poucos, mas tensos minutos, foram os momentos de glória de Juliano Haus Belletti com a camisa da seleção brasileira. Ele foi reserva de Cafu, mas poderia dizer que deu a sua contribuição para o Brasil conquistar o pentacampeonato. Belletti jogou ao todo 25 partidas pela Seleção, entre 2001 e 2005. Marcou dois gols neste período. Participou de uma Copa do Mundo e de uma Copa das Confederações. Era lateral-direito, como De Sordi, e viu do banco o Brasil conquistar o título de campeão, como aconteceu com De Sordi. Mas os dois têm mais contrastes que pontos em comum: Belletti nasceu em Cascavel no Paraná enquanto De Sordi nasceu em Piracicaba, em São Paulo. No entanto, o primeiro nunca jogou por um clube do Estado, enquanto o segundo teve seu nome ligado ao futebol paranaense por mais de 30 anos, em especial ao União Bandeirante. Outro contraste, era que De Sordi só não jogou a partida final em 1958, porque estava machucado. Mas jogou todas as anteriores daquele Mundial. Belletti jogou apenas nos minutos finais da partida contra Turquia em 2002 – e só.

Colecionador de conquistas

O paranaense Belletti é um colecionador de títulos pelos times que defendeu. Pelo Cruzeiro, conquistou a Copa Master da Supercopa (1995), Copa Ouro (1995), Copa do Brasil (1996) e o Mineiro (1996). Pelo Atlético Mineiro, ele conquistou o Campeonato Mineiro de 1999, além de ser vice-campeão brasileiro no mesmo ano. Pelo São Paulo, o jogador conquistou a Copa dos Campeões Mundiais (1996), três Paulistas (1998, 2000 e 2002) e o Torneio Rio-São Paulo (2001). Pelo Villareal, conquistou a Copa Intertoto da UEFA (2003). Pelo Barcelona, venceu a Liga dos Campeões (2005/06), a Supercopa da Espanha (2005 ,e 2006) e o Espanhol (2004/05 e 2005/06). Pelo Chelsea conquistou a Copa da Inglaterra (2008/09 e 2009/10), a Supercopa da Inglaterra (2009) e a Premier League (2009/10). Pelo Fluminense, conquistou o Brasileiro de 2010. Sem contar, claro, a Copa de 2002 pelo Brasil.

Contrastes

Belletti jogou grande parte de sua carreira no exterior, disputando 266 partidas pelo Villa Real, Barcelona e Chelsea, enquanto outro lateral que atuou no futebol paranaense e defendeu o Brasil numa Copa do Mundo, De Sordi, sempre jogou no Brasil, quase sempre no São Paulo. Em comum, os dois tiveram ligação com o tricolor do Morumbi.

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